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Governo do estado e prefeitura decidem novos rumos para o metrô de Salvador
- 06/04/2013O valor que será cobrado aos usuários e a necessidade de integração entre ônibus e metrô esquentaram as mesas de discussões dos poderes públicos baianos
Tais Santana e Yuri Girardi
A equipe de transição do prefeito ACM Neto (DEM), repassou para o governo a Companhia de Transportes de Salvador (CTS), empresa pública municipal que gere os trens do subúrbio e Linha 1 do metrô, ainda fora de operação.
A empresa, que regula o metrô e as linhas ferroviárias, passará para as mãos do governo do estado a partir de acordo firmado entre as gestões municipal e estadual agora em abril. Estima-se que os gastos da prefeitura com os trens do subúrbio sejam em torno dos R$ 2 milhões por mês, dinheiro este que pesa no pequeno orçamento da cidade.
A prefeitura, antes responsável por gerir o trem do subúrbio e a Linha 1 do metrô, também entregou ao estado a licitação da Parceria Público-Privada da construção da linha 2 (acesso norte-Aeroporto), a conclusão das obras da Linha 1, além de também ficar responsável pela gestão do sistema.
Segundo o secretário municipal de Urbanismo e Transporte José Carlos Aleluia, o termo de cessão ao estado terá o compromisso de assegurar a operação do metrô integrada com ônibus. Estima-se que em breve, todo o processo relacionado ao metrô, deverá ser concluído, liberando o estado para a licitação da Linha 2.
A proposta inicial de transição foi debatida em uma audiência pública no dia 21 de março no Centro de Cultura da Câmara dos Vereadores, onde prefeitura e estado mostraram suas propostas. Na sexta-feira, 5 de abril, em uma nova reunião, chegou-se a um acordo e o governo do estado assumiu a gestão do metrô de Salvador. A entrega foi realizada no mesmo dia de lançamento da Arena Fonte Nova e a transferência será assinada na próxima segunda-feira, dia 08 de abril. Quem deu a notícia foi o próprio governador do estado, Jaques Wagner (PT). Via twitter o governador dispara:
“O bem-sucedido modelo de PPP adotado na construção da Arena, será implementado para o metrô, para garantir eficiência e rapidez à obra. Assumimos o compromisso de botar para funcionar o sistema e livrar Salvador do seu principal gargalo de trânsito”
O impasse do acordo se deu principalmente pelo valor da tarifa que será cobrada nos ônibus responsáveis por fazer a integração com o metrô. Em consenso, foi decidido que o valor será de R$ 1,10. A proposta do governo do estado era que a tarifa fosse de R$ 0,95, já a prefeitura defendia R$ 1,40. Com o novo acordo, o governo também passa assumir a malha ferroviária de Salvador.
De acordo com a professora Ilze Marília, do Departamento de Transportes da Escola Politécnica da UFBA, havia um modelo apresentado pela gestão municipal e o outro pela gestão estadual: o primeiro baseava-se em um sistema que integraria por completo todos os ônibus da cidade, enquanto que o segundo teria ônibus especiais em um sistema alimentador próprio do metrô. Para Ilze, a grande discussão se pautou para além da situação tarifária, mas em um problema de gestão.
Ficou acertado entre o prefeito ACM Neto e o governador Jacques Wagner que o modelo de integração do sistema viário seria decidido pelo governo do estado. E o valor da passagem de ônibus se mantém sob responsabilidade da prefeitura. Sendo que será repassado para as empresas de ônibus o valor de R$ 1,10 quando os usuários utilizarem o sistema de integração.
Com uma extensão de 6,4 quilômetros, o metrô atualmente tem obras construídas no trajeto correspondente entre a Lapa e a Rótula do Abacaxi. O governo do estado, hoje responsável pelas obras, tem pretensões de finalizar a linha 1 com 12 quilômetros de extensão e dar início às obras da linha 2 que se estenderia até Lauro de Freitas, na Região Metropolitana. Os investimentos para o projeto contam com mais de R$ 4 bilhões.
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