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Fábrica de sonhos e ilusões
- 21/11/2011Sucesso e frustrações acompanham atletas revelados nas categorias de base
Por Henrique Mendes e Lucas Leal
Das ruas íngremes aos ginásios esportivos mais sofisticados, crianças de todo o mundo mostram que o amor pelo esporte transcende a cultura de classes e, ao menos em sonho, aproxima os pés descalços dos berços de ouro. Democrático por unir pessoas de todos os credos, gostos e raças, o futebol, mais do que uma brincadeira, tem permitido que muitos jovens ultrapassem a linha da miséria e alcancem, em alguns casos, a fama e o reconhecimento que os levam além de suas pátrias.
Vislumbradas pelos astros do futebol que encantam dentro dos campos e desencantam nas capas de revistas, inúmeras crianças buscam nas categorias de base o passe necessário para chegar aos grandes clubes mundiais. Estes locais, que funcionam como escolas da bola, fornecem aos jovens uma formação comparável aos ensinos fundamental, médio e superior. Assim como no sistema de educação regular, o jogador com bom desempenho avança, anualmente, categorias que podem conduzi-lo ao maior grau de formação: ser atleta de um time profissional.
Após anos de investimentos inexpressivos, os grandes e pequenos clubes brasileiros descobriram que o sucesso financeiro está diretamente ligado à quantidade de bons atletas que possam produzir. A conta é simples, explica Newton Mota, diretor-geral das categorias de base do Esporte Clube Bahia. “O jogador da base tem identidade com o clube e barateia o custo com aluguel de casa e salários. Além disso, eles podem ser negociados”, constatou. Em média, os custos com jogadores oriundos de outros clubes é cerca de 10 a 15 vezes superior ao que é gasto com atletas da base.
Entretanto, o caminho para o sucesso é mais longo e difícil do que parece. Crianças de todas as idades, motivadas por seus pais e engatadas por seus sonhos, enfrentam verdadeiras maratonas para ter acesso às categorias de base dos clubes que sonham representar. Basicamente, elas passam por três grandes seleções. Muitas são escolhidas em peneiras, uma espécie de grande teste coletivo, onde os melhores jogadores são selecionados por observadores técnicos. Alguns são indicados por empresários e outros fisgados de equipes rivais.
De acordo com Mota, os garotos devem ter qualidade técnica, velocidade, força e personalidade. Goleiros e zagueiros, por exemplo, devem ser altos e fisicamente fortes. Os que jogam nas laterais devem ser velozes, e os meias e atacantes precisam ser técnicos e habilidosos com a bola nos pés.
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