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O avanço da ética ambiental
- 13/07/2011Os problemas ambientais estão alterando os valores e o comportamento das pessoas
Por Rafael Brandão
A questão da ecossustentabilidade é um dos temas que mais estão em pauta atualmente. Mas nem sempre foi assim. Apenas em 1972, em Estocolmo, aconteceu a primeira grande conferência mundial sobre o tema. A constituição brasileira de 1988 foi uma das primeiras a dedicar um de seus capítulos ao meio ambiente.
Temas como o aquecimento global – e sua relação com os apocalípticos desastres ambientais, cada vez mais recorrentes – ou a previsão de esgotamento de certos recursos naturais têm sido veiculados em ritmo crescente, despertando a atenção pública. Mas o que mudou?

O tema passou, definitivamente, a integrar as agendas políticas de governos e organizações diversas. Várias instituições, órgãos e ministérios que não existiam há algumas décadas foram criados com o objetivo de regular e legislar sobre as questões ambientais. Fóruns ou encontros de políticos e cientistas têm acontecido recorrentemente, em escala global, com o objetivo de deliberar sobre o assunto.
Além da busca por soluções a partir do conhecimento das ciências naturais, muitos debates giram em torno de questões culturais e éticas. Como incutir, na população em geral, a noção de que os problemas ambientais são relevantes, urgentes e necessitam da colaboração de todos para ser resolvidos? Assim como em qualquer assunto que envolva convicções éticas, além da simples existência das leis ambientais é preciso que as pessoas compartilhem os seus princípios e mudem seu comportamento.
De acordo com Daniel Von Rondon, mestre em engenharia ambiental e professor de saneamento ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, a maioria das pessoas não tem noção do impacto individual que cada um causa ao meio ambiente – apesar de conhecer a gravidade do assunto devido à grande divulgação midiática.
“A maioria atribui os problemas ambientais, hoje alarmantes, às grandes empresas ou ao descaso do poder público. É um trabalho árduo, talvez essa consciência só apareça quando o problema estiver na porta de nossas casas”, declara Daniel, acrescentando que as mudanças de comportamento ocorridas em virtude da preservação do meio-ambiente são evidentes, mas ainda restritas a pequenos grupos de pessoas.
O professor diz que, no ramo empresarial, a mudança de mentalidade é mais evidente: “A tendência é que haja relações apenas entre empresas que são ambientalmente certificadas. Aquelas que não são correm o risco de ficar fora do mercado”.
Para Daniel Rondon, a melhor forma de disseminar e solidificar uma cultura que valorize os problemas ambientais está no envolvimento de todos na solução das questões, através da formação de cooperativas ou associações de bairro com o objetivo de promover ações como coleta seletiva, economia de água e energia ou valorização das áreas verdes.
“É no convívio comunitário que desenvolvemos nossas noções éticas. Assim, por mais que sejam pequenas ações, o envolvimento é necessário para que possamos nos sentir parte desse processo e percebermos a importância da preservação dos recursos naturais. Afinal, dependemos deles para nossa sobrevivência”, sentencia Daniel.
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