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Eles querem ser o Jacaré
- 11/03/2013Dançarinos da Bahia sonham em conquistar vaga deixada por Jacaré, no É o Tchan
Raulino Júnior
Bastou um famoso site de entretenimento publicar a notícia de que o grupo É o Tchan estaria de “novo moreno” (foi essa a expressão usada pelo jornalista Adan Nascimento, que assinou o texto), para o burburinho nas redes sociais começar. Alguns internautas parabenizavam o grupo por ter, supostamente, voltado às origens, com o trio de dançarinos. Outros condenavam a atitude e questionavam o motivo pelo qual o grupo não havia selecionado o profissional através de concurso, fórmula comum e desgastada que imperou no Brasil na década de 90 e no início dos anos 2000. Aí, o pagode estava feito.
Se antigamente o foco das atenções era pela vaga das mulheres (a morena e a loira) no grupo, hoje, a coisa mudou e muitos homens anseiam o lugar que um dia foi de Edson Cardoso, o Jacaré. A formação atual do É o Tchan conta com os veteranos Beto Jamaica e Compadre Washington, além das novas dançarinas Joyce Mattos e Elisângela Pereira, que foram selecionadas sem concurso. Jacaré, coreógrafo oficial do grupo na época em que dançava, ficou no É o Tchan durante 12 anos. Em 2006, saiu para seguir a carreira de ator. A partir daí, a esperança de uma possível seleção ficou na cabeça de muitos rapazes. A exemplo do dançarino profissional Henrique Benn, de 29 anos, morador do bairro de Mata Escura, na periferia de Salvador. Henrique dança desde os 13, já fez parte do balé de Nara Costa e no carnaval deste ano dançou com o Terra Samba. O baiano acalenta o sonho de entrar para a “família”, como ele chama, É o Tchan: “Se o Tchan fizesse concurso, eu me inscreveria, sim. Amo a banda e amo dançar. O sonho de qualquer dançarino é fazer parte do É o Tchan”, confessa. Henrique, porém, faz uma ressalva e critica a postura de Cal Adan, empresário-mor do É o Tchan, pelo fato de ele não colocar mais dançarino na banda. “Ele não sabe o erro que está cometendo. O Tchan deveria ter sempre a formação com três dançarinos. Mas Cal não dá oportunidade pra gente”, reclama.
Em entrevista concedida através do Twitter, o ex-dançarino Jacaré, de 40 anos, afirmou que o fato de o É o Tchan voltar a ter um dançarino depende, unicamente, dos atuais interesses do grupo. “Se hoje o grupo quer voltar a ter duas meninas e um menino, por que não? Deu certo no passado e pode dar agora também. Isso vai do interesse do próprio grupo”, pontuou.
Fazer parte da banda que embalou a infância de muita gente também é sonho do baiano Fábio Santana, de 30 anos. Morador de Castro Alves, cidade que fica localizada a 187 km de Salvador, Fábio é coreógrafo e integrante do grupo de dança Pankadão Baiano, que atua há sete anos no município. Ele dança desde os 13 e diz que o É o Tchan serviu de estímulo para isso. “Sou fã do Tchan desde os 13 anos.
Comecei a dançar por causa do grupo. Se tivesse concurso, eu participaria porque tenho um amor muito grande pelo É o Tchan. Seria também uma forma de fortalecer o meu grupo de dança, pois, caso fosse o vencedor, ia tentar conciliar o Tchan com o Pankadão”, fala esperançoso.
Contudo, os candidatos à vaga de Jacaré vão ter que esperar mais um pouco, uma vez que a produção do É o Tchan descarta a possibilidade de realização de concurso para tal fim. “O caminho agora é outro”, afirma Cal Adan, 50 anos, dando fim às especulações. Depois do burburinho, o grupo postou uma nota em sua página oficial do Facebook desmentindo a contratação de um novo dançarino. Mas, como no mundo artístico tudo pode acontecer, a esperança é a última que morre mesmo.
Observação: os depoimentos dos dançarinos foram obtidos através de troca de mensagens no Facebook.
O pagode desce, que desce, que desce?
“Gosto de pagode. Acho gostoso como gênero”
O pagode baiano por Jacaré, Ex-É o Tchan