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A reforma psiquiátrica brasileira e o novo papel da família

- 11/03/2013

A família figura como protagonista no novo modo de tratamento dos portadores de doenças mentais

Iasmin Sobral e Rita Barbosa

Flávio Silva Silveira tem 38 anos e sofre de esquizofrenia. Crédito: Rita Barbosa

Com a implementação da Reforma Psiquiátrica no Brasil, a relação médico-paciente mudou. Consequentemente, a relação do paciente com a família também se desdobrou em outras experiências. Para muitas delas, a inserção no processo de tratamento significou o fim de uma rotina de sofrimento; para outras, a relação direta ocasionou transtornos.

Com o objetivo de intervir neste processo, o professor Dr. Marcus Vinícius de Oliveira, em parceria com a professora Dra. Mônica Lima de Jesus, desenvolveu o seguinte estudo: Transtorno Mental, Família e Reforma Psiquiátrica: Dinâmicas Subjetivas e Tecnologias de Cuidados.

Para Marcus Vinícius, o papel do parente responsável é, agora, imprescindível no tratamento do paciente por ser o ambiente familiar o principal atuante nesse processo de melhora. “Cabe aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) oferecer atendimento à população, realizar acompanhamentos clínicos e, principalmente, reinserir socialmente os seus usuários, através de trabalho, lazer, exercícios de laços familiares e comunitários”. O professor destaca também a nova e maior responsabilidade do parente responsável. “É, agora, imprescindível no tratamento do paciente, por ser o ambiente familiar o principal atuante nesse processo de melhora”.

Dentre muitas finalidades, sua pesquisa está voltada para o domicílio dos pacientes, e principalmente, para a atuação familiar. Criar condições para que os parentes tenham “como” cuidar de seus “pacientes”, ainda é o maior desafio. Embora a proposta da Reforma Psiquiátrica seja a de colocar o indivíduo portador de doença mental aos cuidados da família – agora também protagonista do processo – ainda não há uma ação que crie subsídios aos familiares. Logo, um paciente que não tenha condições financeiras para suprir as necessidades fisiológicas e psicológicas dificilmente terá um tratamento adequado.

Para o estudo, a influência dos familiares no tratamento é a principal “medicação” para o portador de distúrbios mentais. Por isso, eles também precisam ser acompanhados. Os agentes dos CAPS precisam observar como acontece essa interação, conhecer o ambiente em que vivem e as relações construídas.

Uma iniciativa de contenção à crise – O Programa de Atenção Domiciliar à Crise (PADAC) foi criado em 2008 com a intenção de dar suporte à família no momento em que o paciente apresentasse algum tipo de crise referente à sua patologia mental. Pensado e coordenado pelo Dr. Marcus Vinícius de Oliveira Silva, o PADAC é um programa de estágio, em parceria com alguns CAPS de Salvador e tem como proposta deliberar estagiários para atuarem na lógica dos CAPS.

Essa forma de tratamento é considerada, pelo criador do programa, como uma atuação intensiva, na qual o domicílio do paciente é o local de suporte para fortalecer as relações de afinidades entre parentes e indivíduos portadores de doença mental. Operacionalmente, o PADAC funciona com duplas de estagiários do Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Eles participam de reuniões nos CAPS e de lá são direcionados pelo próprio órgão aos casos que precisam de acompanhamentos mais intensivos. Assim, os envolvidos (pacientes, familiares e, também, estagiários) são beneficiados por essa ação conjunta.

No entanto, a realidade econômica as famílias tratadas no CAPS não é homogênea e o ambiente domiciliar interfere diretamente no tratamento. Como ter um tratamento diferenciado e sadio, se a estrutura de muitas residências não contribui para uma melhor saúde mental? Embora admita que a ausência de uma estrutura física adequada, nas casas dos pacientes, interfira no progresso do tratamento, o Dr. Marcus Vinícius afirma ser esse o próximo passo, ainda a ser dado, em seus estudos.

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