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A transformação do indivíduo através da arte-educação
- 13/05/2011“A arte existe porque a vida não basta”. A frase citada pelo poeta Ferreira Gullar dá a idéia de que o ser humano necessita de uma contextualização artística para refletir sobre o mundo e, principalmente, o que ele representa como indivíduo. Pensando a arte como um meio transformador, que possibilita o desenvolvimento e a expansão da habilidade subjetiva e lúdica dos indivíduos, projetos de fomento à arte-educação têm ganhado maior visibilidade a cada ano, como o Instituto Íris com o Projeto Arte e Cidadania, que funciona desde 2005, e nasceu da necessidade de inserir no currículo escolar, matérias ligadas à arte em escolas municipais de Salvador, além da Associação Pracatum, através da Escola Municipal Infantil Virgen de La Almudeña, que traz em sua pedagogia a arte e a musicalidade como eixos norteadores.
Para a doutoranda no programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFBA e professora no curso de Teatro da Universidade Federal de Sergipe, Alexandra Dumas, o fazer e pensar a arte num espaço educacional coloca o indivíduo diante de um compromisso pedagógico: “A responsabilidade com e sobre a formação do outro deve ser pensada a todo instante”, diz a professora.
Outro ponto importante citado por Alexandra Dumas é quando o ensino, fundamentado na arte, envolve o indivíduo fazendo com que ele participe do processo estético, transitando no mundo da subjetividade e tendo o seu momento de liberdade: “Para se pensar o processo de ensino-aprendizagem na arte, o aluno deve entender que aquele momento de interação com o fazer artístico é um importante espaço de produção de conhecimentos, especialmente para projetar-se no mundo”. Ela reforça dizendo que “o fazer, apreciar, contextualizar e refletir o mundo pela arte, passa pelo trabalho de significar uma linguagem, que pode ser libertadora, desde quando ela tem o prazer e a liberdade como princípios na sua realização”, evidencia a professora que já trabalhou em ongs e escolas da rede pública de ensino em Salvador, antes de ensinar na universidade.
Quando não há incentivo – Apesar das ongs, associações e institutos voltados para a arte-educação, ainda é quase inexistente a participação do governo federal com políticas de desenvolvimento e capacitação nessa área. Em 2010, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgou uma avaliação do Programa Arte, Cultura e Cidadania – Cultura Viva, do governo federal, direcionado a políticas públicas culturais para a juventude. O relatório aponta que sua abrangência é pequena em termos populacionais e territoriais, assim como em estratégias globais das políticas públicas, em especial da arte-educação. Na conclusão da avaliação, o IPEA cita que o p rograma é incapaz de enfrentar a lógica dos mercados e o desafio da democratização dos meios de comunicação e da inclusão social.
O programa foi implantado em 2004, envolvendo um conjunto de ações distribuídas em cinco eixos e desenvolvidas com diferentes graus de consolidação enquanto ações públicas: Pontos de Cultura, Cultura Digital, Agentes Cultura Viva, Griôs (Mestres dos Saberes), e Escola Viva. O programa Arte, Cultura e Cidadania – Cultura Viva – lança editais anualmente e visa garantir os direitos culturais e construir a democracia cultural. Atua no estímulo a circuitos cujos agentes culturais principais são associações periféricas e comunitárias que, sem políticas deste tipo, não ganhariam visibilidade nem receberiam apoio público
No âmbito estadual, a Secretaria da Cultura da Bahia (Secult), desde o início de 2011, estabeleceu novos procedimentos de apoio a projetos através dos diversos órgãos ligados à cultura como o Fazcultura, Fundo de Cultura, Núcleo TCA e Calendário de Apoios da FUNCEB. Eles foram iniciados com o objetivo de aprimorar seus instrumentos e mecanismos de gestão para melhor promover a publicação de editais. Serão destinados até o final deste ano cerca de R$ 2.500.000,00 a projetos voltados para as áreas da cultura. Também foi criada uma comissão para avaliação dos decretos e procedimentos, visando diminuir o tempo de avaliação interna e simplificar exigências dos processos de inscrição e seleção.
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