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“Blogueira sim, e com orgulho!”

- 14/08/2013

Como principal dificuldade em exercer a “profissão blogueira”, elas destacam a falta de investimento de empresas locais que não acreditam no poder da blogosfera

Luana Oliveira e Tayse Argôlo

Blogueira de moda. Certamente essa não é uma resposta que os pais esperam ouvir de suas filhas ao perguntarem o que elas querem ser quando crescerem. Mas ao conversar com quem já cresceu, não se espante em ouvir essa resposta como uma definição profissional.

Em um cenário mundial onde as blogueiras têm lugar reservado nas primeiras filas dos desfiles mais importantes das estações, o Brasil hospeda sete sites do ramo que estão entre os mais influentes do mundo, de acordo com o site de pesquisa Signature9. Na Bahia, os blogs de moda mais acessados têm, em média, três a quatro anos de existência e, apesar de não termos nenhum exemplo projetado nacionalmente, algumas soteropolitanas caminham para o reconhecimento,atraindo anunciantes e gerando retorno financeiro a partir dos seus sites.

Aninha Varjão, 29, é blogueira há mais de dois anos e tem canal no youtube com tutoriais de maquiagem. Foto: Tayse Argôlo

Dedicação exclusiva – A jornalista Marcele Neves, 24, iniciou o seu Sutiã de Bolinha, no começo da faculdade, há quatro anos. Depois de um ano e meio como blogueira, ela foi procurada pela Couro & Cia, uma marca cearense de acessórios de couro, que possui lojas em todo o Brasil, para um acordo comercial de nove meses, que envolveu compra de espaço publicitário no blog. “Eu fui contratada para ser uma embaixadora da marca em Salvador. Foi neste momento que assimilei que o blog poderia me trazer retorno financeiro”, explica Marcele.

O que aconteceu com Marcele demonstra os primeiros passos para um reconhecimento, pelo mercado, de uma atividade que há poucos anos era tratada como hobby. Para a editora de moda Gabriela Cruz, Salvador está na sua segunda geração de blogueiras: “As primeiras, que surgiram há nove anos, já sumiram, optaram por suas carreiras profissionais e os blogs acabaram”. Para que esta segunda geração não siga o mesmo caminho, é necessário grande dedicação e seriedade no trabalho. “Tem muita gente que gosta de ter blog para ir aos eventos de graça, a turma de Salvador tem muito de ôbaôba“, completa Gabriela.

A visão profissional possibilitada pela graduação em Design de Moda e o trabalho como consultora de imagem, não garantiram lucro imediato ao blog de Maria Regina Vivas, 24. “Depois de dois anos que comecei o blog, só agora estou sendo remunerada para divulgar marcas, pois muitas empresas querem fazer pagamentos em produtos”. Ana Varjão, 29, bacharel em Direito e autora do “Saia Plissada”, fala de uma realidade semelhante: “As marcas de fora são as que mais valorizam o nosso trabalho. Com o mercado de Salvador, ainda não consigo viver do blog”, afirma. “Ser blogueira aqui é mais um investimento pessoal na própria vaidade que no retorno financeiro”, analisa Gabriela Cruz.

Mamá Vivas, 24, tem mais de 1 500 seguidores no Instagram e garante que lá a visibilidade é maior. Foto: Tayse Argôlo

Look do dia e publicidade – Os investimentos do mercado da moda em Salvador ainda estão em processo de amadurecimento para reconhecer profissionalmente o trabalho das blogueiras. No âmbito da comunicação, por possuírem uma linguagem específica, o poder de influência dos blogs já é um fato. Para Elane Varjão, diretora de comunicação integrada na Varjão& Associados, a divulgação nessa plataforma vale a pena porque “é uma certeza de que a informação chegará ao público certo”. Mesmo assim, alguns empresários ainda são bastante tradicionais. O coordenador do Núcleo Digital da Agência Ponto K Comunicação Criativa, Vinicius Santos, conhece a resistência de empresas que não concordam em fazer parcerias com blogs. “São empresas que não conhecem o potencial do marketing digital. Seus empresários precisam entender que os blogs já não são mais coisa de sobrinho que escrevia em uma página na internet”.

Anúncios e postagens patrocinadas são alguns dos recursos que as blogueiras utilizam para obter retorno financeiro. Em sua monografia sobre o tema, a jornalista Mariana Caldas pontua que as blogueiras cobram para dar crédito a um produto. Em alguns casos, as marcas enviam produtos, os conhecidos “jabás” (presentes enviados à imprensa) e, como forma de agradecimento, os blogueiros fazem posts recomendando o que receberam.Os posts intitulados de look do dia são um exemplo disso. “A loja vai me disponibilizar a peça e, de acordo com a nossa parceria, eu uso a roupa e a indico. Como pagamento, tem loja que oferece produto e outras oferecem dinheiro”, explica a blogueira Carol Lisbôa, do L’Deluxe.

Entretanto, a prática do publipost, quando este é velado, é recriminada pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Em setembro de 2012, um grupo de blogueiras famosas nacionalmente recebeu uma advertência pública do órgão, recomendando que deixassem bem claro para o leitor quando um de seus posts for patrocinado por uma marca e tenha natureza comercial. As blogueiras Thássia Naves, Lala Rudge e Mariah Bernardes haviam feito posts com imagens de produtos da marca YSL, que é comercializada na Sephora, quase que simultaneamente, com textos bastante similares, o que chamou a atenção das leitoras. Thássia e Lalá responderam com posts em seus respectivos blogs, afirmando que “não há nada de fake” em suas indicações de produtos. “Aqui é tudo muito real e mostramos quem realmente somos, o que realmente usamos”, escreveu Lala Rudge na época.

Segundo o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, “blogs não podem tentar disfarçar ou fazer com que o consumidor não perceba que se trata de propaganda comercial”. Para evitar este tipo de situação, a blogueira Amanda Dragone, do “Rasgando Seda”, garante que todos os posts publicitários em seu blog vêm sinalizados como tal. “Não apenas por obrigação, mas por consideração aos leitores. Acredito que isso ajuda a criar uma relação baseada em confiança”.

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