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Diversidade é característica da prostituição nas ruas da capital baiana

- 21/11/2011

Em pleno asfalto, há públicos e opções de todos os tipos

Por Alexandre Wanderley e Luan Santos

 

Foto: Alexandre Wanderley

Muitos caminhos permeiam a pirâmide da prostituição. Entre os extremos, personagens e histórias diversas são abrigadas pelas ruas de Salvador. São as ladeiras e asfaltos que servem de cenário revelador das faixas intermediárias do universo soteropolitano do sexo pago.

Em uma das esquinas da cidade, na região da orla, “Letícia” canta todas as noites. Foi o jeito encontrado por ela para atrair os possíveis clientes. Além da voz, nem tão melódica quanto ela acredita, o apelo das pernas à mostra e o valor acessível do programa aceleram o negócio. Custa R$ 80 se for preciso ir ao motel; R$ 40 se tudo for feito por ali mesmo, em um canto menos iluminado. O objetivo é juntar dinheiro para sair do Brasil. Enquanto isso, garante viver bem com o filho e com o marido, ciente do que ela faz.

Nas imediações da estação de trem da Calçada, outra esquina. Desta vez, duas meninas fazem “ponto” no local. Elas não dizem os nomes, tampouco revelam as idades. A mais velha aparenta ter cerca de 16 anos. A mais nova, um pouco menos. Por cada um dos encontros que acontecem nos motéis da região, em média, cobram R$ 50. Quando as marcações são feitas por meio de anúncios veiculados em impressos, elas garantem que o ganho é maior e, apesar da menoridade, já enfrentam como adultas a rotina da noite.

Professora – O público consumidor da prostiuição na cidade chama a atenção pela presença de menores. De manhã, depois de burlarem a fiscalização de um dos mais tradicionais colégios particulares da cidade, três garotos cortam as ruas próximas à escola e chegam ao que chamam de ‘casa de massagem’. A aventura é adulta, mas o fechamento do ‘pacote estudantil’ denuncia a imaturidade do que acontece por ali: vinte minutos para cada um e R$ 20 por relação sexual com a mesma mulher. Eles decidem por ‘zero ou um’ e par ou ímpar a ordem da fila. Após o fim do programa, vão embora parecendo não entender o que acabara de ocorrer.

Em uma outra esquina, desta vez na Avenida Manoel Dias da Silva, na Pituba, “Lívia” chama atenção. O nome verdadeiro da loira de cerca de 1,60m é Anderson. Não fosse pela voz grave, seria difícil reconhecer nela o homem. Serena, ela diz não ter alternativa. Entre os programas na rua que não dorme e o salão de beleza, escolheu trabalhar com o mais rentável. Cobra R$ 100 por atendimento e garante que faz três “babados” por noite. Ela conta, ainda, que não há perigo em trabalhar no asfalto, já que um ‘guardião’ remunerado é acionado em situações de risco ou inconveniência. A segurança, no entanto, não a acompanha nos carros e motéis em que o serviço é prestado. Lívia tem sorte, nunca foi agredida ou assaltada pelos parceiros temporários. Falastrona, ela ressalta que o público é vasto e diverso e só não detalha mais porque é interrompida por um rapaz de cerca de vinte anos que, de dentro do carro, faz o sinal convidativo, ajusta o valor em uma conversa breve e esvazia a esquina.

Outras esquinas continuam cheias. “Letícias”, “Lívias”, ‘professoras’ e as meninas sem nome são representantes da hierarquia social da prostituição na capital baiana. Do mesmo quadro, fazem parte as mulheres do Pelourinho, da Montanha e de Itapuã. Em boates de striptease, nas ruas ou nas ‘casas de massagem’ espalhadas pela cidade, os diferentes tipos de prostitutas refletem a desigualdade social existente em Salvador.

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