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Algodão é tec, é pop, é tudo
Matheus Souza - 12/12/2022A cotonicultura está na moda, investe no futuro, e coloca o oeste baiano no caminho do progresso
Do investimento na tecnologia à inserção no mercado fashion, a cotonicultura pavimenta seu caminho inserindo o algodão nos mais variados meios / Imagem: Matheus Souza
O Bordão do título é bastante conhecido, assim como o algodão. Quando se pensa na fibra, a primeira imagem que vem à cabeça é a da pluma, aquela que geralmente usamos para aplicação em ferimentos, ou, em alguma peça feita a partir dela no seu guarda-roupa. Porém, o que pouca gente sabe, é que o algodão é um commoditie indispensável na produção dos mais diferentes produtos e um pilar vital na economia agrária brasileira.
A Bahia é o segundo maior produtor de algodão do Brasil, abastecendo a indústria nacional e internacional desde a década de 90, fornecendo matéria-prima a países como China, Indonésia, e Índia. A qualidade ímpar da pluma que sai das lavouras baianas é o principal diferencial da indústria local, isso graças ao clima e geografia privilegiados na região do cerrado.
Localizada no extremo oeste da Bahia, no eixo agrícola conhecido como MATOPIBA, que é formado pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí, e Bahia, a cidade de Luís Eduardo Magalhães é o coração da cotonicultura no estado e um dos mais fortes expoentes do cultivo de algodão no Brasil e no mundo, já que o país é o segundo maior exportador da fibra no planeta, com previsão de se tornar o líder nos próximos anos.
A Abapa, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão, é a entidade que representa, defende e promove a cotonicultura do nosso estado, tendo como objetivos a transparência e excelência nos serviços que prestam, a ética e o profissionalismo, além do compromisso com a sustentabilidade e o desenvolvimento socioambiental. Alessandra Zanotto, vice-presidente da instituição, relata a importância do cultivo para a região:
“O Algodão em Luís Eduardo Magalhães é sinônimo de progresso. Não só aqui mas em toda a região oeste. Além de trazer valor agregado, o algodão também trás empregabilidade. É uma cultura que possui um ciclo maior que a soja e o milho por exemplo, e que acaba exigindo mais profissionais e cuidado. Tudo isso acaba refletindo na economia e trazendo mais desenvolvimento para a região”.
O Centro de Análise de Fibras inspeciona milhares de amostras todos os dias, e muitos dos profissionais que trabalham nele se capacitaram no Centro de Treinamento e Tecnologia / Imagem: Matheus Souza
Do treinamento de novos profissionais até as pesquisas para desenvolvimento de novas ferramentas para uso no plantio e colheita do algodão, o investimento da cotonicultura do estado no aperfeiçoamento da tecnologia para utilização em controle de pragas, genética, manejo da lavoura, rastreabilidade, beneficiamento da fibra, e capacitação de trabalhadores é referência dentro e fora do país. “O algodão produzido no mundo necessita de alta tecnologia, todo processo hoje é 100% automatizado”, salienta Luís Carlos Bergamaschi, presidente da Abapa.
O Centro de Análise de Fibras é a unidade principal de todo complexo de laboratórios da Abapa, responsável por executar a análise da qualidade da fibra produzidas nas fazendas da região. Equipado com instrumentos que estão entre os melhores na categoria, o laboratório é capaz de executar a classificação visual e HVI (High Volume Instrument) da fibra, tendo capacidade para receber 8 mil amostras todos os dias, sendo o maior da América Latina no seu seguimento.
Além disso, a Abapa também investe na capacitação de novos profissionais para atuar de maneira produtiva e responsável na operação de máquinas e outros equipamentos no cultivo do algodão. Desde que foi inaugurado, o Centro de Treinamento & Tecnologia já ajudou na formação de mais de 66 mil trabalhadores, o que promove não só qualificação profissional, mas mudança de vida para essas pessoas e suas famílias.
O que, a primeira vista, pode parecer um trabalho dominado por máquinas, se revela rico em material humano e impacto social na vida de seus colaboradores, como ressalta Alessandra Zanotto, “é um braço da Abapa que damos muito valor, ajudando os produtores rurais capacitando os profissionais colaboradores dentro das propriedades e usinas, e dando também oportunidade para quem ainda não tem experiência, fazendo-a adquirir uma profissionalização no currículo”, ela explica.
O presidente Luís Carlos ressalta o alto investimento feito no setor de capacitação, “nós já investimos cerca de 17 milhões no centro de treinamento, e nossos parceiros são fundamentais para isso, não conseguiríamos fazer nada sozinhos”, pontua. Além disso, ele ainda complementa relatando a transformação de vida que os trabalhadores que passam pelo centro:
“Quando falamos de recurso humano, é preciso treinamento. É fundamental que as pessoas sejam devidamente treinadas. São mais de 66.000 pessoas capacitadas, trazendo mais rendimento e agilidade ao processo, além de serem mais bem remuneradas e serem estimuladas a alcançar seu máximo potencial”.
O algodão do Oeste da Bahia tem um forte compromisso com a qualidade e sustentabilidade / Imagem: Matheus Souza
Talvez a moda seja o expoente mais conhecido quando o assunto é o algodão. Acessível, versátil, e confortável, a fibra é uma das principais matérias-primas na indústria têxtil, que no Brasil é a segunda que mais emprega e está presente nas roupas, calçados, bolsas, mochilas, e outros tantos itens do nosso vestuário. Produzir moda de maneira sustentável também é uma preocupação dos produtores agrícolas, que estabeleceram um compromisso com a produção responsável através do programa ABR — Algodão Brasileiro Responsável.
A Sou de Algodão é uma iniciativa da Abrapa, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, juntamente com a Abapa e outros parceiros, como a Better Cotton Iniciative, para um movimento que una a cadeia produtiva do algodão, a industria têxtil, os profissionais envolvidos nela, e a sociedade por uma moda mais consciente.
A sustentabilidade é a palavra-chave aqui. O principal objetivo é despertar um consumo mais responsável na industria fashion, estimular e fomentar o mercado do algodão responsável, e agregar valor aos produtos produzidos a partir desse algodão.
Trabalhando em parceria com universidades, estudantes de moda, estilistas, influencers, e eventos como a Casa de Criadores e a São Paulo Fashion Week, a Sou de Algodão vem estabelecendo passos importantes na conscientização do algodão não apenas como uma matéria-prima ou traço de um produto, mas como parte da indumentária e identidade brasileira.
“A Sou de Algodão é a nossa porta pra esse mundo que não está presente no nosso dia-a-dia. Então estar presente em eventos como a São Paulo Fashion Week ou outros eventos de moda, levando a nossa história e o nosso trabalho para que outras pessoas conheçam como ocorre todo processo da fibra aumenta nossa produção, nossas vendas e consumo”.
— Alessandra Zanotto
Versátil e seguro, o algodão pode ser transformado em matéria-prima dos mais variados produtos e alimentos / Imagem: Matheus Souza
Não, não é força de expressão, muito menos hipérbole. O algodão se faz presente em praticamente todos os produtos e ambientes que temos contato no dia-a-dia, dos mais comuns como a haste flexível para higiene dos ouvidos, até os não tão conhecidos, como na fabricação das notas de real, que levam em sua composição fibras de algodão, responsáveis por armazenar as informações de segurança da cédula.
Além disso, a fibra ainda é 100% aproveitada, sendo um produto onde quase nada é descartado, do caroço a pluma, como afirma Gilson Lopes, responsável pela classificação visual da pluma na Fazenda Zanotto. Sendo uma alternativa segura e de baixo desperdício, presente nos cosméticos, alimentos, e até no combustível, o algodão é matéria-prima de uma infinidade de produtos, os quais você pode conferir alguns logo abaixo:
Então, da próxima vez que ver ou utilizar um produto oriundo do algodão, talvez se lembre de quão plural, responsável e importante a industria que o produziu é. Mais do que um negócio lucrativo, a cotonicultura promove desenvolvimento econômico e social, assume um compromisso com o meio-ambiente, e alavanca o oeste da Bahia a protagonista no cenário da agricultura internacional.
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Todo conteúdo gráfico da matéria, incluindo os GIF’s (imagens em movimento), infográficos e boxes foram produzidos por mim (Matheus Souza)