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Futebol americano já tem dois times em Salvador
- 05/02/2014Atletas de futebol americano de Salvador se esforçam para manter o esporte ativo na cidade
Texto: Fábio Arcanjo e Luiz Fernando Teixeira
Fotos e video: Henrique Duarte
O que começou como um hobby toma ares profissionais e o futebol americano em Salvador vai, aos poucos, ganhando reconhecimento e novos praticantes. O esporte conta com dois times estruturados na cidade: o Lauro de Freitas Kings (que surgiu da junção do Sotero Politans e do Salvador Red Phoenix) e o Vitória All Saints, que tem nas suas fileiras membros do antigo Salvador All Saints e do ainda mais antigo Feira de Santana Red Bulls.
“Por mais que eles se esforçassem, era muito complicado. Aqui, montar um time já foi difícil, lá no interior era pior. Então, pelo bem do esporte, os times começaram a migrar, virando um time só”, como explica Carlos Neto, que joga no Vitória como wide receiver – jogador rápido que se desloca pelas pontas e é especialista em receber bons passes.
A internet também foi muito importante para a organização dos times, principalmente as redes sociais. Tanto o Orkut quanto o Facebook serviram de ponte para os interessados em praticar o futebol americano em Salvador, segundo Neto, que teve o primeiro contato com o esporte quando morava no Rio de Janeiro. “Pessoas que não conheciam o esporte hoje já têm interesse, porque é um esporte inclusivo, pessoas de todos os biotipos podem jogar – altos, baixos, gordos, fortes e magros”, conta Vinícius Farani, coordenador do Lauro de Freitas Kings.
[Assista o video:]
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Influência de fora – Assim como o atual wide receiver do Vitória, a influência de pessoas de fora de Salvador foi determinante para o crescimento dos times. Uma dessas figuras é Jeffrey Lasogga, que jogou futebol americano no High School – o equivalente ao ensino médio brasileiro – quando morava nos Estados Unidos e profissionalmente no Wuppertal Greyhounds e no Dusseldorf Panthers, em Wuppertal, sua terra natal.
Alemão radicado no Brasil, Lasogga foi um dos idealizadores do Feira de Santana Red Bulls, onde treinou até o fim do clube. Depois de uma breve passagem pelo Salvador Red Phoenix, é o atual coordenador ofensivo do Vitória All Saints. O clube ainda conta com um treinador escocês, Michael Smith, e com dois norte-americanos no elenco: Joshua Canup e Karl Kee, que rapidamente se tornaram destaques do time.
O Kings não está muito atrás, já tendo iniciado conversas para trazer atletas com passagens pela NFL (National Football League, o principal campeonato da modalidade nos Estados Unidos). “Estamos em contato com os jogadores de lá pra fazerem treinamentos com a gente, existe todo um projeto a longo prazo”, explica Farani. O clube também tem entre seus membros jogadores que começaram a praticar o esporte enquanto moravam nos Estados Unidos.
Dificuldades – Apesar do aumento do interesse, os times ainda passam por dificuldades para sair do amadorismo aqui em Salvador. De acordo com Fernando Sá, diretor esportivo do All Saints, eles não conseguem nem locais adequados para treinar. “Nosso maior problema é encontrar em Salvador campos capazes de suportar nossas necessidades e que sejam acessíveis. A gente tem que correr atrás, alugar campo, o que não é barato”, explica.
Vinícius Farani, do Kings, também aponta o problema dos campos. “Aqui em Salvador não temos um campo especial de futebol americano. Fizemos uma parceria com Lauro de Freitas, que concede pra gente um campo quando estamos em um campeonato, e estamos em busca de um campo de treino. Enquanto a gente está nesse processo, a gente faz treinos na areia, que são mais fortes”, finaliza.
Outro problema que os times enfrentam é a dificuldade para custear o material de proteção e passagens para jogar fora de Salvador, seja de avião ou de ônibus. “Quando jogamos campeonatos no Nordeste, é mais fácil, as distâncias são menores, viagens mais curtas e podemos ir de ônibus, nada impossível. Mas já tivemos que viajar de avião, e não foi barato, então cada atleta pagou do próprio bolso”, lamentou Fernando Sá.
Além de tentar novas formas de arrecadação para reembolsar parte desse valor, Sá tem como objetivo conseguir patrocínio, assim, os atletas não precisariam pagar mensalidade nem o material. Atualmente, cada um dos 70 atletas do Vitória tem que pagar R$ 50 por mês, que vão sendo guardados para eventualidades.
Campeonatos – Os times da Bahia participam da Liga Nordestina de Futebol Americano (Linaf), que classifica os melhores para a disputa do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano, ou Brasil Bowl. A região Nordeste é onde o esporte mais cresce no país, com a presença de 14 times inscritos, sendo um deles o João Pessoa Espectros, o atual vice-campeão nacional.
Em 2013, o Salvador Kings ficou em sexto lugar na Divisão Sul da Linaf, e não conseguiu se classificar para a próxima fase. Foi a estreia do clube em competições nacionais. “A gente teve um resultado bastante positivo para um time de primeiro ano, os outros times até ficaram impressionados. Tivemos noção do que é jogar com pessoas de diversos estados, jogamos contra times de Aracaju, de Recife. Foi muito proveitoso, e acho que esse ano estamos muito mais focados, pois sabemos o que é a realidade de um campeonato brasileiro”, relata ele, que também é jogador do time.
Já o Vitória deixou de participar da Linaf em 2013 porque escolheu jogar no Torneio Touchdown, competição organizada em parceria com o canal de televisão fechada BandSports, responsável pela transmissão das partidas. “Fomos o primeiro clube do Nordeste a participar. O nível de organização é maior que já disputamos, com 20 times. Ganhamos um jogo e chegamos perto de ganhar outros dois, mas valeu mais a experiência de jogar com os times mais fortes do Brasil”, relembra Fernando Sá.
Legado – Eles sabem que ainda estão longe de sair do amadorismo, mas os praticantes do futebol americano em Salvador pensam longe. “Pretendo que isso faça parte de minha vida até quando eu estiver mais velho e não puder jogar, e então eu possa estar ensinando e passar a experiência”, diz Carlos Neto. Já Fernando Sá sonha ainda mais alto: “Eu quero ver onde a gente pode chegar, ver o esporte crescer mais e se tornar parte do cotidiano de todo mundo em Salvador”, afirma. Farani vai além: “Acho que a gente está iniciando uma longa jornada. Somos a ponta de um iceberg que deve crescer cada vez mais”, disse.
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