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Festa de Reis fortalece fé católica e inspira tradição em Salvador
- 04/02/2013Na capital, a festa é realizada no bairro da Lapinha, no período de 03 a 06 de janeiro, marcando o final do ciclo de festejos natalinos.
Mayara Azevêdo e Tunísia Cores
Seis de janeiro de 2013. A igreja da Lapinha quase lotada, aproximadamente 150 pessoas à espera do padre para início da missa e uma dúzia de barracas ao redor do largo, anunciavam o dia da Festa de Reis.
Não há nas sagradas escrituras, passagens que comprovem que os três magos, Gaspar, Melquior e Baltasar, que foram guiados por uma estrela para visitar o menino Jesus no dia do seu nascimento, e o presentearam com ouro, mirra e incenso, fossem reis. Devido a este feito, os sábios ficaram conhecidos como os três reis magos, e inspiraram uma tradição que encerra o período de festas natalinas em todo o mundo: a Folia dos Reis.
Tradicionalmente realizada em Portugal e trazida para o Brasil no final do século XIX, a celebração ganhou espaço em estados como: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Na capital baiana, a festa é concentrada no bairro da Lapinha e acontece entre os dias 03, quando começa a celebração eucarística da Epifania do Senhor, e 06 de janeiro, oficialmente considerado dia dos reis.
Reis magos, acrobatas e dançarinos vestidos de palhaço, tomam conta das alas do Terno da Anunciação, o mais novo entre os existentes, assim nomeado por anunciar os outros ternos e fazer homenagens à chegada do Senhor. A ala do coro é formada por aproximadamente seis cantores, que tem no mestre, ou embaixador, a figura central. Outra figura importante é o bandeireiro, com a fantasia mais chamativa, cuja principal função é carregar o estandarte.
Coordenadora do Terno de Anunciação há quatro anos, Naíde de Carvalho, afirma que quando a festa é encerrada, já é dado início à preparação da comemoração no próximo ano. “São muitas coisas para arrumar, fora os ensaios com os músicos”, explica. Cerca de 60 pessoas participam do grupo e iniciam os ensaios de músicas e coreografias entre maio ou junho do ano anterior. Para a aposentada Glória de Melo (69), que acompanha a celebração desde pequena, há um grande significado não apenas na comemoração, mas em manter a tradição: “Primeiro celebramos na igreja e depois saímos para comer e dançar. Avisamos que o senhor chegou e por isso acho importante mantermos a tradição”.
Ansiedade e animação são demonstradas pelos participantes ainda durante a arrumação, que acontece na sede do terno, em Pernambués. Coma chegada dos pais e filhos, logo os personagens do terno vão ganhando vida e as cores enfeitam todo o ambiente. Os participantes são levados para a festa por um ônibus municipal.
Entre os participantes do Terno Rosa Menina, o mais tradicional dos soteropolitanos, os ensaios são realizados a partir de setembro do ano anterior. Desde a sua fundação, há 67 anos, o terno desfila na Lapinha, mesmo após a morte do seu fundador, Silvano Francisco do Nascimento, e com poucos investimentos recebidos pelos governos municipais e estaduais. Dona Luíza Nascimento, viúva de Silvano, lembra do desejo do marido: “Quando ele estava passando mal, reuniu toda a família e pediu que, se ele morresse, não acabassem com a tradição”.
“Cada terno tem seu nome e traz um representante que destaca o nome do terno. Aqui, vem na frente uma menina de sete anos, representando a Rosa Menina e a porta estandarte, com a bandeira do terno”, conta dona Luíza. Em seguida, os três reis, a estrela guia, o jardineiro (que rega a rosa), as camponesas, as ciganas, os porta-cajados, os figurantes e muitos outros personagens dão vida à tradicional festa do Terno de Reis.
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