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A ópera vai ao cinema

Fotografia: Catherine Ashmore

Grandes redes exibem óperas ao vivo em salas de todo o país. Saiba como o público da capital baiana tem recebido esta novidade

Marco Antonio Cruz e Monique Aguiar

Com origens que vão das tragédias gregas ao renascimento cultural italiano, a ópera é uma das mais tradicionais modalidades artísticas do mundo, e tem ganhado ares de modernidade nas salas de cinema de Salvador. Desde 2010, duas das maiores redes de cinema presentes no Brasil passaram a exibir apresentações internacionais de óperas clássicas em várias cidades brasileiras, incluindo Salvador. Com preços mais acessíveis que o das montagens teatrais, a iniciativa dá ao público oportunidade de assistir a espetáculos grandiosos das maiores companhias do mundo.

Um público restrito e custos de produção elevados tornam a montagem de óperas pouco comum no Brasil. Aproveitando-se disso, redes de cinema como o Cinemark e o UCI Orient promovem um projeto que promete popularizar a ópera e dar a quem já apreciava este tipo de arte, acesso aos grandes espetáculos do gênero. A ideia inspirou-se em iniciativas internacionais, que já vinham utilizando as salas de cinema para exibir muito mais do que filmes.

É o que explica Hilmara Oliveira, gerente de marketing da rede UCI em Salvador: “O objetivo é oferecer cultura e entretenimento a um público diferenciado, com a exibição de conteúdos alternativos  como óperas, ballet e shows”.

Gravadas ou ao vivo, as apresentações de companhias estrangeiras podem ser vistas em altíssima definição (High Definition 2K), áudio 5.1 e legendadas em português. No Cinemark, o projeto começou em 2010 com a transmissão da temporada 2010/11 da Royal Opera House de Londres, companhia famosa por atrair o público com um elenco reconhecido e montagens inovadoras. Em março de 2011, uma exibição em 3D de Carmem marcou o uso da tecnologia ainda inédita na transmissão de óperas.

“É uma experiência interessante assistir uma ópera no cinema. Foi quase como ver no TCA” afirma o advogado Antônio Martins, que assistiu a Parsifal, no UCI. Fã do drama lírico, ele se refere também à montagem de Carmem no Teatro Castro Alves, em setembro de 2012.

Ao contrário do que os mais céticos possam pensar, estas exibições vêm conquistando um público crescente e fiel. “Há cerca de três anos  iniciamos o projeto de exibição de conteúdos alternativos. Estamos formando espectadores, portanto, o retorno não é imediato e, sim, a longo prazo. Os soteropolitanos estão aderindo ao projeto e adorando” reitera Hilmara Oliveira.

Para a produtora de Carmem, Virgínia da Rin, as transmissões de grandes montagens no cinema são uma boa oportunidade para despertar o interesse pela linguagem da ópera, e argumenta: “Lotamos as cinco récitas com um público bastante heterogêneo, com presença significativa de jovens. Sem dúvida há demanda para a montagem de mais óperas em Salvador. O público baiano só precisa ser estimulado por produções de qualidade técnica e artística”.

Temporada 2013 – Atualmente, o Cinemark exibe a temporada 2012/13 de óperas e balés, com oito espetáculos e grandes títulos como La Bohème e Fausto. As óperas são exibidas periodicamente nos mais de 30 cinemas da rede espalhados pelo país. As entradas custam R$60,00 a inteira.

Já a rede UCI, em 2012 fechou parceria com a The Metropolitan Opera para transmitir ao vivo, em mais de 1900 cinemas, apresentações da companhia nova-iorquina que é a maior de toda América do Norte. A temporada vai até abril de 2013 e exibe, ao todo, 12 montagens. Na lista estão clássicos como Otello e Rigoletto, de Verdi, e Parsifal, de Wagner. As entradas também custam R$60,00 a inteira. O gerente geral da rede em Salvador, Carlos Eugênio, destaca outras sessões especiais: “Além das óperas, estamos transmitindo ao vivo lutas do UFC, jogos de futebol internacionais e, para março, estamos fechando um show do Andrea Boccelli”.

Assim, da próxima vez que você for ao cinema, que tal experimentar assistir a uma ópera na telona? Confira aqui a programação em Salvador.