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A não exigência do diploma de Jornalismo ainda traz receio em relação ao mercado de trabalho
- 06/06/2011Por Talyta Almeida e Thaís Caribé
A queda da obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista, decidida em 2009 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), trouxe mudanças para o campo. Com o argumento de que a obrigatoriedade fere a liberdade de expressão e que o dom e o aprendizado de técnicas podem ser suficientes para o exercício da profissão, a decisão ainda é uma questão que pesa e provoca incertezas em alguns estudantes em relação, principalmente, ao mercado de trabalho.
“Fiquei com receio de escolher a profissão, porque você passa quatro anos no mínimo estudando e depois acaba ganhando o mesmo que quem não estudou, não teve essa formação e que acaba às vezes realizando um trabalho medíocre”, afirma José Calasans, José Calasans, estudante do 1º semestre de Jornalismo na Facom-UFBA. Porém, na prática, não foi o que aconteceu com Laís Dantas, jornalista que concluiu a graduação na UNIME (Itabuna) um ano após a decisão do STF. Para ela, a queda do diploma não influenciou em nada, já que, o próprio mercado exige jornalistas diplomados que passaram pela academia e estudaram conceitos necessários para a prática profissional.
É nesse contexto que se acentua a discussão: é realmente necessário quatro anos de graduação para se obter uma preparação necessária para o exercício do Jornalismo ou a atividade profissional se limita às técnicas, prática e dom da escrita? Para a presidente regional do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ), Mônica Celestino, “nem toda pessoa sem formação será um jornalista ruim, mas isso não se trata de uma maioria, portanto o diploma é muito importante”. A jornalista Jamile Teixeira também defende a formação: “Eu acredito que o diferencial sejam questões de ética, a teoria é que vai tornar a prática mais embasada, responsável”, enfatiza. Para a professora da Facom-UFBA, Lia Seixas, o jornalista, além de saber organizar um texto, tem que saber interpretar a realidade. Para ela, a importância do diploma vem de dois principais fatores: a formação humanística e a compreensão que o jornalista tem que ter do seu papel na sociedade.
A presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba), Marjorie Moura, esclarece que as empresas não querem fazer o papel de escola, contratando pessoas sem conhecimento na área. “A gente tem que acreditar na nossa formação e na nossa capacidade, se impor ao mercado e não o mercado impor condições para a gente, porque com certeza uma pessoa que se habilite a ser jornalista e que não tenha nenhuma formação vai aceitar qualquer condição de trabalho. E isso é o que algumas empresas, que não prezam pela qualidade, procuram”.
Porém, a defesa do diploma pelos jornalistas não significa que os profissionais defendam que a área seja completamente restrita. O jornalista e deputado federal Emiliano José lembra que o diploma nunca dificultou a liberdade de expressão, já que tantos não jornalistas sempre escreveram e manifestaram-se nos mais variados meios de comunicação. “Acho que é uma decisão sobre todos os ângulos equivocada, porque, confundir o diploma com a afronta à liberdade de expressão é um desconhecimento profundo do que seja diploma, do que seja essa profissão, e do que seja a liberdade de expressão”, complementa o deputado.
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