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Astroterapia: do zodíaco para o consultório

Rafaela Oliveira e Yumi kuwano - 27/12/2017

Conheça o método terapêutico que usa a astrologia como base de tratamento

Salvador é terra de fé. Há quem não dispense fitinha do Senhor do Bonfim amarrada no braço e não falte a festa de 2 de fevereiro no Rio Vermelho nem que chova canivete. Outros não abrem mão de fazer o sinal da cruz em frente à Igreja e agradecer a Nossa Senhora pela graça alcançada. Tem ainda quem não sai sem a Bíblia debaixo do braço e tem certeza que Jesus está voltando – amém, irmão? Em terra de múltiplas crenças e cultos, também tem gente que apela para o zodíaco na hora da espiritualidade. A técnica se chama astroterapia. E pesa no bolso: uma sessão de 3 horas chega a custar R$350.

Aliando psicologia e astrologia, a astroterapia é um método de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Ela se baseia, antes de tudo, no mapa astral do paciente. Também chamado de ‘mapa natal’, ele mostra a posição correta dos astros e dos signos do zodíaco em relação à Terra no momento que a pessoa nasceu. “Não é um trabalho de previsão, é de autoconhecimento. Não estou interessada em ver o futuro das pessoas e sim de conhecê-las”, explica a astroterapeuta Denise Dinigri.           

Com 25 anos de profissão, Denise é formada na Universidade Livre de Educação Cósmica (Unikósmica) – instituição voltada para estudos espirituais fundada em 2008 em Salvador – e também cursou Pedagogia, apesar de não ter finalizado a graduação. Antes de tudo isso, já era astróloga.“As pessoas queriam ser acompanhadas pelo mapa e continuavam o tratamento”, relata ela, que defende que o método é indicado para qualquer pessoa. “Eu gosto muito do propósito de compreender desafios básicos, buscar soluções internas para os desafios, que podem ser questões familiares e refletir na comunicação, por exemplo”, observa.

Como funciona
Tudo começa com o desenho do mapa astral. Depois, Denise oferece algumas formatações. “Em 3 meses são 12 encontros, onde a gente mergulha nas temáticas apontadas pelo mapa. As 12 casas (planetas) geram 12 grandes temas. Outra possibilidade é fazer a roda da vida e as sínteses, onde a gente trabalha os eixos em sete encontros”, explica.

Infográfico do mapa astral. Reprodução

Além disso, é possível pegar os 4 elementos do mapa e concentrar em áreas específicas, como vida amorosa e financeira. A análise pode ser do ano atual ou através da astrobiografia, que investiga a vida inteira. “São muitas oportunidades dentro da astrologia. Basta ter olhar mais amplificado e buscar o despertar da consciência. É esse o trabalho que eu faço”, assegura.

Formada em artes, Rita Martins também é astroterapeuta. Ela, que sempre quis fazer Psicologia, acabou optando pelo outro curso para poder se aprofundar no que mais a interessava. “Quando estudava artes, me aprofundava na formação das terapias”, relata. Durante os 20 anos que tem de profissão, Rita, além de participar do 1º Simpósio de Astrologia de Salvador, em 1992, fez diversos cursos ligados a espiritualidade cósmica, como reiki usui e shiatsu, ambas técnicas orientais. No entanto, seu foco é outro. “O mais importante para mim é a Terapia Sistêmica Fenomenológica Integrativa. Fiz o curso fora do Brasil”, acrescenta.

Além da consulta presencial, Rita também faz a leitura do mapa astral virtualmente

Conhecida como TSFI, a técnica é um método terapêutico que consiste na análise das relações familiares e profissionais das pessoas por meio da observação fenomenológica e energética. Tudo isso, usando música e xamanismo – prática etnomédica ligada ao misticismo.

Os atendimentos com Rita nem sempre precisam acontecer presencialmente. “A pessoa me passa os dados de nascimento, calculo o mapa natal e faço a primeira sessão de atendimento, que é a leitura desse mapa”, explica ela. Nesse momento são detectados os desafios do paciente na sua jornada de crescimento na Terra.


Mas e na prática?

Paciente de Denise há 5 meses, a professora Nandi Leone, 50, conheceu a astroterapia através de um amigo. Ela, que já frequentou diversos terapeutas, confessa que o método é diferente de tudo que já experimentou. “Sinto uma conexão com a minha alma em um diálogo onde posso sentir e ouvir essa parte de mim que estava escondida até então”, garante Nandi, que recomenda a técnica para quem busca se conhecer melhor. “Eu não acredito em autoconhecimento sem ter a noção do seu mapa”, completa.

Aos 36 anos, Lidiane Santos é técnica em eletrotécnica e se autodenomina uma mulher feliz e bem sucedida. O fato, segundo ela, se deve a astroterapia. “Minha vida mudou. Tenho segurança, arrisco mais. A terapia holística traz  uma descoberta atrás da outra”, sustenta. Adepta desde 2010, Lidiane conta que tudo estava indo mal na época, incluindo a vida profissional. “Estava de cabeça para baixo, sem perspectiva, nada de concreto na vida. Com pouco mais de 6 meses, as coisas começaram a melhorar”.

Florais

Alguns astroterapeutas aliam o seu trabalho a terapia floral. Essa terapia, que promete tratar doenças através do alcance do equilíbrio emocional do paciente, foca na personalidade e não na enfermidade. “Os florais são agentes que promovem um reequilíbrio entre o Eu e o Ego, para acalmá-lo”, afirma Ana Cláudia, que trabalha na Flora, farmácia que produz e comercializa produtos e serviços para a promoção da saúde bem-estar, há 20 anos

Diferente da homeopatia, em que os medicamentos são produzidos a partir de substâncias de origem vegetal, mineral e animal, ela é apenas baseada na essência das flores. Além disso, enquanto a primeira acredita que a cura de um problema pode ser tratado com um medicamento similar à doença, na terapia floral, a cura é alcançada pelas virtudes do paciente.

Astroterapia x Psicologia

Apesar da nítida relação entre psicologia e astroterapia, isso não significa que psicólogos possam ser astroterapeutas. Segundo Helena Miranda, psicóloga fiscal do Conselho Regional de Psicologia da Bahia, a astroterapia não existe dentro da psicologia e pode levar o psicólogo a responder processo ético dentro do conselho. “O Conselho Federal é que vai aprovar os métodos e técnicas para o exercício dos psicólogos. Essa é uma terapia que não é reconhecida”, destaca Helena.

Outros profissionais, como os psicoterapeutas, podem trabalhar com o método cósmico. Segundo a fiscal, a psicoterapia é livre, mas o profissional de psicologia não pode trabalhar com questões que não sejam científicas. “Por qualquer prática que o psicólogo inscrito no conselho desenvolva, se ela não for reconhecida pela psicologia, ele estará passível de responder por isso”, ressalta.

Investimento

Para quem se interessou, o investimento para atendimento com Denise é dividido entre o mapa astral, R$ 350 com duração média de 3 horas, e a terapia, com 4 sessões mensais, por R$ 350. Porém, caso a pessoa não possa pagar, ela oferece a terapia solidária. “Nunca deixo de fazer um trabalho porque a pessoa não pode pagar. Se eu perceber isso em algum momento, se eu ver que ela precisa e não tem como desembolsar esses valores a gente dá um jeito. Eu nunca me limito, minha lua em aquário me faz ser livre, também profissionalmente. Eu amo isso”, esclarece.

Já com Rita Martins, a leitura do mapa completo é R$250, com duração de 2h30. A leitura dos trânsitos fica por R$180, uma constelação R$200 e as sessões complementares de terapia variam conforme acordo entre ela e o cliente.

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