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Bandeirão do Centro Educacional Santa Rita
Luís Felipe Brito, José Cairo e Felipe Iruatã - 03/07/2018O mês de junho, tradicionalmente, é um mês de festa na região Nordeste. Os festejos da época para as comemorações dos dias de São João (24) e São Pedro (29) deixam as ruas da capital e do interior mais enfeitadas. As portas das casas, as avenidas, as calçadas, todas são cobertas com as decorações típicas dessa época do ano.

Largo de Roma no clima da Copa do Mundo/ Felipe Iruatã
Mas, de quatro em quatro anos, duas cores predominam nos enfeites juninos: o verde e amarelo. Nesse período, os festejos coincidem com a Copa do Mundo, o maior evento de futebol do planeta. Em todos os cantos da cidade tem uma televisão ligada para assistir aos jogos que passam no período de um mês.
Maria José, mais conhecida como a professora Lia, de 74 anos, não deixa faltar empolgação no Centro Educacional Santa Rita, localizado no bairro de Roma, na Cidade Baixa, em Salvador. Lá, há 32 anos, ela é conhecida pelas suas bandeiras. Mas não se trata de qualquer bandeira. No caso desta, é a maior do Brasil, segundo os organizadores. Tudo isso feito para homenagear a Seleção Brasileira na Copa do Mundo.
Este ano, o Bandeirão teve 3.600 m², e foi a maior já confeccionada pela escola. No dia 9 de junho, a bandeira gigante saiu às ruas em desfile pelo bairro do Bonfim, também na Cidade Baixa, como já é tradição em anos de Copa.
Alguns alunos, ex-alunos, professores e a própria comunidade ajudam a transportar, acompanhados por trios elétricos e, excepcionalmente este ano, também por uma fanfarra.
“Esse ano a gente queria chegar a 5.000 metros, mas não tem quem carregue. Ela fica muito comprida e não tem controle. No dia do desfile, vem muita gente pra ajudar. Mas nos dias normais, pra colocar a bandeira só com os estudantes da manhã, por exemplo, não dá. Tem que ser os alunos dois turnos juntos. Aí resolvi parar nos 3.000 metros mesmo. Tem muita gente que gosta. O povo brasileiro precisa de alegria, de festa, aqui ninguém faz nada. Brasileiro é alegre, brincalhão, hoje está perdendo isso. Por isso que eu luto para que a festa fique bonita, para que as pessoas se entusiasmem, mesmo que a gente perca de 14 a 0, mas valeu. No dia que o Brasil perdeu por 7 a 1 [ para a Alemanha, em 2014], eu tive raiva. Arranquei todas as bandeirolas. Não ficou nada na rua. Guardei a bandeira, tudo. Aquilo foi horrível“, admite Pró Lia, dona da escola há 50 anos.
Mas quem vê apenas o desfile ou as imagens pela televisão não imagina todo o trabalho envolvido para que a bandeira fique pronta. São muitos meses de costura, e todo esse processo mexe com o andamento da escola e da comunidade. A responsável pela confecção do Bandeirão atende pelo nome de Maria Corrêa, mais conhecida como Dodô. Na sua mesa, em frente a uma das salas, ela comanda a máquina de costura. Desde o início, é ela quem controla a qualidade da flâmula.
“A bandeira começou com 200m, depois foi para 500… agora estamos indo para 3.600 metros². Me sinto orgulhosa de estar ajudando com esse bandeirão. É um projeto maravilhoso”, explica Dodô, que continua “Tem algumas pessoas que me ajudam. Mas eu gosto mais de trabalhar só, que eu tenho o controle do processo. Meu trabalho eu gosto perfeito. Eu tenho 50 anos como costureira. Cada um tem seu estilo de costura”, enfatiza.
Com o passar dos anos, e com o crescimento do Bandeirão, a escola teve a ideia de colocar a Copa do Mundo como uma atividade pedagógica. Professora Sônia, que leciona Português e Redação na instituição, está na Santa Rita desde a primeira bandeira, em 1986, e acompanhou de perto todo o processo. Hoje, com a escola totalmente caracterizada, as crianças aprendem um pouco mais sobre outros países.
“Nós pegamos esse contorno dos países da Copa para que eles [os estudantes] conheçam a cultura, saiam desse espaço e conheçam a religião, dança, de outros países, principalmente dos que estão na chave do Brasil. Mas o principal é o sentimento de patriotismo”, conta Sônia.
Inspiração no atacante
Há quatro anos, no Jardim Peri, bairro de São Paulo, o jovem Gabriel Jesus, que na época atuava na base do Palmeiras, tem uma famosa foto, que é compartilhada no mundo todo, na qual pintava a calçada com amigos à espera do jogo do Brasil no mundial de 2014. Quatro anos mais tarde, o atual jogador do Manchester City é o atacante titular da Seleção Brasileira, já foi campeão brasileiro pelo Palmeiras e teve o rosto pintado em paredes do bairro onde morava como homenagem e incentivo para a Copa do Mundo.
Pintando a rua para a copa de 2014 ⚽️ pic.twitter.com/U5tjOATgNY
— Gabriel Jesus (@gabrieljesus33) 30 de maio de 2017
Muito orgulhoso de ver isso acontecendo ao voltar onde tudo começou, no Jardim Peri. Alô Mãe! Obrigado @adidasfootball e a minha comunidade! So proud to see this happening back where it all began in my hometown, Jardim Peri. Alo Mae! Thank you @adidasfootball and my neighborhood pic.twitter.com/34VNRyYtFJ
— Gabriel Jesus (@gabrieljesus33) 21 de maio de 2018










