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“Não existe depilação definitiva. Isso é mentira!”
- 12/12/2011Quase sempre por desconhecimento, muitos acreditam que depois de algumas sessões sob as altas temperaturas do laser estarão livres dos pêlos para sempre. O doutor Paulo Barbosa afirma que quem garante isso é mentiroso.
Por Heider Mustafá
Com o advento do laser para o tratamento estético apareceram as promessas de que qualquer
pessoa poderia deixar de conviver com os incômodos pêlos que demandam tempo e dinheiro para serem arrancados. Dermatologista, pós-graduado na Espanha, conselheiro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e membro da Academia Eueopeia de Dermatologia, Paulo Barbosa realiza o procedimento há 15 anos, em sua clínica no bairro do Itaigara, em Salvador. Nesta entrevista ele conta os mitos e as verdades deste tipo de depilação.
Impressão Digital 126 – Com tantos lugares oferecendo depilação a laser o que deve ser observado para escolher o mais adequado?
Paulo Barbosa – A máquina de laser é uma arma que queima e o procedimento é invasivo. Antes de qualquer coisa, o cliente tem de procurar saber se o lugar onde ele pretende ir possui autorização da Anvisa para funcionar e se o profissional que faz o procedimento é um médico. Hoje em dia, percebemos a banalização dos métodos. Em qualquer esquina se vê propagandas de biroscas apregoando tratamentos barateados, com máquinas contrabandeadas e sem nenhum tipo de segurança. O resultado são clínicas dermatológicas lotadas de pacientes com queimaduras causadas pelo mau procedimento.
ID 126 – Quais são os cuidados mínimos que devem existir para garantir o sucesso da depilação?
PB – Não se deve aplicar o laser em uma pele bronzeada, por exemplo. Isso aumenta as chances de manchas e queimaduras. A Bahia é uma terra muito quente, de muito sol, e por isso é preciso cuidado com o tipo da pele do paciente para que acidentes graves sejam evitados.
ID 126 – E a promessa de depilação definitiva?
PB – É uma grande mentira. Eu manuseio aparelho de depilação a laser há 15 anos e tem gente que repila [os pêlos voltam a nascer]. É possível afinar ou diminuir o pêlo, mas nunca eliminá-lo completamente. É por isso que eu chamo de depilação prolongada. Se alguém te prometer uma depilação definitiva, faça um contrato e peça para o dono da clínica assinar. Se o pêlo voltar, você faz novas sessões gratuitas ou pede o dinheiro de volta. Duvido que alguém se comprometa.
ID 126 – O resultado da depilação depende da cor da pele?
PB – Sim, depende da pigmentação. A pele morena, que possui mais melanina, é mais complicada, tem mais chances de manchar ou marcar. Mais um motivo para se ter cuidado ao submeter-se a um tratamento desse tipo em qualquer lugar.
ID 126 – No mercado, já existe a fotodepilação, que dizem ser praticamente indolor e mais eficiente que o laser. O que o senhor tem a dizer sobre essa nova técnica?
PB – A fotodepilação é feita por máquinas de luz pulsada, que teoricamente agride menos que o laser. Mas para ser bom, o equipamento precisa ter recursos que protejam a pele do indivíduo, como comprimento de onda, filtros e resfriadores adequados e algumas máquinas não possuem nada disso. É aí que mora o perigo.
ID 126 – Qualquer pessoa pode fazer depilação a laser?
PB – Mulheres grávidas e pacientes com psoríase, vitiligo, dermatomiosite e doenças do colágeno (como lúpus), por exemplo, não devem se submeter a este tipo de tratamento.
ID 126 – Há alguma região do corpo que não deve ser depilada?
PB – Não. A depilação pode ser feita em qualquer área. A atenção é ao realizar o procedimento em grandes regiões. Isso porque quanto maior é o sítio, maior é a quantidade de pomada anestésica, o que pode gerar problemas cardiorrespiratórios no paciente.
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