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Pandeiros e repiques silenciados no Engenho Velho da Federação

- 13/07/2011

Violência e falta de apoio público põe fim ao festejo junino no bairro

Por Joseane Rosa e Renê Santos

Orlando Barbosa, coordenador da Associação de Moradores do Engenho Velho da Federação Foto: Joseane Rosa

O tempo áureo do samba junino começou a ter fim na metade dos anos 90 no Engenho Velho da Federação. Por conta da violência, desde 2005 que os moradores não podem mais festejar no próprio bairro. Segundo Orlando Barbosa, coordenador geral da Associação de Moradores do Engenho Velho da Federação, o festival reunia muita gente que vinha de outros bairros da cidade, mas com o crescimento da violência, alavancado principalmente pelo tráfico de drogas, o evento foi perdendo força. “O samba junino deu lugar as quadrilhas (de bandidos)”, sentenciou.

Outro aspecto destacado por Orlando Barbosa é que as pessoas agora saem do bairro para brincar o São João ficando as ruas vazias. “Elas vão para o Pelourinho ou viajam para as cidades do interior, bem diferentes de anos atrás em que ficava lotado. Hoje, as ruas estão vazias. “Os moradores têm medo de sair de casa por causa da violência”, desabafa Orlando Barbosa.

Apesar de a violência urbana ser apontada como a principal causa do término da festa, a falta de apoio do poder público nesses anos também contribui para seu fim. Apenas nos últimos que o evento recebeu incentivos da prefeitura de Salvador. Em 2005, ano que acabou o festival, a organização recebeu 30 mil reais da Fundação Gregório de Mattos. Questionado se gostaria de ter de novo a festa no bairro, Orlando Barbosa foi enfático ao dizer que não. Para ele não vale a pena em virtude da violência no Engenho Velho da Federação. “Gostaria de resgatar o Festival de Samba Junino se não tivesse a violência, para a comunidade não precisar ir para o Pelourinho, nem viajar para o interior”, disse.

O festival foi pródigo em revelar grupos de samba nos três palcos montados pelo bairro durante a festa. Apresentavam-se na época bandas como Pião Doido, Revelasamba, Os Negões, Prego Duro e Samba Scorpions, dos quais saíram nomes hoje bastante conhecidos na música baiana. Entre eles, Tatau, ex-vocalista do Araketu, que comandava na época o Samba Scorpions, grupo mais conhecido e prestigiado pelo público na época. Outro famoso que já participou dos festejos do samba junino no Engenho Velho da Federação foi o ex-vocalista do Terra Samba, Reinaldo.

Festival do Sambo Junino no Engenho Velho da Federação na década de 90 Foto: Arquivo pessoal

Histórico – Não foi o “pagode russo” como diria o Rei do Baião Luiz Gonzaga, mas o samba junino que invadiu as ruas do centro de Salvador e dos bairros populares nos festejos de São João e São Pedro. O estilo musical que dá o tom das festas nesse período, seja o forró tradicional, trio musical composto por sanfona, zabumba e triângulo, ou eletrônico deu lugar ao som do pandeiro e da percussão.

Segundo a presidente da Federação do Samba Junino, Joselita Sacramento, o samba duro é uma vertente do samba tradicional. Ele se diferencia do samba de roda do Recôncavo da Bahia e do samba enredo por seu ritmo e a harmonia mais acelerados e de batidas fortes. Conforme a presidente da federação, o ritmo surgiu na década de 1970 no Engenho Velho de Brotas durante a trezena de Santo Antônio na casa de sua avó. “Depois da reza fazíamos a festa aqui na entrada de casa, todos curtiam e dançavam”, afirma Joselita. Na mesma época passa a acontecer o Festival de Samba Junino no Engenho Velho da Federação.

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