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Baianos fazem quadrinhos por amor

- 09/09/2013

Profissionais falam sobre as dificuldades de se trabalhar com quadrinhos, sobre os preconceitos e as alternativas para quem deseja investir na área

Thuanne Silva

Apesar de existirem muitos que trabalham com os quadrinhos, tirar deles o sustento é bastante difícil, principalmente para os talentos locais que trabalham de forma independente na Bahia.  “O principal desafio de se trabalhar, especialmente no Bahia, é ter como manter e bancar isso. Raros vivem de sua arte”, explica Valmar Oliveira. Falta de apoio, visibilidade e respeito são as principais dificuldades apontadas por ele. “Todos que fazem quadrinhos na Bahia, fazem por que gostam, por amor. Não há respeito para quem faz isso por aqui, somos vistos como loucos, excêntricos, nerds, abobados, etc. Resta cairmos para o ramo da ilustração, propaganda, cartilhas, educação”.

Valmar Oliveira

Não faltam publicações brasileiras, porém, os artistas reclamam que há a preferência pelo quadrinho estrangeiro no mercado nacional. “O mercado brasileiro underground, independente, tem muitas publicações, muitos bons autores, mas o público em sua grande maioria prefere o quadrinho estrangeiro”, opina Valmar. Luís Augusto concorda: “Creio que o mercado nacional ainda tem os olhos muito voltados para o que é produzido fora e não vê estímulos para desenvolver parcerias com artistas locais e fortalecer os nossos próprios talentos e produções”.

Novos caminhos – Marcelo Lima concorda que é uma área difícil na Bahia, mas que afirma que consegue ganhar dinheiro com os roteiros que faz devido aos editais ou criando para instituições. “Neste momento, por exemplo, eu, mais um desenhista e um colorista recebemos uma ótima bolsa de criação para adaptar o romance O Bicho que chegou a Feira, de Muniz Sodré, uma ficção sobre a ditadura no interior da Bahia. O projeto foi proposto por nós e aprovado no Fundo de Cultura da Bahia”. Para o historiador e criador do blog Quadro a Quadro, Lucas Pimenta, os editais públicos e sites de financiamento coletivo como o Catarse são novos caminhos para a produção nacional.

Luís Augusto e seu filho, Ben

Apesar desses tipos de financiamento, ainda há a dificuldade de distribuição. “Muitos grandes talentos nossos tem conseguido produzir, de modo praticamente artesanal, a partir de leis de incentivo, edições muito bem feitas de seus trabalhos, mas estes mesmos artistas tem uma dificuldade enorme em fazer a distribuição deste trabalho”, avalia Luís Augusto. Esta nova geração tem se movimentado bastante com a ajuda das redes sociais. “Muitos estão conseguindo se unir e encontrar espaços para expor e divulgar sua arte, trocar experiências e continuar acreditando”, opina. “Nos dias de hoje, já não dependemos mais da publicação impressa e muitos artistas tem se mostrado através da Internet e nela, alguns tem milhares de seguidores, e só depois do sucesso virtual, esses artistas estão publicando seus livros”, comenta Lucas Pimenta.

Escolas e universidades – Apesar de ainda existir preconceito com relação aos quadrinhos, atualmente, eles estão se inserindo cada vez mais nos ambientes de ensino, como em escolas e universidades. “No exterior já existem cursos em faculdades voltados para esse universo. Aqui tudo caminha a passos lentos, mas pouco a pouco acabaremos com esse preconceito”, avalia Valmar Oliveira, que além de quadrinista, realizou seu TCC e especialização relacionados ao tema.

“A pesquisa acadêmica tem demonstrado a complexidade desta arte e revelado o quanto de potencial narrativo ela possui. Um fator interessante é o surgimento de professores-quadrinhistas, algo comum em cursos como Artes Visuais, Teatro, Cinema, etc”, comenta o jornalista e roteirista Marcelo Lima.  Já Lucas Pimenta, como admirador e fã dos quadrinhos, utiliza-os nas aulas de História que ministra, mas reforça que ainda há preconceito, mesmo por parte dos jovens. “Como professor, gosto muito de usar quadrinhos em sala de aula e até mesmo entre os jovens, nem sempre os quadrinhos são bem aceitos”, revela. Porém, ele reconhece a presença dos quadrinhos nos meios acadêmicos.  “A verdade é que a academia tem abraçado outros objetos de estudo. Os quadrinhos, o cinema, o teatro, entre outros, figuram várias teses acadêmicas a cada ano que passa”.

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