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Cutículas: tirá-las ou não?
- 25/11/2011Quase todo mundo já ouviu falar que é perigoso ficar sem elas, mas muitos não sabem os riscos envolvidos na remoção da cutícula
Por Heider Mustafá
Alicates afiados sendo operados por mãos ágeis tratam de tirar ao máximo todo vestígio de pele existente na base das unhas de homens e mulheres. O ritual de retirar a cutícula, praticado, em geral, uma vez por semana, é exigido por quem vai às manicures e condenado por médicos. O motivo para tanta preocupação é óbvio: este pedaço de pele visto como inimigo da beleza de mãos e pés é uma importante defesa do corpo contra a ação de fungos e bactérias.
Boa parte dos frequentadores assíduos de salões de beleza já ouviu falar que deixar a unha desprotegida ‘não é recomendável’, ‘não é bom’ ou ‘é perigoso’. Mas, quando a vaidade é colocada em questão, alguns são irredutíveis. “Todas as semanas, minha manicure tenta me convencer a não tirar a cutícula, mas não adianta. Para mim, uma unha só está bem feita se necessariamente estiver sem cutícula. Não há quem me convença do contrário”, enfatiza a advogada Renata Miranda. Assim como Renata, muitas pessoas não se contentam com o combo limpar, cortar, lixar e pintar. Na prática, esta combinação seria suficiente para deixar as unhas limpas, mas no Brasil há a cultura da ‘unha funda’, ou seja, quanto menos pele ao redor, melhor.
O hábito brasileiro é responsável pela grande quantidade de pacientes nos consultórios médicos. O dermatologista Fabrício Almeida atende diariamente casos em que a teimosia deu origem a problemas que vão desde onicomicoses (conhecidas popularmente como micoses de unha) a paroniquia crônica (uma inflamação da pele ao redor da cutícula, com presença de pus, que pode facilitar infecções em outros lugares no corpo). “São situações difíceis de serem tratadas, porque as infecções atingem a matriz da unha. Isso sem falar nas outras complicações. Por exemplo, nos pacientes diabéticos essas inflamações podem desencadear doenças como erisipela e agravar ainda mais o quadro”, alerta o médico.
Nos cursos técnicos de formação de manicures, um dos módulos trata justamente do binômio saúde/beleza. Nas aulas, as professoras mostram que nem tudo deve ser feito em nome da estética. Instrutora do Senac há quatro anos e formada pela mesma instituição há sete, a manicure Dirlene Machado orienta suas alunas a terem o máximo de cuidado e a alertarem os clientes. “A profissional responsável conversa com a cliente antes de começar a tirar o esmalte. A primeira coisa é saber se ela possui alguma doença, como diabetes. Depois, é preciso dizer que a cutícula não deve ser retirada totalmente e explicar o motivo”. Há quem entenda a gravidade da coisa e opte por uma unha menos funda, mas essa não é a regra. “A maioria das pessoas nem quer saber o que a gente tem a dizer. Quase todos chegam ao salão com uma idéia fixa e fica difícil para gente dissuadir”, revela a professora.
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