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Geração de hoje é “para ontem”

- 04/02/2013

Pedro não sai de casa sem o celular e navega na web pelo tablet | Foto: Hilla Santana

O perigo à criança não está apenas fora de casa. A falta de proteção no ambiente virtual foi o principal motivo para o engajamento do Canal de Ajuda

Darlan Caires e Hilla Santana

Indicadores do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil (CETIC) de 2012, revelaram que 45% de crianças entre 11 e 12 anos trocam mensagens instantâneas por celular diariamente. A mesma pesquisa mostrou que os pais têm dificuldades de determinar o tempo de uso da internet por seus filhos.

 “Sempre tem que ter o controle. Até nós, adultos, quando percebemos, já estamos na frente do computador há horas”, adverte Taciana Torres, professora e mãe de Pedro Paulo (8). O garoto já demonstra interação com o estilo de vida da nova geração. “Eu sou muito chegado à tecnologia. Uso notebook, celular, tablet, GPS”, fala com naturalidade.

Juliana Cunha, psicóloga e coordenadora psicossocial do Help Line no Brasil, um canal de ajuda psicológica online, alerta para a qualidade de uso do meio de comunicação mais acessado. “Se queremos uma internet ética, segura e responsável precisamos educar as crianças e os adolescentes, porque eles serão, e já são, os principais usuários”, acentua.

No tablet, Pedro joga, acessa Youtube e e-mail. O celular é para bate-papo. “É igual a Facebook, só que você escreve e a pessoa responde logo, não tem que esperar”, explica ele, que ainda não está na rede social mais famosa do mundo. Por enquanto, Pedro Paulo brinca no Club Penguin, uma rede social infantil em que o jogador cria seu avatar e simula uma vida virtual. Ele não é o único. O mesmo estudo da CETIC, através da pesquisa TIC Kids Online Brasil, divulgou que 71% das crianças com idades de 11 e 12 anos já tem perfil em redes sociais.

 Acompanhamento – “Ele me via batendo papo e dizia que também queria”, conta Taciana, quem, preocupada com a violência virtual, resistiu para criar o primeiro e-mail do filho. “Já conversamos que a questão é a própria segurança dele”, argumenta.  O fato é ainda enfatizado por Cunha. “Os pais e a escola é que guiam a criança para o uso saudável da internet”, acrescenta.

A professora ressalta o ponto positivo: “quando algum aparelho trava a gente chama e ele resolve”. Além de Pedro Paulo, Ana Clara (3), prima do garoto, também já demonstra aptidão com os aparelhos e entende qual a funcionalidade do touch screen.

Canal de Ajuda – Para acompanhar os novos hábitos da sociedade, um grupo de Psicólogos baianos se uniu para oferecer atendimento online e tentar encurtar a distância e o tempo entre especialista e paciente. Juntos lançaram o Canal de Ajuda, que esclarece e ensina modos seguros de uso da internet para crianças e adolescentes que crescem num contexto social cada vez mais imediato.

Esse canal brasileiro foi inspirado no Child Help Line, criado a partir de políticas públicas da Europa e Estados Unidos, com a pretensão de ser um espaço de voz da criança e do adolescente. O serviço é gratuito, mas a orientação não substitui o tratamento presencial.  “A proposta é ser o primeiro elo de uma corrente de proteção; o elo mais fácil de ser acessado”, explica a coordenadora Juliana. O grupo reconhece que a criança também é um cidadão e merece ter seus direitos respeitados.

Além de crianças, o Help Line também apoia educadores que nem sempre conseguem acompanhar a destreza exigida pelas novas tecnologias e por isso, resistem em fazer uso delas na sala de aula. “Não foi uma geração que cresceu usando esses aparelhos e por isso desconhecem”, lembra a psicóloga.

O canal recebe solicitação de atendimento de todo país. O serviço online e o anonimato facilitam o acesso, mas não são as únicas estratégias. “É fazer da própria ferramenta (a internet) um instrumento e espaço de promoção para o uso seguro dela”, pontua.

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