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Cresce o interesse dos partidos por candidatos LGBT
- 04/07/2012Com maior visibilidade, público LGBT torna-se importante filão de votos
Fernando Vivas
Desde 2008, quando o presidente Lula abriu a I Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LBGT), em Brasília, os partidos políticos começaram a voltar suas atenções às causas e aos candidatos LGBT. Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABLGBT), vê com naturalidade essa aproximação: “O movimento LGBT é um dos que mais tem tido visibilidade no âmbito nacional e os partidos políticos estão de olho nisso”.
Já Renildo Barbosa, presidente da Pro Homo (Associação de Defesa e Proteção dos Direitos de Homossexuais) e ex-assessor da vereadora Léo Kret, é mais preciso em sua avaliação ao mensurar o atrativo eleitoral conquistado pelo segmento.“Os partidos sabem da nossa capacidade de votos e, hoje, de uma forma estratégica, buscam candidatos que têm entre dois e quatro mil votos”.
Puxadores de voto – A preocupação com essa matemática é resultado das eleições proporcionais, sistema no qual o número de vagas para cada partido na Câmara é estabelecido pela soma dos votos de todos os seus candidatos. Isso explicaria o grande número de celebridades e artistas convidados pelo partido para se candidatarem e, por terem visibilidade garantida, aumentam a quantidade de votos do partido. Mesmo que não se elejam, portanto, ajudam a eleger outra pessoa: são os “puxadores de votos”. Essa regra só não vale para prefeitos, governadores, senadores e presidente da República, quando é usado o sistema de eleições majoritárias.
Em alguns casos, essas parcerias extrapolam a ideologia do próprio partido. É o caso, por exemplo, do dançarino de pagode (da banda Raghatoni) Fabety Boca de Motor, pré-candidato pelo Partido Social Cristão (PSC), que tem diretrizes evangélicas e é contra a união estável homoafetiva, uma das bandeiras da luta LGBT. A aparente contradição é justificada por Heber Santana, presidente municipal do partido: “O PSC tem sua ideologia baseada nos princípios de Jesus Cristo. O que defendemos como bandeira é a chamada família nuclear, a família do homem e da mulher. Mas nós também entendemos que não podemos segregar, ter nenhum tipo de preconceito. Aceitamos a candidatura da Fabety, que tem participado das reuniões do partido”. Ele ressalta, no entanto, que a candidatura partiu mais “do coração dele mesmo, do que do nosso”.
Para evitar o uso indevido das candidaturas, Toni Reis tem uma receita: “Nossa comunidade tem que estar esclarecida, não basta ser LGBT para se votar. Tem que ter proposta, ter história, saber quais os partidos realmente estão comprometidos com a nossa causa”. Já os candidatos “simpatizantes”, garante Reis, “assinarão uma carta- compromisso com as propostas que vamos defender nas câmaras municipais e prefeituras”.
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