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24 horas conectados, sete dias por semana
- 04/07/2012Os smartphones são símbolo de uma nova geração que está sempre ligada e precisa se comunicar a todo momento
Camila Giuliani e Fernanda Soares
Em casa, no trabalho, no trânsito, em qualquer lugar sempre tem alguém com o celular à mão. Sim, à mão, na altura dos olhos, não nos ouvidos. Quando, até o ano passado, a grande maioria das pessoas apenas falava ao celular, hoje, vê-se pessoas lendo, comunicando-se por mensagens, atualizando status em redes sociais, buscando informações na internet, através do pequeno aparelho portátil. Estar conectado 24 horas por dia virou uma necessidade. O próximo instante sempre pode ser o mais importante da sua vida e, claro, tem-se que estar a par de tudo.
Segundo dados da Anatel, o Brasil terminou maio de 2012 com 55,4 milhões de celulares 3G, sendo 45,2 milhões aparelhos com a tecnologia WCDMA e 10,2 milhões de terminais de dados 3G (21,7% dos celulares do Brasil são 3G). A facilidade de se obter esse tipo de serviço, o barateamento dos custos e o crescimento de aplicativos e serviços oferecidos para serem consumidos apenas pelo celular têm incentivado a adesão ao serviço.
Há dois anos, Rafael Silvany, consultor de Melhoria de Performance Empresarial, comprou seu primeiro smartphone, desde então, não sabe mais como ficar sem. O dispositivo trouxe facilidade para consumir notícias, comunicar-se com amigos, família e colegas de trabalho, através de e-mails e mensageiros instantâneos, como o WhatsApp. Já Fernanda Bittencourt, médica, adepta do serviço há sete meses, utiliza não apenas para comunicar-se com as pessoas, mas também para tirar dúvidas relacionadas a diagnósticos e tratamentos médicos pelos aplicativos Medscape e Epocrates. Para Eduardo Guerra, analista de sistemas, acessar informações sobre o trânsito, através do aplicativo Waze, é uma grande vantagem.
Essa mobilidade proporcionada pelos dispositivos, além de modificar o modo de viver nas cidades, também afeta, por exemplo, o fazer jornalístico, trazendo para a profissão maior agilidade, principalmente no processo de produção da notícia.
Para Rodrigo Nejm, psicólogo e doutorando em Psicologia Social pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), a ampliação do acesso a dispositivos como os celulares, oferece elementos para fazermos escolhas mais complexas. “Temos mais autonomia, mais alternativas para explorar melhor o espaço, de forma mais complexa e interativa” acredita. Entre os exemplos, cita o compartilhamento de informações a respeito do trânsito, que pode nos fornecem elementos de como nos posicionar na cidade, pois não ficamos restritos à presença física.
É difícil negar que os smartphones trazem grandes facilidades para o dia-a-dia das pessoas. Mas, em alguns momentos, o uso pode ser excessivo. Há quem, mesmo estando em um ambiente com amigos, não deixa o celular de lado um minuto e só atualiza suas redes sociais, em vez de entreter-se com a conversa que está acontecendo pessoalmente. “São pessoas que têm a necessidade de tirar uma foto daquele momento, somente para postar em alguma rede social. Isso é o que mais irrita”, pontua a médica Fernanda.
Já o psicólogo Rodrigo Nejm acha que o celular acaba sendo uma das forma de socializar. “É muito bacana quando a gente consegue fortalecer laços sociais que são anteriores à tecnologia”, diz. Já nas relações profissionais, ele acredita que a grande mudança está no limite entre o horário de trabalho e o de lazer, pois, ao mesmo tempo em que dá mais agilidade para resolver problemas, é preciso ter uma vigilância do ponto de vista do equilíbrio. “Antes dos celulares e dos computadores, o tempo de trabalho era quase que igual ao tempo de presença no escritório, o tempo de trabalho, hoje, é a qualquer hora, há uma flexibilização. Não existe mais a restrição ao ambiente de trabalho”, acrescenta.
Quando as facilidades viram excesso Rafael Bittencourt, servidor público, não fica mais de 15 minutos sem checar seus e-mails e acredita que, desde que adquiriu seu smartphone, a maior facilidade foi manter contato com a família e amigos o tempo inteiro. “Estou sempre ligado”, diz. Ele reconhece o exagero e afirma que quem mais reclama é sua namorada, que às vezes afirma ser trocada pelo celular.
Nejm alerta que é preciso levar em conta como o uso que a pessoa faz traz prejuízos para sua vida social e para sua saúde. “Fortalecer os laços sociais(através destes aparelhos) pode ser muito bom, mas tem o outro lado, pois podem substituir a relação presencial”, pontua. O psicólogo, porém, acredita que é um equívoco pensar que fortalecer os laços sociais através do uso da tecnologia enfraquece o encontro presencial, ao contrário. “A internet é mais um elemento da vida, faz parte do cotidiano”. Tudo depende da apropriação que se faz dela.
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