Tags:escorpião
Cresce o número de acidentes com escorpião na Bahia
Gabriela B., Juliana M., Salete M., Sina W. - 14/05/2019Por: Gabriela Blenda, Juliana Marinho, Salete Maso e Sina Winkler.
Entenda as causas, saiba como se prevenir e o que fazer em caso de acidente
Crédito da imagem: Pixabay e FreePik
O desmatamento e o acúmulo de lixo são as principais causas do aumento do número de escorpiões na Bahia. A destruição da cobertura vegetal retira o animal do seu habitat natural. Além disso, os ambientes com descarte inadequado de lixo oferecem a eles o meio adequado para se alimentar e reproduzir, sem um predador. Na estado baiano, tem crescido o número de acidentes com esses aracnídeos.
O Centro Antiveneno, órgão da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), registrou 10.136 casos de acidentes com escorpiões, em 2015, na Bahia. Em 2017, esse número subiu para 15.265 casos. Já no ano de 2018, mais de 20,4 mil ataques de escorpião foram registrados no estado, segundo o Centro de Informação Antiveneno (Ciave). Nos primeiros meses de 2019, até o dia 23 de abril, 5.105 casos foram registrados.
POR QUE TANTOS CASOS ACONTECEM NA BAHIA?
O desenvolvimento urbano desorganizado, realizado por empresas privadas com concessão pública, causa prejuízos ambientais. Nas últimas décadas, áreas de vegetação natural foram desmatadas e substituídas por terreno cimentado, como rodovias, metrôs, condomínios de luxo, shoppings centers e universidades.
A destruição do bioma nativo força uma migração dos animais que habitavam o local. Típico de uma região quente e úmida, o escorpião se abriga, principalmente, em entulhos de construções e dejetos, onde encontram condições ideais de alimentação e reprodução.
O acúmulo de lixo, a falta de infraestrutura e o descarte inadequado de materiais usados em construções são fatores que contribuem para o aumento da população de escorpiões na Bahia. Segundo a professora Rejâne Lira – responsável pelo Núcleo de Ofiologia de Animais Peçonhentos (Noap) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) – mais do que um problema ambiental, a praga dos escorpiões é um problema social, econômico e estrutural. “No fim das contas, os escorpiões foram vítimas por terem perdido seu espaço natural e as pessoas que sofreram acidentes também são vítimas de uma ocupação irregular, sem planejamento e sem apoio da infraestrutura de recolhimento de lixo, de acesso à informação, falta de agentes ambientais”, e outras questões, diz a professora.
▶ Veja aqui mais informações sobre os escorpiões dada pela professora Rejâne Lira.
Crédito da imagem: Pixabay e FreePik
O QUE FAZER PARA PREVENIR
Em entrevista para o Jornal da Manhã (TV Bahia) o médico clínico e infectologista Robson Reis, que atua no Hospital Geral do Estado da Bahia, recomenda manter portas e janelas fechadas à noite uma vez que o escorpião é um animal com hábito noturno. Segundo o Manual de Controle de Escorpiões do Ministério da Saúde, também é importante evitar manter terrenos baldios, cuidar da limpeza de quintais e denunciar à Vigilância Sanitária casos de regiões abandonadas.
▶Entenda mais sobre os diferentes tipos de escorpiões.
Diante o risco de acidentes, é preciso saber como agir caso encontre um escorpião. Se não houver picada, o primeiro passo é contactar o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), em Salvador, – (71) 3611-7354 – para que o órgão possa recolher o animal com segurança. Após o resgate do animal, ele é encaminhado para a produção de soro anti-escorpiônico.
Crédito da imagem: Jornal do Comércio
Se houver picada, o cidadão deve encaminhar-se diretamente para um centro de saúde. Após o exame de um profissional, caso seja necessário, a vítima será encaminhada para o hospital que contenha o soro antiescorpiônico.
Os sintomas provenientes da picada de escorpião variam para cada indivíduo, de acordo com sua estrutura física, sendo crianças e idosos os mais vulneráveis. O quadro clínico é avaliado como leve (dor intensa na região do corpo atingida), moderado (enjoo, náusea, vômito, aumento da frequência cardíaca e respiratória) ou grave (convulsão, edema pulmonar e óbito).
▶ Quer saber mais sobre esse tema? Assista a entrevista com a professora Rejâne Lira.
O soro antiescorpiônico está disponível em todo o estado, em 127 centros de saúde, segundo o diretor do Ciave, Jucelino Nery. Em Salvador, o Centro Antiveneno está no Hospital Roberto Santos.
📌Consulte a lista das Unidades de Saúde de Referência de todo o estado.
Crédito da imagem: Unespciência
