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Ba-Vi: uma paixão sem limites
- 14/08/2013História da dupla Ba-Vi e paixão dos torcedores viram tema de livro do jornalista Raphael Carneiro
Danilo Pestana e Vander Batista
Apaixonado por futebol desde criança, o jornalista Raphael Carneiro, 25 anos, transformou o interesse pelo esporte em livro. Baiano, o então graduando de Jornalismo decidiu, em seu trabalho de conclusão de curso, contar a história dos dois principais times de futebol da Bahia. “Ba-Vi: uma paixão sem limites” é um registro da história da dupla Ba-Vi contada através dos relatos de torcedores. Do mais simples, que acompanha o time na arquibancada, até os dirigentes, que tem o poder de decidir o futuro dos clubes. Carneiro contou ao Impressão Digital 126 como foi o processo de criação do livro, além de dar sua opinião sobre a paixão das torcidas.

Apaixonado por esporte, o jornalista Rapahel Carneiro sempre quis escrever um livro | Foto: Acervo pessoal
Impressão Digital 126 – “Ba-Vi: uma paixão sem limites” conta a história de Bahia e Vitória através de depoimentos, principalmente, de torcedores. Como surgiu a ideia de escrever o livro?
Raphael Carneiro – A ideia do livro surgiu nos últimos anos da faculdade quando estava pensando em meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Passei pouco mais de um ano e meio maturando o processo e escolhendo como seria a abordagem. Sempre quis escrever um livro e acabei juntando a paixão pelo esporte. Foi bem fácil decidir o que seria e como seria o projeto.
ID 126 – O Ba-Vi é o maior clássico dos Norte/Nordeste e a rivalidade entre as torcidas está entre as mais conhecidas do Brasil. Ouviu muitas reclamações sobre prestigiar mais um time do que outro?
RC – Procurei, desde o início, manter um equilíbrio entre os dois lados. Já trabalhava na editoria de esportes da Tribuna da Bahia desde 2006 e sabia dos “problemas” que poderia ter por dar mais visibilidade a um lado do que o outro. Tanto é que, em todos os capítulos, tive o trabalho de tentar ter o mesmo número de páginas. Claro que houve um maior do que outro em algum momento, mas a todo o tempo eu procurei esse equilíbrio. O livro impresso, inclusive, tem um design diferenciado com duas capas: uma para cada time. Em relação às críticas, pelo que lembre, até agora ninguém reclamou não (risos).
ID 126 – Você ouviu muitos torcedores para escrever o livro. Tem alguma história que te marcou mais? Pode citar uma de cada torcida?
RC – Ouvi torcedores comuns, os desconhecidos das arquibancadas, aqueles famosos, dirigentes, ex-jogadores e também integrantes de torcidas organizadas. Do lado do Bahia, um caso que me marcou bastante foi o do torcedor Rômulo Bahia. A casa dele é toda decorada com o escudo do time. Do botijão de gás à cama. Em todo canto tem um escudo, uma fotografia, uma camisa. No Vitória, acredito que a história de vida da tocedora Rosicleide (que é casada com um tricolor) é a mais impressionante. Ela realmente sente o time. Vive cada alegria e cada tristeza da equipe e o reflexo, muitas vezes, está em sua saúde.
ID 126 – Depois de escrever o livro, qual a sua opinião sobre a paixão que o torcedor sente pelo time?
RC – Acredito que o torcedor é muito mais apaixonado do que imaginamos. A relação das torcidas baianas com seus dois principais clubes é visceral. O resultado de um jogo ou a fase do clube interferem diretamente no dia-a-dia das pessoas.
ID 126 – Quais as principais diferenças você percebeu entre o perfil das duas torcidas?
RC – A torcida do Bahia é mais emotiva, mais ligada ao time, mais apaixonada. A torcida do Vitória é mais racional, mais exigente. Cada uma é apaixonada à sua maneira.
ID 126 – Nos últimos anos, os times baianos chegaram a disputar a Série C do Campeonato Brasileiro. Essa má fase dos times interferiu de alguma forma a paixão do torcedor?
RC – Acredito que essa fase ruim dos dois times serviu para aproximar o torcedor ainda mais de seus clubes. É como se diz: no momento de dificuldade a gente reconhece o verdadeiro torcedor.
ID 126 – As principais torcidas organizadas da dupla Ba-Vi protagonizam cenas de violência pela cidade a cada clássico. Você acha que essa rivalidade é oriunda do clássico ou apenas disputas entre os
dois grupos rivais?
RC – Durante a produção do livro, passei uma semana frequentando a sede de cada uma das principais torcidas organizadas. O que percebi é que o problema de violência não é, exatamente, ligado ao futebol. São rixas locais, grupos rivais de bairros, que se evidenciam nas torcidas organizadas. É um problema social e precisa ser combatido como tal. Há, também, muito consumo de droga nessa meio.
ID 126 – Depois de dez anos, os dois times voltaram a se enfrentar pela Série A e uma das principais novidades foi a Arena Itaipava Fonte Nova. O formato de arena, implantado nos principais estádios do país para a Copa 2014, realmente mudou o perfil dos torcedores no estádio?
RC – Mudou. O valor do ingresso aumentou e os torcedores que fizeram a história de Bahia e Vitória não têm mais condições de ir ao estádio. Quando vão, estão lá somente em um jogo no mês. Mas era algo esperado com a tão pedida modernização dos estádios. O ideal seria que houvesse um setor com preços mais populares para não afastar aqueles que sempre estiveram acompanhando seus times.
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