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Estações diferentes, problemas semelhantes
- 12/07/2011Passageiros das três estações mais procuradas de Salvador reclamam da falta de ônibus, banheiros e segurança.
Por Gisele Santana e Naiana Madureira
Estação Pirajá
A situação é tão grave que manifestantes bloquearam a Estação Pirajá durante toda a manhã do dia 14 de junho, formando um congestionamento que atingiu a BR-324. Para a estudante Jéssica Silva, 21 anos, o protesto deveria acontecer mais vezes para servir como “alerta para as autoridades que não fazem nada pela população mais carente”. Jéssica utiliza a linha Barra 3 todos os dias para chegar até a Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia e garante “eles até colocaram uns fiscais de fila depois da manifestação, mas a gente sabe que daqui a alguns dias tudo volta a ser o inferno de antes”.
Além dos problemas de atraso com ônibus e longas filas, o lixo toma conta do local e os assaltos são constantes. “Sempre acontece assalto na fila do ponto 14, os pivetinhos aproveitam o empurra-empurra para roubar as bolsas das mulheres. A Guarda Municipal que fica aqui só protege o patrimônio”, afirma a ambulante Mércia Lima, 43 anos, que trabalha na estação há 13 anos. A sala de fiscalização que funciona no local não atende as solicitações dos usuários e limita-se apenas a controlar os horários dos coletivos. Um posto do Grupamento Especial de Repressão a Roubos em Coletivo (Gerc) funciona na estação desde 2009, mas permanece grande parte do tempo fechado e atende apenas aos roubos a coletivos, enquanto que a população não tem a quem recorrer.
Muitos ambulantes disputam a atenção dos passantes. De acordo com o vendedor Ailton Lins, 39 anos, a Transalvador cobra uma espécie de taxa de condomínio para a manutenção do local. “Eu pago R$ 400 para ter um carrinho de pipoca, mas não posso ampliar meu negócio e vender outros produtos para completar a renda”, afirma Ailton.
Estação da Lapa
Atendendo cerca de 460 mil passageiros por dia, o maior terminal rodoviário da cidade, enfrenta problemas do tamanho de sua dimensão. O cenário é de desorganização total, entre amontoados de ambulantes e o fluxo intenso de pessoas subindo e descendo. Como agravante, as escadas rolantes quebradas dificultam o acesso da população, para deficientes físicos então, se locomover no terminal é quase impossível.
Em alguns pontos, o ambiente sombrio assusta. Valdineia Lima, 38 anos, que utiliza diariamente a estação para ir trabalhar, diz que é um terror passar durante a noite na Lapa. “A falta de iluminação facilita a ação de bandidos. Graças a Deus eu nunca fui assaltada, mas minha irmã já foi roubada aqui duas vezes”.
Há ainda muito lixo espalhado pelo chão e infiltrações na estrutura, que ameaçam desabar. A passageira Elen Araújo, 53 anos, reclama: “Quando chove, todo esse lixo transborda, por onde passamos a água pinga na cabeça e tudo fica molhado. É horrível!”. Outra reclamação frequente dos usuários da Lapa é o mau cheiro. O desagrado inclusive foi manifestado em pichações nas paredes do terminal com a frase: “Lapa fede”.
A urgência da reforma é evidente e cria expectativas entre os usuários da Lapa. Carlos Alberto, que trabalha há 22 anos como ambulante no local, espera uma obra que realmente melhore o cenário atual. “Há muito tempo a estrutura da Lapa está precária. O governo só manda gente aqui para maquiar e nada de fazer um trabalho minucioso. Tomara que dessa vez seja diferente”.
Estação Mussurunga
Apesar de estar mais conservada, a Estação Mussurunga também registra queixas por parte de seus usuários. A comerciária Thamires Amorim, 24 anos, utiliza o terminal todos os dias para ir e voltar do trabalho, “todos os dias é a mesma coisa, as filas estão sempre grandes e os ônibus atrasam, para pegar o meu ônibus tenho que enfrentar invasão de fila e confusão”, revela. O estudante Fábio de Souza, 22 anos, também reclama da falta de coletivos, “o maior problema aqui é a falta dos ônibus, no horário de pico os coletivos saem sempre lotados, muitas vezes tenho que ir pendurado na porta”.
Os ambulantes do local não quiseram gravar entrevista, mas afirmaram que diferente do que acontece na Estação Pirajá, eles não precisam pagar pelo aluguel do ponto comercial. Cada ambulante possui uma guia que permite a venda apenas de um tipo de produto. “Pagamos apenas o INSS como autônomos, uns R$ 59, e cada um tem seu documento. Um vende bala, aquela senhora vende bijouteria, tem o rapaz da cocada, é assim”, afirmou o dono de uma banca de doces que não quis revelar sua identidade. A única despesa custeada pelos autônomos é a limpeza dos banheiros, que não é realizada pela administração da estação. “Isso é uma vergonha, pagamos para que uma pessoa faça a limpeza dos banheiros porque eles não fazem”, destaca indignado um vendedor de cuscuz de tapioca que também não quis ser identificado.
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