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Alguns problemas marcam a primeira edição da Flica
- 21/11/2011A maior queixa entre os participantes se concentrou na estrutura de Cachoeira
Por Carol Gomes e Vitor Villar
Apesar do sucesso alcançado e de ser lembrada pelos calorosos debates sobre a literatura, a primeira edição da Festa Literária de Cachoeira (Flica) foi marcada também por alguns problemas de estrutura.
Realizada na cidade histórica do Recôncavo Baiano, o evento recebeu ao longo de seis dias – de 11 a 16 de outubro –, aproximadamente quatro mil pessoas na sua programação principal, quantidade considerável para um município que possui pouco mais de 30 mil habitantes, segundo o IBGE.
Ainda assim, houve uma defasagem grande entre o público esperado e o que participou da Flica. A expectativa da organização do evento era de cerca de dez mil pessoas, como foi veiculado em alguns meios de comunicação. Ainda assim, o evento recebeu uma média satisfatória de 250 pessoas para cada uma das 16 mesas de debate.
Os problemas estruturais começaram antes mesmo do início da festa. Menos de uma semana da data marcada para início do evento, o local da Flica foi transferido, do auditório do campus de Cachoeira da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) para um espaço aberto dentro do Conjunto do Carmo, localizado na Praça da Aclamação.
A mudança deu-se por conta de um protesto de estudantes da UFRB contra a diretoria da universidade, que acabaram por ocupar o prédio central do campus, como explica Alan Lobo, coordenador da Flica. “No dia 7 de outubro, a coordenação geral da Flica recebeu um comunicado oficial da universidade que informava a impossibilidade de realização do evento nas dependências da mesma, em Cachoeira. Por esse motivo, a festa foi realizada no Claustro do Conjunto do Carmo”, justificou.
Calor – No novo local, a organização colocou um toldo sobre o pátio do Conjunto do Carmo e dispôs um palco e algumas cadeiras para o público. Com o forte calor que fazia em Cachoeira, foi necessário climatizar o lugar. Para isto, foram espalhados alguns ventiladores, mas que não resolveram o problema por completo e eram constantemente disputados pelos presentes.
Apesar desses imprevistos, parte do público demonstrou satisfação com a escolha do Conjunto do Carmo para sediar a Flica, principalmente por ficar na Praça da Aclamação, local histórico da cidade de Cachoeira e centro das atividades culturais da cidade.
Além disso, pelo fato de Cachoeira ser uma cidade pequena, histórica e com várias construções tombadas, alguns turistas tiveram dificuldades para encontrar hospedagem próxima ao local do evento. A saída, portanto, foi se instalar em cidades vizinhas, como Santo Amaro, São Félix, Muritiba e Belém de Cachoeira. Foi o caso, por exemplo, do estudante de Comunicação, Alexandro Mota, que não conseguiu ir para a Flica, pois não achou lugar para se hospedar. “Procurei pousadas em Cachoeira e cidades vizinhas, elas estavam lotadas ou muito caras”, disse. E completa, com uma crítica. “É preciso pensar uma infraestrutura para receber os turistas, não apenas quando há esse tipo de evento. Senti falta de profissionalismo das pousadas ao me atenderem”, disse.
Passadas as surpresas de pré-evento, a Flica transcorreu sem demais problemas. O único incômodo para o bom andamento das mesas ocorreu por uma espécie de desacordo entre público e organização da festa. Por vezes, alguns dos presentes solicitavam a participação aberta nas discussões para colocarem seus pontos de vista, constantemente divergentes, o que atrapalhava a fluidez do debates.
Para as próximas edições, no entanto, Aurélio Schommer, curador da Flica, pretende criar um acordo entre o público e a mesa. “Às vezes, há uma pressão para que se abra o microfone, o que não tem funcionado na prática. É preciso chegar a um acordo. Teremos um ano para isso, porque não é possível que nós façamos da abertura de microfone ao público uma Flica paralela”, afirmou, em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia.
Ainda que isto tenha incomodado os organizadores, alguns dos integrantes das mesas defendem a participação do público. É o caso do escritor Victor Mascarenhas, autor do livro Cafeína, que achou interessante a influência da plateia na sua mesa, sobre literatura “underground”. “Na nossa mesa, a participação do público foi bem positiva, desde os aplausos e risos durante o debate, até às perguntas. Algumas delas ajudaram a gente a falar sobre coisas importantes, como influências literárias, o rótulo de “literatura underground” ou esclarecer peculiaridades sobre o nosso trabalho”, afirmou.
Leia:
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Crônica: Estrada da Perdição – Diário Incompleto da Flica