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A universidade é para todos

Alana Bittencourt, Daniel Brito e Filipe Oliveira - 27/11/2018

Projetos sociais preparam alunos de baixa renda para a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)

Ingressar no ensino superior, especialmente em uma universidade pública e, é o sonho de grande parte dos jovens que concluem o ensino médio. Entretanto, o acesso a esse nível de ensino, sobretudo para pessoas menos favorecidas socioeconomicamente, nem sempre é fácil. Por isso, nos últimos anos, surgiram iniciativas sociais preparatórias para a prova do Enem.

Em bairros da periferia de Salvador e nas universidades, é possível encontrar cursinhos sociais e gratuitos que atendem à demanda de jovens estudantes que pretendem enfrentar a prova, que serve de porta de entrada para o ensino superior.

Criado em 2016 por estudantes de graduação e pós-graduação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o Pré-Vest na UFBA prepara anualmente estudantes de baixa renda para a prova do Enem. Como a própria iniciativa sugere, para ser aluno do projeto, é preciso cursar ou já ter concluído o ensino médio em escola pública.

As inscrições costumam ser abertas nos meses de novembro, através de edital publicado na página do projeto no Facebook. Embora seja cobrada uma taxa de R$ 20 no ato da inscrição para custear os materiais, as aulas são oferecidas gratuitamente.


Alunos do Pré-Vest na UFBA durante simulado (Fotos: Reprodução / Pré-Vest na UFBA – Facebook)

Para Hugo Henrique, graduando em Química e professor do Pré-Vest, fazer um cursinho preparatório pode ajudar na autoconfiança dos alunos, pois, ao realizar os exercícios com a correção de professores, os estudantes têm mais chances de conseguir um bom desempenho na prova. “Eles estudam muito, se esforçam, chegam junto, mas ficam com medo de errar a resposta das questões. Eu sempre digo que é preciso ter autoconfiança e eles têm muito potencial para isso”, completa.

Matéria complementar em áudio sobre o Pré-vest:

Iniciativas em bairros da periferia também são uma realidade. É o caso do Projeto Cidadão Pensante, localizado no bairro de Pirajá, subúrbio de Salvador. Em funcionamento desde 2016, o projeto tem, em seu corpo docente, estudantes universitários que são moradores do bairro ou do entorno. As aulas acontecem aos sábados no Colégio Estadual Alberto Santos Dumont, um dos mais tradicionais do bairro.

“O projeto tem o objetivo de ser uma assistência que propõe desenvolver uma autonomia política para o jovem da favela para que ele possa garantir por si mesmo a entrada nesses espaços”, avalia Juan Michel Montezuma, professor de História no projeto e graduando na mesma área pela UFBA.

Alunos do Projeto Cidadão Pensante em aula de revisão antes do primeiro dia de prova do Enem 2018 (Foto: Daniel Brito)

Expectativas da aprovação

Com a proximidade do exame, pensar nas possibilidades de ingresso acaba se tornando uma tarefa inevitável, especialmente quando o cenário social não é tão favorável. Apesar das dificuldades enfrentadas pelos estudantes, o otimismo pode ajudar bastante para que o desempenho seja além do desejado.

Para Ingrid Cerqueira, aluna do Pré-Vest na UFBA, manter uma rotina de estudos regular é fundamental para reforçar a confiança na aprovação. “Eu tenho estudado bastante, aqui, em casa também. Acredito muito no meu potencial e acho que se eu for para a pública ou particular o meu desempenho vai ser o mesmo”, analisa.

Rayane Miranda, 18 estudante do Cidadão Pensante, vê da mesma maneira. “Sempre espero ter uma boa recompensa através dos meus estudos e aprendizados. Inclusive, demorei um pouco para acreditar em mim mesma. Mesmo que eu não consiga agora, continuarei tentando no ano seguinte”, diz ela, que pretende cursar Fisioterapia ou Enfermagem.

É preciso continuar

Para que o trabalho realizado pelos projetos continue a alcançar tantos jovens, é necessário modos de organização capazes de mantê-los funcionando adequadamente. Uma característica comum do Pré-Vest na UFBA e do Cidadão Pensante é a entrada gradativa de novos voluntários.

“Inclusive, vários professores que, atualmente, dão aula, já foram alunos no passado e, hoje, voltaram para retribuir. Tudo isso é muito importante para a manutenção do projeto”, ressalta Gabriela Correa, graduanda em Engenharia de Controle e Automação e professora de Física.

Mesmo com a necessidade de fazer reparações no acesso ao ensino superior e a consequente continuidade das iniciativas, para Michel, os cursinhos pré-Enem sociais, embora cumpram um papel relevante, não deveriam ser, pedagogicamente, a ferramenta mais adequada de acesso ao ensino superior.

“Não porque eles acontecem ou pelo o que eles fazem, mas pelos motivos que levam à existência deles. Um Brasil ideal não precisaria ter cursinhos pré-vestibulares, principalmente populares, e sim que a educação básica funcione”, observa o professor do Cidadão Pensante.

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