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K-POP: Onda coreana conquista jovens de Salvador

- 05/07/2017

Concurso e shows de bandas coreanas reúnem centenas de jovens em Salvador

Ítalo Cerqueira e Helena Mafra

Grupo se apresenta em encontro do K-popers Baianos (Foto: Divulgação)

Você já ouviu falar nas bandas BTS, EXO ou Wonder Girls? Não!? Mas apostamos que alguma vez você já dançou ao som de Gagnam Style do cantor Psy, não foi? O que todos esses artistas têm em comum é que eles fazem parte de um movimento musical que tem origem na Coreia do Sul e tem ganhado forte expressão no mundo todo.

O Korean Pop, ou simplesmente K-pop, tem como característica as músicas dançantes, coreografias milimetricamente ensaiadas, figurino ousado e cabelos estilizados. O estilo musical chega ao Brasil não pela grande indústria de mídia, apesar de ser um fenômeno bastante mainstream na Coréia do Sul, mas por vias alternativas, como o compartilhamento de conteúdo em grupos fechados, seja pela internet ou não.

O sucesso do fenômeno vem desde os anos 2000, mas se consolidou a partir de 2012 com os grupos Girls’ Generation, Super Junior, Big Bang, 2ne1 e SHInee. O videoclipe de Gagnam Style, que foi lançado há quatro anos, é o mais visto da história no Youtube, com mais de 3 bilhões de visualizações.

Em Salvador, o estilo é consumido majoritariamente por adolescentes e jovens entre 12 e 25 anos. Muitos se reúnem não só para ouvir as músicas, mas ensaiar as coreografias, montar figurinos baseados em suas bandas preferidas, organizar grupos covers e participar de mostras competitivas.

Há nove anos, a produtora cultural, Manuela Reis, 23 anos, teve seu primeiro contato com o movimento ainda no colégio. A música “Tell Me” da banda Wonder Girls, à princípio, não havia chamado muito a sua atenção, tanto que só em 2015, ela a redescobriu e assistiu ao clipe. “A maioria dos clipes, principalmente os mais recentes, é muito bem produzido e interessante. Então, acredito que o ritmo do K-pop, mesmo dialogando muito com o pop americano/ocidental, tenha sido o que despertou meu interesse”, analisa.

Toda essa motivação pelo estilo é compartilhada com milhares de pessoas. Para se ter uma ideia da dimensão do movimento por aqui, o grupo virtual K-popers Baianos, considerada a maior comunidade do segmento na Bahia, reúne mais de 2.700 participantes, que tem por objetivo discutir e compartilhar as novidades desse universo musical, como também agregar ainda mais membros.

Um dos líderes do K-Poppers Baianos, Junot Neto, de 25 anos, acredita que o grupo tem grande representatividade e impacto na comunidade. “Nossos eventos são momentos de descontração, onde o jovem pode se sentir seguro sabendo que só irá ver pessoas que se identificam com os mesmos gostos dele”, explica. Além disso, ele acrescenta que a criação desse espaço legitima a presença da cultura coreana na Bahia.

Fãs de k-pop ocupam espaços da cidade com mostras e competições

Apresentação do grupo Kiddo no II Festival KPOP Bahia (A-Team) – (Foto: Reprodução/Rick Van Pelt)

A última edição do Festival K-pop BA A-Team, uma das maiores competições do estilo musical no Nordeste, reuniu 28 grupos covers e mais de 150 participantes, além de um público superior a 300 pessoas no Cine Teatro Solar Boa Vista. O evento tem como objetivo premiar em R$ 1.000,00 o grupo cover de banda k-pop que tenha o melhor estilo, figurino e semelhança com a banda de inspiração. A banca julgadora é formada por dois dançarinos profissionais e uma jurada da comunidade k-pop.

Os grupos que se apresentam em competições como essa precisam de uma rotina de ensaio e de dedicação para que tudo aconteça da forma planejada. O estudante de BI em Artes, Tamir Silva, 20 anos, criou a banda cover Kiddo em Salvador, que geralmente faz apresentações baseadas em bandas femininas, como T-Ara, Oh My Girls e Girls’ Generation. “Eu iniciei o projeto, e como só escuto músicas e só acompanho grupos femininos, procurei meninos que topassem fazer o mesmo”, conta. O grupo Kiddo tem rotina de ensaios semanais, todos os domingos das 9h às 18h. “Cada membro no grupo fica responsável por algo, todos se envolvem e opinam para que tudo saia o mais próximo do perfeito”.

Portanto, esses espaços de mostras e competições criam um ambiente não só de consumo, como também de produção e compartilhamento, onde os fãs podem se apropriar e recriar em Salvador tudo aquilo que é produzido na Coreia do Sul. Tamir observa que desde 2014 o público só aumenta: “as pessoas sempre procuram outras pessoas que compartilhem o mesmo gosto que você para poder conversar e trocar experiências, conhecer novos grupos e até participar de algum grupo cover”, comenta.

“O interesse dos fãs em nenhum momento é parodiar ou rir de seus ídolos, mas imitá-los com a maior precisão possível. Existem covers de canto também, mas tem menos expressão”, diz o jornalista Caio Cruz, que pesquisou o fenômeno do K-pop.

De maneira menos rígida que um concurso como o A-Team, o K-popers Baianos também promove mostras e encontros em praças de Salvador, como no Loteamento Aquarius e na Praça Ana Lúcia Magalhães, ambas na Pituba. Junot Neto afirma que criar esse ambiente sem o peso de uma competição é essencial para ludicidade do movimento. ”A nossa maior preocupação não é focar nos grupos covers, que possuem muitas plataformas para mostrarem o seu trabalho, mas sim aquelas pessoas que ainda não tem um grupo e querem interagir com a comunidade de outra forma”, explica. Ele ainda afirma que as competições muitas vezes desestimulam a interação de fãs, pois há críticas que são severas.

Para o também líder do K-popers Baianos, Ives Damasceno, 22 anos, a essência desses encontros está em agregar não somente aqueles que dançam, mas também aqueles que apenas apreciam o estilo. “Esses espaços beneficiam a imagem dos fãs baianos e que eles são ativos tanto como consumidores de k-pop como integrantes de grupos cover”, diz.

Estudante da UFBA pesquisa fenômeno K-pop

Em 2016, o jornalista Caio Cruz se debruçou sobre o sucesso coreano para realizar seu trabalho de conclusão de curso em Jornalismo, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Com o título “E precisa falar coreano? Uma análise cultural do k-pop no Brasil”, a sua pesquisa surgiu a partir do porquê um estilo que pertence a um país com matrizes culturais tão diferentes do Brasil, faz tanto sucesso por aqui.

A princípio, Cruz acredita que a dança é um elemento essencial para ajudar a difundir a cultura K-Pop ao redor do mundo. “O interesse dos fãs em nenhum momento é parodiar ou rir de seus ídolos, mas imitá-los com a maior precisão possível. Existem covers de canto também, mas tem menos expressão”, explica. O jornalista diz ainda que não só a língua coreana é uma barreira para o consumo, como também as formas de se vestir, dançar, representações das mulheres e homens. “Mesmo assim, o K-pop vem conseguindo transpor essas barreiras e agregar mais fãs a cada ano no ocidente”.

Embora o K-Pop tenha muitas semelhanças estéticas com pop americano, Cruz ressalta que o estilo não é uma mera cópia ou tentativa de imitar o pop norte-americano. “Existem as diferenças estéticas de músicas e videoclipes, que podem ser sutis, como vídeos menos focados em contar histórias, mas demonstrar um apreço tecnológico com efeitos visuais e coreografias difíceis e complexas”, exemplifica.


Em 2013, durante o carnaval, a cantora Cláudia Leitte recebeu o artista Psy em seu trio elétrico. A ocasião marcou a primeira apresentação de um artista do K-Pop em terras baianas.


A indústria do k-pop é pensada em forma de uma cadeia estruturada e aproveitou a capilaridade da internet para ultrapassar as barreiras das indústrias musicais de cada país. Para se ter uma ideia, os cantores de k-pop são treinados desde cedo em escolas especializadas em criar grandes ídolos, onde eles aprendem a dançar, cantar e propagar uma boa imagem do país. Então, além das músicas, esses artistas devem produzir conteúdo para a internet, como vídeos ao vivo e gravações de backstage.

Exemplo desse êxito foi a premiação da banda sul-coreana BTS na categoria “Top Social Artist” da Billboard Music Awards 2017, que é votada diretamente pelo público. A banda bateu artistas como Ariana Grande, Justin Bieber, Selena Gomez e Shawn Mendes. O prêmio é considerado por Cruz um avanço para o fenômeno K-pop: “O prêmio é importante para a indústria musical coreana, pois isso é um sinal de que o k-pop está alcançando posições para se tornar um fenômeno global, em um cenário impossível para a música coreana antigamente”, conclui Cruz.

No dia 25 de junho, Salvador recebeu pela primeira vez a turnê de uma banda de K-pop. O grupo K.A.R.D. promoveu uma fansign no Hotel Sheraton. Os ingressos do encontro se esgotaram em apenas oito minutos depois do início de suas vendas. (Foto: Divulgação/Fanpage oficial da banda Wild Kard no Facebook)

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