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Afinal, o VAR traz justiça pro brasileirão?

Caio Marco, Victor Fonseca - 13/11/2019

Implementado este ano na competição, recurso ainda causa controvérsias no meio esportivo

Por Caio Marco e Victor Fonseca

Desde que se tornou popular mundialmente, o futebol sempre foi marcado por polêmicas, especialmente com relação à arbitragem. Pênaltis decisivos não marcados (ou pênaltis mal marcados), gols de mão, impedimentos, dentre outras controvérsias se mantêm na pauta da torcida, dos clubes e da imprensa esportiva. 

Nos últimos anos, entretanto, uma solução parecia estar se concretizando em forma de uma sigla: VAR (Video Assistant Referee) – o ID126 já tratou do tema, simulando o uso do recurso no Brasileirão de 2018. A tão esperada tecnologia do árbitro de vídeo foi finalmente implementada no Brasil primeiramente na Copa do Brasil de 2018 e, neste ano, no Campeonato Brasileiro. Porém, basta espiar qualquer jornal após uma rodada do Brasileirão para ver que a arbitragem está longe de deixar de ser polêmica. Afinal, o VAR realmente torna o futebol mais justo?

VAR em ação pelo Campeonato Brasileiro. Créditos: Globoesporte.com.

A tecnologia do VAR consiste em uma equipe de juízes que acompanha os lances do jogo em vários monitores numa cabine fora do estádio, além do monitor à beira do campo que fica disponível para o árbitro titular da partida rever o lance e tomar a decisão final. Assim, os auxiliares poderão chamar o juiz principal para revisar os momentos que julgarem necessários – entretanto, apenas determinados lances podem ser sujeitos à paralisação e revisão. São eles:

  • Pênaltis marcados incorretamente ou não marcados;
  • Lances de cartão vermelho direto – se o árbitro marcou erroneamente, não marcou ou apenas deu o cartão amarelo e não foi considerado suficiente pelos assistentes;
  • Erro em determinar qual jogador foi punido;
  • Posição de impedimento na jogada de criação do gol (somente no lance que gerou o gol);
  • Infração da equipe atacante na jogada de criação do gol (qualquer falta não marcada);
  • Bola fora do campo antes do gol (verificar se a bola saiu das quatro linhas ou não);
  • Gol/não gol (verificar se a bola entrou inteira);
  • Falta ou impedimento antes da jogada de pênalti, cometido pela equipe atacante.

Embora favorável à tecnologia, o ex-árbitro e comentarista esportivo Manoel Lima Matos acredita que os lances interpretativos (como pênaltis duvidosos) não deveriam ser revisados. “O VAR não tem que entrar nos lances de interpretação. Eles têm que ser decididos pelo árbitro de campo – e ele não pode ficar nas costas do VAR, que está dando um suporte muito maior do que deveria ser dado.”

Outro ponto negativo é a demora da análise das jogadas. De fato, os minutos de acréscimo dados após o encerramento do tempo regulamentar cresceram vertiginosamente após a implementação da tecnologia, como apurou o Globoesporte.com levando em conta todas as 19 partidas do primeiro turno do campeonato.

 

Em casos específicos a espera da definição do VAR é anormal, como no jogo entre Flamengo e Corinthians, que chegou a mais de cinco minutos de bola parada após o gol do atacante Gabriel, o “Gabigol”.


Gol do Flamengo contra o Corinthians demorou cinco minutos para ser validado pelo VAR. 
Vídeo: Globoesporte.com

“O VAR tá tirando a emoção do momento da decisão. Ele tira aquela emoção do gol, a plasticidade do futebol.” defende Matos. “Mas isso com o tempo vai melhorar. O VAR veio para fazer justiça nos lances em que o árbitro não tem uma visão periférica apurada. A tecnologia não volta atrás”, completa o ex-árbitro.

A título de comparação de tempo e de transparência no processo de decisão, você pode conferir o vídeo abaixo com a revisão do assistente em um lance da partida entre Wolves e Manchester United, pela Premier League (Campeonato Inglês).

Entretanto, a ansiedade do aguardo da decisão é apenas um preço a se pagar por um esporte com menos erros? Os números apontados pelo presidente da Comissão Nacional de Arbitragem Leonardo Gaciba podem indicar que sim. O relatório da CBF indica que houve 98% de acerto nas decisões de lances capitais – tais como gols, pênaltis e expulsões) com a ajuda da tecnologia. O mesmo parâmetro no ano passado, sem o VAR, mostrava 77,4% de acerto. “Isso é uma melhora de 90%. Eu enxergo o copo meio cheio. O auxílio do VAR é indispensável hoje em dia. A reclamação dos clubes diminuiu muito. Os acertos da arbitragem brasileira crescem”, disse Gaciba em entrevista ao Globoesporte.com.

Foto: Lucas Figueiredo/CBF

É fato que antes do VAR a arbitragem recebia bronca de quase todos envolvidos no meio esportivos, um dos motivos pelos quais a tecnologia foi tão aguardada. “A existência de lances difíceis, milimétricos, que precisam ser revisados. Não tenho nenhuma queixa nesse sentido, acho que a tecnologia até demorou de ser implementada por ter muitos tabus envolvidos. O VAR vem no caminho certo, nenhuma queixa neste sentido.” expõe Daniel Melo, estudante de ciências da computação e torcedor apaixonado pelo Bahia.

Embora acredite que a tendência é que o assistente de vídeo torne o esporte mais justo, para Daniel não é o que necessariamente acontece. “Nesse momento de adaptação temos problemas muito sérios com a CBF, com quem organiza a arbitragem no Brasil. Muitos dos problemas vêm de quem tá operando a ferramenta e não da ferramenta em si.” Com isso, o estudante aponta também que os torcedores de times fora do eixo Rio-São Paulo, em especial de clubes nordestinos, enfrentariam mais problemas com a tecnologia. “O VAR dá um falso respaldo para decisões erradas do juíz. Muitas vezes a mídia não repercute quando um Ceará, um CSA ou Fortaleza é prejudicado,[…] é meio ‘teoria da conspiração’, mas é uma coisa que o torcedor sente há muito tempo”.

Será mesmo conversa conspiracionista? Ou a arbitragem é de fato enviesada independentemente da tecnologia? O jornalista Alexandre Siqueira fez a simulação de como estaria a tabela do Brasileirão 2019 sem o VAR. Há clubes que estariam melhor colocados, outros perderiam posição, enquanto times como o próprio CSA ficariam na mesma colocação. O torcedor pode tirar suas conclusões.

 

Relatório de intervenções do VAR por clube até a 27ª rodada do Brasileirão.
Créditos: Alexandre Siqueira.

 

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