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Escola municipal de Salvador é referência no ensino da História Afro-brasileira
- 14/08/2013Entre 2007 e 2011, a escola conquistou três prêmios de gestão e qualidade de ensino por trabalhar a temática
Luana Velloso e Miriane Oliveira
Um exemplo bem-sucedido de aplicação da Lei 10.639/03 é o da Escola Municipal Parque São Cristóvão Professor João Fernandes da Cunha, localizada no bairro Parque São Cristovão, que virou referência e já ganhou três prêmios de gestão e qualidade de ensino entre 2007 e 2011 por elaborar projetos que trabalham a identidade afro-brasileira nas disciplinas curriculares.
A ex-diretora da instituição, Jacilene Nascimento, foi a responsável pela aplicação da lei já em 2003, quando foi sancionada. Ela conta que trabalhou a identidade afro-brasileira no currículo e na proposta pedagógica da escola e que os prêmios conquistados a partir dessa iniciativa deveriam servir de exemplo para outras unidades. “Essa iniciativa deveria ter sido aproveitada como patamar para outras escolas municipais, mas ficou restrita”, avalia.
Em 2007, a instituição foi a representante da Bahia no Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar, promovido pelo Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed), tendo como ano-base 2006. O prêmio reconhece exemplos de gestões eficazes e estimula a melhoria do desempenho escolar, avaliando o aprendizado dos alunos.
Já em 2010, a escola foi eleita como a primeira do Nordeste e segunda do Brasil em qualidade da educação pelo Serviço Social da Indústria (SESI). Foram destacados os projetos Baobá, Os Mitos Africanos na Intervenção Prática Educativa, Letramento, Leitura e Teatro na Escola. Em 2011, a unidade foi destaque estadual no Prêmio Gestão Escolar – ano base 2010, também realizado pelo Consed.
Ideb – O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) também melhorou. Aumentou de 3.6 em 2005 para 5.3 em 2011, o que reflete as práticas empregadas na escola. O índice é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar e média de desempenho nas avaliações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e a Prova Brasil.
De acordo com Jacilene Nascimento, as atividades desenvolvidas na escola são voltadas para a integração com a comunidade. Além do acompanhamento do corpo docente e dos funcionários da unidade no desenvolvimento de cada aluno, a escola recebe também o apoio de pais de alunos.
Ainda segundo ela, em 2003, quando implantou a cultura afro-brasileira na grade curricular da escola, não havia material suficiente que abordasse o tema. Por isso, foram preparados, pelos próprios professores, alguns módulos que serviriam como material didático. “Logo após, a rede municipal comprou um grande acervo de livros de literatura para dar suporte para as escolas, mas na maioria delas esse trabalho não é utilizado, os livros e cadernos são engavetados”, critica Jacilene. Para ela, não se trata apenas de resgatar uma festa ou falar das comidas e religiosidade como uma visão estereotipada do negro, mas sim, de mostrar sua historicidade e as contribuições culturais desse grupo.
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