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“Meu sonho é trabalhar no IML”
- 13/12/2013ID126 foi a campo conhecer de perto a rotina profissional de pessoas que trabalham em atividades geralmente pouco conhecidas que lidam diariamente com a morte
Renata Pizane e Virgínia Vieira
Lidar com a morte diariamente também já não parece assustar Deomar Saldanha, 43, que deixou o município de Quixeramobim, no Ceará, para desempenhar uma função incomum no mercado de serviços fúnebres de Salvador: ela é técnica em tanatopraxia – especialidade que realiza higienização e conservação do cadáver a partir da aplicação de substâncias bactericidas que evitam a decomposição e permite que o corpo seja velado por um tempo maior, atendendo ao pedido da família da pessoa morta.
“Dependendo do tempo que o corpo precisa ficar conservado, o meu trabalho pode levar até quatro horas para ser concluído” conta. Ela explica que pode manter o corpo em bom estado por até três meses aplicando um produto que possui formol, álcool e glicerina, numa quantidade adequada, através da artéria mais calibrosa (de maior diâmetro) do corpo. Esse produto é transportado para os diversos tecidos do corpo, substituindo o sangue e melhorando a aparência externa da pele.
Todo procedimento é feito numa sala específica, chamada tanatório, onde é obrigatório o uso de equipamento de proteção para evitar contaminação: calça, blusa, bota, macacão, dois tipos de luvas, gorro, proteção facial, óculos e aspirador. Um profissional como Deomar ganha entre R$ 1.800 e 2 mil reais em média e pode receber comissão por cada serviço.
A tanatopraxista veio para Salvador através de uma rede de serviços funerários do Ceará, que possui uma franquia no bairro de Cajazeiras. A empresa é a única autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para fazer esse tipo de trabalho na Bahia. Sua rotina de trabalho se estende até às 17h e, à noite, ela fica de sobreaviso, podendo ser requisitada a qualquer momento. Isso porque ela é a única habilitada para o serviço de tanatopraxia na funerária, que custa em média R$ 550.
Com mais de sete anos de atuação na área, e com cursos na área de necropsia e tanatopraxia avançada realizados em três estados, Deomar tem verdadeiro fascínio pela morte. Nas horas vagas, ela costumava visitar o IML para assistir as necropsias e se aperfeiçoar na técnica de examinar um cadáver. “Meu sonho é ainda trabalhar no IML”, diz.
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