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História do jornalismo baiano carece de bibliografia e pesquisa
- 12/06/2011História, transformações, perspectivas e tendências do Jornalismo foram temas discutidos no Seminário “200 anos de Jornalismo na Bahia: transformações, atuação profissional e ensino”
Por Talyta Almeida
Como convidado para participar da abertura do Seminário “200 anos de Jornalismo na Bahia: transformações, atuação profissional e ensino”, realizado de 11 a 13 de maio, no auditório da Facom, em comemoração ao bicentenário da imprensa baiana (celebrado no dia 14 de maio), o vice-presidente da Associação Baiana de Imprensa e assessor do governo Jacques Wagner, Ernesto Marques, anunciou para junho a reabertura da sede ABI, localizada na Rua Guedes Brito, nº1, Centro. Além disso, afirmou que entre as ações previstas pela nova diretoria da entidade está a instituição de um prêmio de monografia e a realização de atividades em parceria com a faculdade.
Junto ao diretor da Facom, Giovandro Ferreira, que presidiu a abertura do evento de extensão, Ernesto Marques também convidou os alunos para visitarem a sede da ABI e conhecerem a biblioteca Jorge Calmon, uma das mais completas sobre jornalismo.
Logo após, foi iniciado o debate sobre o tema da primeira sessão, “História, transformações, perspectivas, tendências”, coordenada pela professora da Facom, Suzana Barbosa. A mesa teve a presença de Luís Guilherme Pontes Tavares, jornalista da Assembléia Legislativa da Bahia, escritor, professor, com pesquisa sobre história da imprensa na Bahia; Mônica Celestino, jornalista, doutoranda em História/UFBA, professora da Faculdade Social da Bahia e diretora regional do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo (FNPJ); Hugo Brito, técnico em eletrônica e jornalista, gerente de Operações da Rede Bahia.
Grandes lacunas
Luís Guilherme Pontes Tavares iniciou sua fala fazendo uma reflexão a respeito do tema e discorreu sobre trabalhos existentes sobre a história da imprensa baiana, apontando como uma das grandes lacunas a ausência de uma biografia sobre Manuel Antônio da Silva Serva, fundador da primeira tipografia da Bahia e da gazeta Idade d`ouro do Brazil – o primeiro jornal baiano, criado em 14 de maio de 1811.
A jornalista e doutoranda em História na UFBA, Mônica Celestino, deu continuidade ao assunto e ainda acrescentou a carência de disciplinas que estudem a história da imprensa e/ou história dos meios nas faculdades baianas. Das 24 faculdades de Comunicação do estado, apenas 15 têm uma disciplina relacionada ao assunto, seis não possuem e três não responderam ao questionário aplicado por ela. Segundo Mônica, as produções sobre o tema têm crescido, mas ainda há uma grande lacuna e muito a pesquisar sobre o jornalismo baiano para que se possa responder a perguntas como: quando começa? Quais os perfis dos produtos, a sua linguagem, o formato, por exemplo.
Além disso, como apontado por Mônica Celestino, os trabalhos que existem são, na maioria, descritivos e panorâmicos, não reflexivos e de iniciativas individuais. Ela também falou sobre a ausência de uma linha de pesquisa específica sobre História da Mídia ou História da Comunicação nos cursos de pós-graduação, ressaltando, por outro lado, o importante trabalho que faz o publicitário e jornalista Nelson Cadena, que em breve disponibilizará site sobre os 200 anos de imprensa na Bahia. Já Hugo Brito, abordou em sua exposição a evolução tecnológica, principalmente relacionada à TV, e os desafios para o jornalista nesse cenário.
Formação
No segundo dia do seminário, a mesa coordenada pelo professor e chefe do Colegiado do curso de Jornalismo da Facom, Washington Souza Filho, abordou o “Ensino, e diretrizes curriculares para o curso de Jornalismo”. A sessão teve como expositores: Sérgio Mattos, jornalista, escritor, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e membro da Comissão para revisão das diretrizes curriculares do Curso de Jornalismo, Marcos Palacios e Lia Seixas, ambos jornalistas e professores da Faculdade de Comunicação da UFBA.
Sérgio Mattos deu início às exposições apresentando os eixos das novas diretrizes curriculares do MEC para cursos de Jornalismo, que devem ser implantadas até 2012. Já Marcos Palacios e Lia Seixas falaram sobre a relação entre teoria e prática. Para Palacios, nem sempre é possível reunir os dois: “Há momentos que ambas podem ser aliadas e outros que devem ser separadas”, disse. Ao final, houve ainda um debate entre os presentes e a mesa sobre a queda da obrigatoriedade do diploma de jornalismo.
Mercado
Na sexta-feira, 13, o evento organizado pela Facom teve como expositores o deputado federal Emiliano José, jornalista, ex-professor da Faculdade de Comunicação da UFBA e integrante das comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, e de Educação e Cultura; Marjorie Moura, jornalista, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia; Ricardo Luzbel, radialista, presidente da Associação Baiana de Jornalismo Digital (ABJD) e sócio do site Bahia Notícias, e o diretor da faculdade de Comunicação, Giovandro Ferreira, que coordenou a mesa. O tema proposto foi “Atuação profissional, obrigatoriedade do diploma, mercado baiano”.
O deputado Emiliano José iniciou sua exposição falando sobre as transformações no jornalismo e o impacto das novas tecnologias na profissão. Ele ainda ressaltou a necessidade de um diálogo entre a academia e professores com produtores de notícias que não são profissionais formados em jornalismo. Já Ricardo Luzbel, falou um pouco sobre a história do site Bahia Notícias e apresentou um relatório referente à sua visitação e também debateu sobre a dificuldade do mercado publicitário entender o site como um bom meio de publicidade. A presidente do Sinjorba, Marjorie Moura, falou sobre as dificuldades na profissão, no que diz respeito a acordos entre empresas e seus empregados, a falta de legislação específica para o jornalismo digital, a desvalorização da área pelos próprios jornalistas e ainda sobre a queda da obrigatoriedade do diploma em jornalismo, ressaltando a ausência dos estudantes na luta contra essa questão.
Repercussão
O seminário contou com a presença de estudantes, professores e profissionais da área que puderam debater e expor suas idéias ao final de cada palestra. Para o estudante do 2º semestre de Jornalismo da UFBA, Ailton Sena, em um evento desse tipo as pessoas têm a possibilidade de parar para refletir sobre as mudanças que aconteceram desde o surgimento da imprensa, no processo do fazer jornalístico, inovações e no que ainda precisa ser feito. “É importante eventos como esse, uma vez que a gente percebe que o bicentenário da imprensa baiana não tem sido tão festejado pela própria imprensa”, destaca a jornalista Jamile Teixeira.