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Smart Idosos: acesso à internet tem aumentado na terceira idade

Cristiana Fernandes e Gabriela Ferreira - 26/06/2018

A população idosa está cada vez mais conectada. Pesquisa DataFolha divulgada em matéria da Folha de S. Paulo indica o aumento do acesso à tecnologia e à internet na terceira idade. Porém tal aumento reflete apenas a realidade de uma parcela dessa população, segundo a  geriatra e professora da faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Dra. Christiane Machado.

“Isso se aplica aos idosos que estão envelhecendo bem, ou seja, dentro do universo das pessoas que têm um envelhecimento bem-sucedido”, explica. “A população idosa é a mais heterogênea que existe. Então, a imagem do idoso saudável e capaz é real, mas é real também a imagem do idoso dependente, doente, que tem dificuldade e que possui limitações muito significativas”, conclui.

A pesquisa aponta também que, entre os brasileiros com mais de 60 anos, 32% possuem conta em alguma rede social. Em relação ao nível de escolaridade dessas pessoas, 71% dos idosos que têm ensino superior possuem conta em rede social.

A médica avalia o contato com as tecnologias e as mídias digitais como uma prática desafiadora para a terceira idade. Não só pelas dificuldades de enxergar, ouvir ou de coordenação motora, mas também pelos problemas cognitivos de compreensão, que prevalecem durante a velhice.

Embora não faça recomendação para que essas mídias sejam incorporadas no dia a dia dos seus pacientes, do ponto de vista de saúde, a especialista diz não ser comprovado que o contato com tecnologias tem algum efeito terapêutico propriamente dito, porém tem observado mudanças nos idosos que atende e faz suas ressalvas.

“A grande vantagem é encurtar um pouco a distância. Corremos o mesmo risco de acontecer o que ocorre entre os mais novos. Aproximar os mais distantes e distanciar as pessoas mais próximas. Não estamos longe da cena na qual todo mundo estará com o smartphone na mão, inclusive o idoso do grupo”, finaliza.

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Oficina 

Com intuito de aproximar cada vez mais o público da rádio Excelsior das formas de interação adotadas pela rádio, o Programa Saúde no Ar promoveu a primeira oficina de iniciação digital para a terceira idade, com o aplicativo WhatsApp. A oficina é parte do projeto Conexão não tem idade e aconteceu no dia 09 de junho, em Salvador.

Segundo a apresentadora do programa Saúde no Ar e idealizadora do projeto, Patrícia Tosta, 46, a oficina parte da necessidade de fazer um “casamento das mídias, das linguagens de comunicação” e aproximar a sua audiência – na maioria mulheres acima de 40 anos –  das discussões sobre saúde que são propostas pelo programa.

Para Patrícia o mundo da tecnologia mudou. “O rádio não é só aquele de pilha, ele foi para o celular também. O locutor que antes dava bom dia, agora pede que envie uma mensagem. Não só pelo telefone, carta ou e-mail, depois da internet, veio o WhatsApp”, exemplifica Patrícia.

Aos 72 anos a professora Iraildes Rodrigues, que participou da oficina, conta que o seu primeiro contato com a informática veio quando já estava para se aposentar. “Quando eu me aposentei foi quando chegou essa parte de informática e eu não aprendi muita coisa. Tomei uns cursinhos rápidos, mas não tinha tempo de treinar”, diz.

Iraildes Rodrigues, 72, utilizando o smartphone minutos antes de iniciar a oficina de whatsapp. Foto: Gabriela Ferreira

Apesar de utilizar rotineiramente o smartphone, sobretudo para conversar no WhatsApp, a aposentada se inscreveu no curso com o intuito de conhecer melhor as funcionalidades do aplicativo, pois ainda não domina. “Já sei digitar e conversar com as pessoas por áudio”, conta Iraildes, que completa: “eu quero aprender a baixar aplicativos, eu não sei chamar um Uber. O pouco que eu aprendi foi com meu filho, mas foi muito pouco”, avalia a aposentada.

 

Opinião dividida

Aposentada da área de saúde. Mãe de cinco filhos. Avó de onze netos e ainda tem uma bisneta para aumentar a conta. Logo quando se aposentou, Nicia Maria Miranda, 76 anos, lembra que a sua rotina era basicamente com as obrigações da casa, saídas para o shopping e para visitar algum filho. Mas, com a chegada do smartphone, a sua rotina mudou consideravelmente.

“Com a vinda do smartphone e dos jogos, eu comecei a ficar viciada e não tenho tempo mais para nada”, explica dona Nicia. “Só saio quando não tem jeito mesmo. Para ir ao médico, mercado ou as obrigações que tenho que fazer. O resto do tempo é jogando. Paro, assisto a novela, volto para o jogo, durmo, já acordo no jogo e é direto assim”, conta, em resumo a sua nova rotina.

Uma das netas da aposentada, a estudante de direito Thais Martins, 24, conta que a avó sempre foi antenada nas novas tecnologias. “Ela teve Orkut, migrou para o Facebook, e, por último, para o WhatsApp. Ainda falta o Instagram”.

Para a jovem, o uso do aplicativo de mensagens instantâneas e chamadas de voz melhorou a relação de dona Nicia com a família. “Ela fica mais próxima da gente, tem mais conversa, compartilha com a família os momentos dela: ‘Olha eu na fisioterapia’ e manda foto, passa aquelas correntes no grupo, acho muito divertido”, completa Thais.

“Eu não achei muito difícil não. Aos poucos fui pegando orientação com os netos, os filhos, e fui usando. Hoje eu uso normalmente. Não sou expert, mas dá para o uso”, brinca.

Há também quem não goste. É o caso da aposentada Terezinha Nascimento, 77, que ganhou um smartphone de um dos filhos e não vê a necessidade de utilizá-lo. “Eu não vejo vantagem de ficar toda hora em telefone esperando mensagem, quero um telefone para eu ligar, receber ligação e pronto, para mim é o suficiente”, ressalta.

“Eu me acomodei, se eu não estou mais trabalhando fora, nem em outra cidade, não vejo necessidade de mudar tão rápido assim. Vou ver se algum dia eu acostumo com a ideia, por enquanto não”, sustenta a aposentada que, quando os netos fazem cobrança, já tem a resposta na ponta da língua: “Ah, não sabe o número do meu telefone fixo? Ligue!”.

 

 

 

 

 

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