Salvador e a “esquizofrenia da pólis”
- 11/09/2013Termo criado por Isaías Neto deu nome à exposição sediada no MAM-BA sobre o desenvolvimento urbano do estado
Gabriela Cirqueira e Karen Monteiro
O nome da exposição “Esquizópolis”, no MAM-BA, é referência ao termo homônimo criado pelo arquiteto e urbanista Isaías de Carvalho Neto. Junção das palavras “esquizofrenia” e “pólis”, a expressão é uma descrição do cenário atual da capital baiana a partir de uma condição sensorial vivida pelos moradores em relação às condições urbanas da cidade. No livro “Memória urbana: poética para uma cidade”, o arquiteto alia, através de imagens e relatos, elementos da própria história ao crescimento de Salvador no século XX, especialmente entre os anos 1910 e 1970, em que o processo de urbanização estrutura uma outra dinâmica para a capital.
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Durante a apresentação do livro, em programação educativa da exposição “Esquizópolis”, Neto destaca a criação do termo em 1993 e sua referência, ainda atual, com a capital baiana. “O uso da palavra ‘Esquizópolis’ coincide com o momento em que Salvador perde a condição de área central. Acho que a centralidade, em qualquer lugar do mundo, é uma referência fortíssima para que as pessoas se situem no espaço. Uma característica da esquizofrenia é justamente se manter uma relação irreal com o mundo que te situa.” Segundo dados do IBGE, a taxa de urbanização em Salvador só começa a crescer a partir da década de 40. Para o historiador Belisalvo Patrício, até o ano início do século XX, a cidade não havia passado por grandes transformações urbanas até a criação do Escritório de Planejamento Urbanístico da Cidade do Salvador (Epucs), em 1943.
“Com a criação do Epucs, atual Sucom – Superintendência de Controle e Ordenamento do Solo do Município -, a capital baiana finalmente passou a ser vista em sua totalidade, o planejamento visava melhorar as condições de vida da população, tanto nos aspectos do zoneamento e saneamento, como do sistema viário, posteriormente com intenso investimento no sistema de avenidas, como alternativas para melhorar o trânsito”, ressalta Belisalvo Patrício.
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