Tags:dinheiro, esta pode ser a sua história, sucesso, trabalho informal
“A gente que é pobre não sonha em ser rico”
- 21/11/2011A equipe do Impressão Digital 126 saiu às ruas para descobrir se a população soteropolitana se considera bem-sucedida
Por Laís Gomes e Renato Oselame
Tarde de domingo na região do Iguatemi, em Salvador. Centenas de pessoas atravessam a passarela para a estação de ônibus ou em direção ao shopping. É quase impossível ser visível em meio a tanta gente, é preciso acelerar o passo e não parar, sob pena de atrapalhar o fluxo. As pessoas não passam de um borrão ou um rápido flash. Estas são as histórias de vida que não estão em exposição.
E elas surgem e se apagam depressa diante de seus olhos. Tratam-se de pessoas que você talvez nunca mais veja ou, se chegar a ver, talvez sequer lembre que já as viu antes. O tempo chega a ser injusto: não dá para conversar, compartilhar histórias. Estas pessoas só vivem para você durante um segundo. E você também nada é e nada virá a ser para elas. Chegamos a ser não-pessoas, somos os obstáculos entre o ponto A e o ponto B.
Abandonamos a passarela e as pessoas tornam-se mais perceptíveis. Vendedores ambulantes, motoristas, taxistas, seguranças, policiais, uma infinidade de profissionais e estereótipos para desvendarmos. Todos trabalhando no domingo, por causa do grande movimento na região – estariam eles se sentindo bem-sucedidos? Fomos descobrir.
A primeira entrevistada foi Verônica, uma gari que encontramos engajada numa tarefa das mais impossíveis: manter a região limpa. Apesar do desafio, ela se vê feliz no trabalho – e se declara bem-sucedida.
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Em seguida, encontramos Lucineide, colega de trabalho de Verônica, descansando encostada numa mureta da praça . Aos olhos do mundo, ela é invisível, jamais um exemplo de sucesso. Mas Lucineide quer crescer.
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Já Vado, vendedor ambulante, afirma que ser bem-sucedido significa ter uma vida confortável. E relaciona sucesso com o poder de escolher seus representantes políticos e manter o próprio negócio que, embora informal, traz-lhe mais lucros do que se tivesse uma lojinha no bairro em que mora.
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Claudir, um taxista, acostumado a transportar pessoas de diversas camadas sociais, declara-se um indivíduo sem sucesso. “A gente que é pobre não pensa em ser rico”, afirma.
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Outro exemplo de insucesso é Maria, vendedora ambulante. Para ela, ter sucesso é algo que se concretizaria materialmente, em um ponto de vendas, se ela tivesse apoio do governo. E declara que, para conseguir ser bem-sucedida, não precisa ter muito estudo.
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Opiniões como estas não faltam nas ruas de Salvador, embora jamais estejam acessíveis até que alguém faça o esforço de colhê-las. Ainda que breves, as falas trazem consigo um aprendizado importante: é preciso refletir sobre o que significa ser bem-sucedido antes de enquadrá-las em uma das duas categorias: bem-sucedido ou não. E cuidado: algumas dessas “pessoas invisíveis” pode ser tão bem-sucedida quanto você.
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