Arte e(m) desenvolvimento urbano
- 11/09/2013As consequências do processo de urbanização das cidades estiveram em foco nas exposições realizadas pelo MAM-BA
Gabriela Cirqueira e Karen Monteiro
Poluição, favelização crescente, inacessibilidade, congestionamentos, degradação histórica e ambiental são alguns elementos atuais do retrato urbano das principais metrópoles do país. Os reflexos do crescimento desordenado e o processo de desenvolvimento urbano e humano das cidades são os temas das exposições Esquizópolis – Os premiados dos Salões de Artes Visuais da Bahia 2012 – e Tupy Todos os Dias. As mostras do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) estabeleceram diálogo entre a história e o contexto atual da Bahia para compreender o desenvolvimento sociocultural e urbano do estado.
A exposição Tupy Todos os Dias resgata as propostas artísticas do artista plástico e professor da Escola de Belas Artes da UFBA, Juarez Paraíso, que ocupavam as paredes da sala de espera do cinema de rua “Cine Tupy”, em 1968, e suas relações entre arte e urbanização. A intervenção é uma das integrantes do projeto “A Sala do Diretor”, que conta com trabalhos de dez artistas de diferentes gerações, como Sante Scaldaferri e Tuti Minervino, ao lado da pintura “O Touro”, da modernista Tarsila do Amaral. A proposta é uma possibilidade para que o público e os artistas se utilizem do espaço de trabalho da direção do MAM, como mais um território para a ocupação artística e convivência com novas experiências com a arte.
Paraíso e o Tupy – Os painéis de Juarez Paraíso no “Cine Tupy” foram destruídos com a venda do cinema para a empresa Companhia Internacional de Cinema (CIC), mas ainda integram a memória dos espectadores da exposição, dentre eles o motorista Flávio Rodrigues. “Ouvíamos muitas histórias sobre os filmes e depois sobre o sexo no Tupy, mas o que me encantava mesmo no cinema eram aqueles painéis enormes, de 30,40 metros, tão coloridos, no meio daquele cenário caótico. Era um mundo cheio de vida para um garoto recém-chegado na idade adulta. Só hoje, nesta visita ao MAM, descobri quem era o responsável por aquela grandiosidade que continua a me encantar”. No vídeo a seguir, Juarez apresenta a suas obras no Cine Tupy, em 1971:
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Babilônia urbana – A exposição Esquizópolis, resultado da parceria entre MAM e Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), analisa criticamente o processo do desenvolvimento urbano das cidades baianas, através de obras premiadas no “Salão de Artes Visuais da Bahia 2012”, como Maracutaia S/A, O Cambista, Autopoiese, Coma Meu Coração Sem Pena, Que Não Foi de Ninguém, Escolha Sua Garota Favorita e Compartilha e Curte, realizados em Irecê, Jequié e Juazeiro, além de trabalhos pertencentes ao acervo do museu.

"Prometeu e São João brincando de inquisição em paisagem cruzalmense grande", de Zé de Rocha, integra a mostra Esquizópolis
Nas obras, elementos urbanos e arquitetônicos das cidades se misturam com intervenções de 17 artistas, dentre eles o fotógrafo Alex Oliveira. O artista retrata o imaginário construído durante o período da infância e adolescência, em que morou na cidade de Jequié, na exposição nomeada Cidade Babilônia. A obra evidencia um espaço urbano abandonado, em ruínas, como tantos outros que tendem a ser esquecidos nos cenários urbanos, pelo fluxo diário do cotidiano.
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“A exposição Cidade Babilônia é formada por fotografias de um shopping em Jequié, cuja construção foi um marco, mas nunca chegou a ser inaugurado, tornando-se um grande elefante branco. Em um dos meus retornos à cidade resolvi documentar o local e enviar ao Salão de Artes Visuais, com a proposta de retratar a invisibilidade atual de um símbolo do que poderia ser o progresso e sua arquitetura cuja fisicalidade desmorona, mas que ainda resiste na luta com o tempo”, destaca Alex.
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