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Greve dos servidores das universidades reflete problemas do serviço público e da educação
- 11/07/2011Com baixos salários, servidores e professores reclamam antigas necessidades
Por Joseanne Guedes
O salário dos servidores técnico-administrativos das universidades está entre os piores do serviço público federal, segundo portaria divulgada a cada três meses pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). A situação se agrava pelo avanço de políticas que visam reduzir os direitos dos trabalhadores, a exemplo do corte das horas extras. De acordo com a Fasubra Sindical, o Ministério da Educação (MEC) e o MPOG suspenderam a reunião com a categoria prevista para o dia 7 de junho. Na falta de uma proposta concreta sobre as reivindicações, os servidores anunciaram greve no dia 6 de junho
Desde 2007 não há uma greve em nível nacional dos trabalhadores da educação. No último movimento grevista, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu um marco divisório entre as greves “auto-regulamentadas” até então deflagradas e as greves submetidas à exigência de cumprimento de requisitos estabelecidos de forma decisiva. No entanto, as reivindicações dos servidores sofreram poucas alterações ao longo dos anos, porque o governo não cumpriu o acordo feito com a classe.
Greve atual, reivindicações antigas – Nas mobilizações em curso, além da campanha salarial, entre as principais reclamações das 48 instituições federais de ensino que aderiram ao movimento grevista está a abertura imediata de concurso público para o corpo técnico das universidades, o que possibilitaria oferta de novas vagas nas instituições.
Episódios como a greve dos bombeiros do Rio de Janeiro e dos professores das universidades estaduais revelam problemas comuns aos trabalhadores no Brasil. De acordo com a servidora e pedagoga Marcela Farias, o movimento de greve dos técnico-administrativos em educação (TAEs) está inserido em um contexto maior de crise do serviço público brasileiro, que passa pela educação.
“Um exemplo claro foi a recente greve dos professores das universidades estaduais, que resultou em um amento real de apenas 5% e não de 18,64% como foi divulgado, pois o valor do piso é de R$ 1.187,97 e o salário agora definido pelo governo é de R$ 1.247,37. São apenas R$ 59,40 de diferença”, analisa a educadora, que critica a política salarial e a desvalorização do professor.
Para o vice-diretor da Faculdade de Educação da UFBA (Faced), Prudente Neto, o problema da educação é também social. “Os problemas educacionais refletem as contradições da própria sociedade. Na base da educação há uma família geralmente carente material e intelectualmente”. Prudente Neto ressalta que o Brasil é uma das dez maiores economias do mundo, mas em indicadores sociais é comparável a países africanos, como Moçambique.
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