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Cinema, feiras e urubus
- 04/07/2012Documentário revisita as origens históricas da feira de São Joaquim e registra seus últimos dias antes das obras de revitalização realizadas pelo governo do estado.
Caio Sá Telles
“Foi o cinema que me conduziu à feira”, diz Fabíola Aquino Coelho. A diretora de cinema, natural de Caculé no interior da Bahia, acaba de lançar o documentário Água de Meninos – A Feira do Cinema Novo. O filme, apoiado pela Demanda Espontânea do Fundo de Cultura e pela Secretaria de Cultura do Estado, já teve exibições gratuitas no Cine Cena Unijorge e no próprio galpão Água de Meninos,em São Joaquim. Para quem ainda não pôde assisti-lo, uma nova sessão será aberta dia 30 de julho no Cine Solar Boa Vista.
Em seu primeiro longa-metragem documental, Fabíola resgata duas importantes obras da produção cinemanovista: A Grande Feira e Sol sobre a Lama; lançadas respectivamente por Roberto Pires, em 1961, e por Alex Viany, em 1964. As filmagens dessas duas ficções foram realizadas nas dependências da antiga feira de Água de Meninos que, após ter sido completamente destruída por um incêndio de causas escusas em setembro de 1964, deu origem à atual feira de São Joaquim.
O documentário reúne depoimentos de diversas personagens que acompanharam de perto a história desses dois importantes centros de abastecimento popular de Salvador. O músico Mateus Aleluia, em certo momento da narrativa, abre um debate bastante oportuno sobre o momento pelo qual a feira atravessa hoje. “Você não pode fazer nenhuma intervenção num coletivo sem que você englobe esse coletivo na intervenção. Se não, a intervenção falha”, pontua o antigo integrante do grupo Os Tincoãs.
Água de Meninos – A Feira do Cinema Novo assume um valor histórico páreo ao dos filmes A Grande Feira e Sol sobre a Lama. Ele documenta os últimos dias de São Joaquim antes da transformação – não criminosa dessa vez, porém igualmente violenta – empreendida por um novo projeto de requalificação do espaço. As obras foram iniciadas em janeiro de 2012 pela Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur) através da Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder) e avançam a passos de tartaruga.
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