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Direito de resposta do autor de “As bonecas de Fernanda”
- 06/04/2013“As bonecas retratadas em texto e imagens em nenhum momento têm intenção de desprestigiar ou ressaltar qualidades pessoais”, afirma o escritor Alexandre Azevedo
Ana Paula Lima e Raquel Santana
Desde o início do ano letivo em Salvador um assunto tem causado muita polêmica entre os professores da rede municipal: a adoção do método de ensino proposto pelo Instituto Alfa e Beto (IAB). O material, comprado sem licitação, custou aos cofres públicos cerca de R$ 12 milhões. Segundo educadores, por conter textos preconceituosos e focar em uma perspectiva quantitativa de aprendizagem, ele não deve ser implementado nas escolas municipais soteropolitanas.
A repercussão do assunto levou Alexandre Azevedo (autor do texto “As bonecas de Fernanda”, contido no manual do professor, intitulado “Para ler com fluência”) a se pronunciar. Um dos trechos da carta escrita por ele, diz o seguinte:
“As bonecas retratadas em texto e imagens em nenhum momento são caracterizadas com intenção de desprestigiar ou ressaltar qualidades pessoais. A qualidade a ser observada, quando da leitura do texto, é o carinho que a menina Fernanda decide dedicar ao brinquedo preferido e é só isso”.
Este trecho da carta foi destinado a responder às críticas que o vereador, Silvio Humberto, presidente da Comissão de Educação da Câmara de Vereadores de Salvador, fez ao material. O político é ligado ao Instituto Cultural Steven Biko, organização com trajetória na luta pelas ações afirmativas, sobretudo na educação. Além disso, o vereador é uma das autoridades apoiadoras da causa do sindicato dos professores, contra a implantação do método.
Em sua defesa, Azevedo lembrou também o escritor Monteiro Lobato. No ano passado, o Conselho Federal de Educação classificou como racista o livro “As Caçadas de Pedrinho”, escrito em 1933. Na obra, a personagem Tia Nastácia, que é negra, era tratada de forma ofensiva: “Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão”. Alguns estados, como Mato Grosso e Paraíba, chegaram a retirar o livro do currículo escolar.
“Gostaria, por fim, de colocar-me à disposição de todos os que se interessarem em saber mais sobre as minhas obras (são 83 livros publicados por diversas editoras nacionais) ou mesmo dos que quiserem me bombardear de críticas e perguntas, já que, diferentemente do nosso grande Monteiro Lobato, ainda estou por aqui para responder por mim mesmo e por minhas criações literárias”, conclui Alexandro.
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