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A música que cura
- 11/09/2013Musicoterapeutas falam sobre os benefícios da música em diversas áreas
Cátia Lima e Lilian Galvão
Com a utilização da música ou de seus elementos como som, ritmo e melodia, crianças, jovens e idosos podem alcançar uma melhor interação social e benefícios para a saúde por meio da musicoterapia. A prática existe no Brasil há mais de 40 anos e vem crescendo em vários setores no estado da Bahia.
Segundo Fabrícia Santana, musicoterapeuta e secretária da Associação Baiana de Musicoterapia (Asbamt), a musicoterapia ajuda a melhorar a comunicação, a auto-expressão e a autonomia das pessoas. “Na área hospitalar é notória a mudança de comportamento das crianças, porque elas aceitam com mais facilidade o tratamento, criam vínculos com a equipe e colegas de quarto e ganham uma qualidade de vida melhor diante das limitações do internamento”, disse.
A musicoterapeuta, que atua na área de saúde, explica que pacientes com retardo mental são os mais beneficiados com a prática. “Recebo crianças com autismo, retardo mental, hiperatividade, atraso ou disfunção na linguagem e os resultados têm sido positivos. A música atua neurologicamente facilitando o desenvolvimento das crianças e elas conseguem desenvolver a fala e superar outras dificuldades, tocando e cantando”, completa. A Asbamt, que congrega profissionais e estudantes de Musicoterapia é regida pela União Brasileira de Associações de Musicoterapia (Ubam).
O músico, professor de Psicologia da Faculdade Castro Alves e membro do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Musicoterapia, Leonardo Cunha, fala que, além de uma formação musical, a prática exige conhecimentos como medicina e reabilitação. “A musicoterapia tem essa característica multidisciplinar. É bastante útil no tratamento de pessoas com autismo, deficiências sensoriais e de aprendizado, na reabilitação neurológica e em pacientes hospitalizados em UTIs, oncologia, aids e hemodiálise. A música também serve para aliviar a dor e reduzir a ansiedade”, explica o músico.
Benefícios – Formado por vinte mulheres na faixa dos 50 anos, o coral Mulheres Encantam tem uma função terapêutica na vida dessas pessoas que cantam para espantar seus males, tanto físicos quanto emocionais. “O coral é a coisa mais importante que aconteceu em minha vida. Hoje não me estresso com nada e não vou mais à emergência do hospital com crises de asma”, diz a dona de casa Verilda Araújo, 60 anos, que participa do grupo há sete anos.
Celina de Souza, 54, fala sobre a melhora do seu filho Alan Cardec com o uso da música. Autista e com dificuldade de locomoção, aos 13 anos ele ainda não falava quando começou suas sessões de musicoterapia. “Com a musicoterapia ele teve um grande progresso, quebrou os bloqueios e passou a interagir com outras pessoas”, afirma Celina.
Segundo a musicoterapeuta e especialista em medicina comportamental, Marilena Nascimento, há uma grande demanda de pacientes que necessitam do tratamento musicoterápico. “Pesquisas indicam que dez por cento da população de qualquer país sofre de alguma deficiência física, mental ou visual.” Ela explica que o planejamento terapêutico é desenvolvido de acordo com a necessidade do paciente: “No atendimento a crianças serve para melhorar a atenção, concentração e convívio social. No adulto com traumatismo craniano ou Acidente Vascular Cerebral (AVC), a questão principal é a recuperação da fala, da linguagem e a música tem ótimos resultados nesses casos”, conta.
Apesar de a musicoterapia ser uma profissão que vem crescendo e ganhando o seu espaço, principalmente dentro da área de reabilitação, hoje há apenas cursos de especialização na Bahia. Atualmente, existem mais de 200 instituições no Brasil onde musicoterapeutas atuam, em sua maioria vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Além do setor de saúde, o profissional pode trabalhar na educação e em empresas, na seleção e integração de funcionários.
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