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A fé como alternativa para a cura
- 14/08/2013Pacientes aliam tratamentos espirituais e medicinais na busca pela cura de doenças graves
Cláudia Guimarães e Laís Rocha
A união da medicina convencional com tratamentos alternativos, como os espirituais, aos poucos vem ganhando maior credibilidade em todo o mundo. Mas como será que essas práticas funcionam? Há garantias? Quem pode fazer? Em busca de uma solução para doenças graves, que desafiam a própria medicina, muitos pacientes acabam recorrendo à doutrina espírita. Os casos de curas milagrosas de sérias enfermidades estão presentes nas mais diversas religiões, mas alguns casos de sucesso têm chamado a atenção das pessoas. Exemplo disso foi a situação do ator Reynaldo Giannechini que conseguiu a cura de um linfoma, câncer que atinge os gânglios linfáticos, através de um tratamento associativo entre a medicina e o espiritismo.
Situações como essa acabaram por atrair cada vez mais seguidores para a doutrina. Em Salvador, atualmente, segundo o registro do site Bahia Espírita, existem cerca de 110 centros, entre os quais mais da metade realiza tratamentos espirituais. De acordo com José Milani, presidente da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, os tratamentos espirituais têm como objetivo um auxílio no tratamento de doenças do corpo ou da mente. “Aqui no Centro os tratamentos são realizados por meio de palestras doutrinárias e passes, mas a cura não é garantida. Vai da fé de cada um e do seu merecimento como espírito. Nosso trabalho é ajudar, auxiliar. Várias pessoas se curam e melhoram, mas isso depende muito de cada um. Às vezes [a doença] é um carma que o espírito precisa passar”, explica Milani, que segue a doutrina há 38 anos.
Cura – O conceito de cura, para a própria medicina, é abstrato. Existem inúmeros casos de pessoas que realizam os tratamentos e conseguem bons resultados, como aconteceu com a atriz Luciana Hortelio, de 27 anos, praticante do espiritismo. Ela sofreu um corte na mão direita durante um assalto e quase perdeu os movimentos do dedo anelar. De acordo com os médicos que a acompanharam, um nervo importante teria sido afetado e, para tentar recuperá-lo, uma cirurgia complicada deveria ser feita. “Depois desse diagnóstico uma amiga me indicou a Sociedade Espírita André Luiz, onde diversos tratamentos eram realizados. Comecei a frequentar o centro e realizei a cirurgia espiritual na mão. Hoje estou bem, não sinto dor. Fui curada”, conta a atriz que não frequenta mais o Centro assiduamente.
Somente a fé – Mesmo com tantos exemplos de casos bem sucedidos, existem outras situações onde, por mais que o tratamento seja seguido corretamente, não se consegue a cura. Judite Almeida, de 83 anos, convive há dois com a doença Herpes Zoster, ou Fogo Selvagem, que lhe causa dores constantes. Judite, que sempre foi praticante do espiritismo, além de ser acompanhada por especialistas na doença, realizou dois tratamentos em centros diferentes, mas não foi curada. “Eu sei que isso varia muito de caso a caso, mas eu faço a minha parte e me apego na fé. Deus está acima de tudo”, afirma.
Cirurgia Espiritual – A cirurgia espiritual não é consenso entre os espíritas. Muitos acreditam que a prática dá margem ao charlatanismo e não deveria ser realizada. De qualquer forma, o fenômeno da medicina espírita intriga a ciência e tem suscitado a realização de estudos. Um deles foi feito no Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos do Hospital das Clínicas de São Paulo, vinculado à Faculdade de Medicina da USP. Os cientistas acompanharam o trabalho de João de Deus, um famoso cirurgião espiritual de Goiás em seis pacientes. Eles verificaram que, embora não tivesse sido dada anestesia, praticamente não houve queixa de dor. Também não havia assepsia, mas nenhum doente teve infecção no período observado.
Segundo José Milani, é imprescindível acreditar em Deus e buscar centros espíritas para o atendimento. “A fé é o mais importante de tudo. Acreditando que tudo vai melhorar, que as dores vão passar, a graça é alcançada. Não estou falando de garantias, mas sim de compromisso espiritual. No entanto não se pode esquecer que o espiritismo é uma religião séria e por isso, quem procura ajuda, deve estar sempre ligado a praticantes convictos e médiuns de verdade que queiram o seu bem e cumpram de coração aberto a sua missão”, afirmou.
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