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Hockey in line: uma realidade em Salvador
- 20/11/2011No país do futebol, onde os garotos já nascem com a bola nos pés, há também aqueles que apostam em esportes diferentes, como o hóquei. Modalidade muito praticada em países como Portugal, Espanha, Argentina, Canadá, Itália e Inglaterra, o hóquei ganhou ao longo dos anos vários adeptos no Brasil. No lugar do gelo, o cimento, no lugar do disco, uma bola. Os atletas brasileiros enfrentam todas as dificuldades da adaptação e falta de recursos, mas a paixão que compartilham pelo esporte é tão intensa quanto a que os tupiniquins sentem pelo futebol. Mesmo com todas as dificuldades de adaptação e falta de recursos, os atletas brasileiros trocam a bola no pé por um taco na mão.
Na Bahia, o esporte ganhou força em meados da década de 80, apesar de ser praticado no estado desde 1970. A década de 80 foi muito importante para a história do hóquei baiano pelo fato de todos os grandes clubes do estado daquele período serem representados nos campeonatos regionais e nacionais por suas equipes de hóquei. Na época, o hóquei ainda era praticado com os chamados patins tradicionais, patins com rodas alinhadas em dois eixos paralelos, e foi quando houve a formação de uma seleção baiana de hóquei que entrou na disputa do campeonato brasileiro.
Literalmente, o hóquei no Brasil na atualidade é para poucos. Hoje o país conta apenas com 24 equipes em todo o seu território. Dentre elas está a Vento Norte, a única que representa a Bahia. A equipe surgiu em meados de 1999, com o objetivo de desenvolver a prática do hóquei no estado. O grupo é formado por amigos que resolveram se unir para praticar o esporte. “A Vento Norte para mim é como uma família, a maioria aqui é amigo de infância, estamos juntos há 12 anos”, diz Rafael Santos, um dos integrantes mais antigos no time.
Sem apoio Apesar da equipe ser filiada à Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP) e de já ter participado de alguns campeonatos, o fato de não contarem com uma federação local, os torna praticantes de uma atividade amadora. Essa é uma, entre tantas, das dificuldades de se praticar o hóquei na Bahia de uma forma mais profissional. A falta de um espaço adequado também é um grande desafio. Há tempos que eles tentam um local para realizar os treinos, mas sofrem muita resistência por parte dos clubes, que enxergam o hóquei como um esporte violento e pouco atrativo. Para não ficar parada a equipe se reúne geralmente duas vezes na semana, no Parque Jardim dos Namorados, no bairro da Pituba, que só possibilita o jogo de uma forma recreativa, para brincar, e não como um treino de verdade. O local do treino é descoberto e a quadra não tem as condições ideais que o esporte exige. Uma neblina é o suficiente para acabar com um treino esperado por dias, o que torna a agenda do time bastante instável.
Outro problema é a falta de patrocínio. Todos os gastos da equipe são custeados pelos próprios jogadores. Até hoje a Vento Norte só teve um único apoio, da empresa MF Segurança, que forneceu a confecção dos uniformes. Hoje todo o equipamento básico de hóquei (patins, caneleiras, luvas e um taco) custa em torno de 600 reais e ainda existem as despesas com frete, pois todo o material é comprado fora do país. “A Bahia já tem hóquei desde os anos 70 e sempre teve um nome forte no cenário nacional, mas como o esporte amador não é incentivado, com os anos os clubes tiveram as suas crises e foi diminuindo bastante até se resumir a um grupo que de geração para geração não deixa acabar”, conta Carlos Costa, grande nome do hóquei no Brasil.