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Busca pela mesa mais prática favorece “salada química”

- 14/09/2016

Equilibrar alimentação saudável à rotina diária é desafio constante em uma cidade como Salvador

Luana Silva | Fotos: Laís Andrade

Com o ritmo imposto pela vida moderna, o tempo se tornou algo precioso. Pensando nisso, empresas do ramo alimentício se utilizam da praticidade para emplacar seus produtos no mercado. Extrato de tomate, salsicha, margarina, milho e ervilha em conserva, maionese, atum, leite em pó, queijo, iogurte, presunto. A lista de alimentos industrializados é interminável. Mas será que aquele suco de caixa é realmente tão saudável quanto diz ser? São corantes, adoçantes, aromatizantes e outros componentes químicos para fazer o consumidor acreditar que aquele produto é próximo do natural.

Ivana Ramos, 38, microempresária, acredita que a comida industrializada faz mal no decorrer dos anos. “Eu procuro evitar. No lanche da minha filha ao invés de biscoito, coloco uma salada de frutas”, explica. Na hora das compras, ela também toma alguns cuidados. “Em relação às frutas, gosto de comprar no mercado por causa da qualidade, porque eles selecionam mais. Já em relação a produtos industrializados, procuro comprar de marcas que eu já conheço”, revela.

Já Raimundo Magalhães, 54, gosta de comprar verduras e frutas. Apesar de gastar mais, prefere fazer compras no mercado. “Na feira é muito sujo, muita agonia. Você economiza, mas perde tempo”, afirma. Entre os enlatados, os que mais compra são atum, milho e ervilha. Na hora de comprar esse tipo de alimento, alguns cuidados são essenciais. “Viver sem os alimentos industrializados é impossível. O que eu recomendo realmente é verificar a forma de armazenamento, a própria condição da embalagem, e, principalmente, a data de validade”, aconselha Odilon Braga, especialista em segurança alimentar.

Marilene Santos, 47, vendedora de acarajé, também se preocupa com outros componentes. “Se tiver muito açúcar, muita caloria, não levo”. Ela tenta evitar os alimentos industrializados. “Há um tempo atrás eu comprava muito suco de caixa, agora tenho consciência e compro polpa. Depois de um livro que li, tive noção de como os alimentos [industrializados] duram por causa dos conservantes. Prefiro comprar alimentos fresquinhos que eu possa fazer”, conta. “Quando você paga um ou dois reais a mais num produto que faz bem a sua saúde é melhor do que pagar mais barato em algo que depois você pode ficar doente”, diz Marilene.

Em uma lista feita pela Super Interessante, refeições prontas congeladas, embutidos e temperos industrializados estão entre os dez alimentos mais prejudiciais à saúde. De acordo com a nutricionista Laís Martins, uma dieta composta em grande parte por esses tipos de alimento oferece perigos à saúde. “A maioria desses alimentos são ricos em sal (sódio), então pode causar  hipertensão. Além de riscos com relação a obesidade por causa da gordura saturada”, explica.

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Graças à busca de uma vida mais saudável, o mercado de alimentos orgânicos tem crescido cada vez mais. Porém, segundo Lorena Pinheiro, nutricionista, há pouca diferença entre os orgânicos e os demais. “Não existem  provas de que os alimentos orgânicos tragam benéficos extras para a saúde”. O benefício dos orgânicos estaria em ser produtos limpos, já que são livres de pesticidas, fertilizantes e agrotóxicos.

Agrosustentabilidade
No primeiro semestre de 2016, Josanídia Santana, 55, professora do Instituto de Biologia criou a Feira Agroecológica, que acontece toda sexta-feira no campus da UFBA em Ondina. “A ideia surgiu a partir do meu trabalho, da minha história de atuação dentro da universidade”, conta. Segundo ela, o objetivo da feira é ser um espaço para discussão de novas maneiras de se produzir o conhecimento.

Toda sexta-feira, Édio Gomes e sua esposa Ana Lúcia saem de Cancelas, em Camaçari, e viajam por 16 km para vender seus produtos na Feira Agroecológica. Édio, 49, avalia a iniciativa como excelente. Segundo ele, após a criação da feirinha, a venda aumentou em 50%. Quanto ao preço, afirma ser igual a qualquer outra feira. “Alguns produtos, como as folhas, têm o mesmo preço que o do mercado. Já outros são mais caros porque são mais difíceis de produzir, como mamão, pimentão e tomate”, explica.

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Quem também se beneficiou com a feirinha foi Maria Angélica Costa, 67, mais conhecida como “Dona Nem”. Agricultora há oito anos, trabalhar com plantação era uma vontade antiga. “Eu sou da roça e sempre tive vontade de trabalhar com isso. Me casei e vim morar na cidade, quando terminei de criar meus filhos, voltei para a roça e comecei a plantar”, conta.

Dona Nem produz os alimentos com seus três filhos e acorda toda sexta às três da manhã, para levar seus produtos de Mata de São João até a UFBA. A feirinha também aumentou sua venda que, segundo ela, gerava uma média de R$300 por semana e agora chega a R$1 mil. Mas se a Feira Agroecológica foi boa para quem vende, também agradou muito a quem compra. Jéssica Veloso, 29, é estudante de gastronomia da UFBA e ficou conhecendo a novidade através das Redes Sociais. “Sempre que posso dou uma passada por aqui”.

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