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“O repositório é também um instrumento de trabalho”
- 12/12/2011
Para o professor Marcos Palacios, é preciso criar cultura nos pesquisadores da universidade para que eles contribuam com a ferramenta
Por Vitor Andrade
Para Marcos Palacios, professor titular da Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal da Bahia, o Repositório Institucional é uma ferramenta viva que possibilita a interlocução com outros locais de armazenamento de trabalhos científicos. Porém, para isso, segundo ele, é preciso criar a cultura nos pesquisadores da universidade para que eles contribuam com o repositório.
Palacios tem doutorado em Sociologia pela Universidade de Liverpool, da Inglaterra. Já atuou no jornal Tribuna da Bahia entre 1969 e 1972 e, atualmente, dá aulas na graduação na disciplina Oficina de Comunicação Escrita, no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas e coordena o Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line (GJOL), que é um dos grupos referenciais e mais antigos do país na investigação sobre jornalismo on-line.
Foi Palacios quem orientou Flávia Rosa em sua tese de doutorado que resultou no Repositório Institucional. Para saber mais informações deste acadêmico, basta acessar seu Currículo Lattes, já que ele acredita que essa ferramenta também é importante para a divulgação do trabalho científico.
Impressão Digital 126 – Qual a importância de se preservar a memória da produção científica e artística da UFBA com o repositório?
Trecho Entrevista com Marcos Palcios – Pergunta 1
Leia abaixo a íntegra da entrevista como o professor Marcos Palacios.
ID126 – O senhor acha que a web um dia chegará a substituir as bibliotecas físicas?
Marcos Palacios – Essa é uma questão muito controversa que desde que a internet começou acho que essa pergunta é feita. Essa futurologia é muito perigosa. O que nós podemos observar nesse momento é que nós temos a consciência dos tipos de suporte. Nós temos livros digitais cada vez sendo editados num número maior. A própria editora da UFBA é uma editora universitária pioneira no sentido de disponibilizar as versões dos livros editados em papel, também na web. Mas, o que nós temos também, paralelamente, é um imenso crescimento no número de títulos impressos publicados no mundo. O que nós podemos observar nesse momento é uma convivência dos dois formatos. Se o livro impresso e as bibliotecas impressas vão desaparecer isso é coisa para o futuro ainda distante. De qualquer maneira, eu acho que bibliotecas como a Biblioteca do Congresso Norte-Americano e as grandes bibliotecas das instituições públicas em todo mundo deverão ser preservadas, ainda que, num determinado momento do futuro, possa desaparecer a impressão em papel e passarmos a ter o livro circulando em diferentes suportes.
ID126 – Quais os benefícios que o repositório pode trazer?
MP – O repositório tem duas funções. A primeira é a preservação da memória, num sentido muito amplo de preservação de memória da UFBA. Mas ele não deve ser entendido só como um instrumento memorialista. Ele é um instrumento de trabalho. Porque é no repositório que devem ficar armazenados os trabalhos acadêmicos, tanto os trabalhos já terminados, como também os trabalhos em andamento. Isso tudo deve ir para o repositório para que ele funcione como um espaço de armazenamento vivo que possa ser utilizado a cada momento pelos pesquisadores da UFBA e de outras universidades do Brasil e do mundo. Esse processo de repositórios é também uma forma de abertura da produção científica, de possibilitar o acesso universal, livre, gratuito. É uma forma também de prestação de contas do que nós fazemos aqui na universidade, já que as pesquisas na UFBA são financiadas com o dinheiro público e, portanto, é justo que o resultado das pesquisas sejam colocados à disposição do público.
ID126 – Há muitos usos que a web pode oferecer que o meio acadêmico ainda não utiliza?
MP – O repositório ainda é uma coisa relativamente nova. Apesar do repositório da Ufba ter sido premiado como o repositório com mais utilização e com mais crescimento, no período em que foi analisado, ele ainda é muito novo e é preciso criar entre os membros da comunidade da Ufba a cultura de utilização do repositório. Cada pesquisador pode ter o acesso direto a esse repositório. É importante também que o repositório comesse a dialogar como outros espaços de armazenamento. Eu sempre insisto que o Currículo Lattes é um espaço de armazenamento muito importante porque ali nós colocamos toda a pesquisa, toda a publicação, todos os trabalhos em andamento, os projetos, etc. Grande parte desse material está disponível on-line e tem links no Lattes. É preciso que, também, os repositórios passem a recolher informação nessas outras bases de dados acadêmicas onde nós estamos disponibilizando material. Isso para não duplicarmos, triplicarmos, o trabalho de divulgação, senão desanima o pesquisador.
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