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Idosos e o Mercado de Trabalho
- 04/05/2016Idosos que trabalham se alternam entre dois grupos: os que estão ativos como forma de busca de qualidade de vida e aqueles que ainda necessitam garantir o pão ao fim do dia
Elba Caroline e Milena Anjos | Foto destaque: Milena Anjos
A redução nas taxas de natalidade e o aumento na expectativa de vida vêm fortemente contribuindo para uma mudança na estrutura social do país. Os brasileiros vivem mais e seja como forma de manter o padrão de vida, ou de ganho de condições mínimas de sobrevivência, muitos idosos prolongam a permanência no mercado de trabalho.
A escolha de permanecer ativo também pode surgir como uma forma de se sentir útil perante à sociedade. Segundo o psicólogo José Diego, isso ocorre pois “muitos desfrutam das relações do ambiente de trabalho e da sensação de autonomia gerada pela atividade. Quando essa relação se esvai, fica um grande vazio existencial”, diz.
De acordo com o IBGE, com um rendimento médio de R$ 657,00, o idoso possui cada vez mais um papel de destaque na sociedade. Dorivaldo Mendes, 73, mantém uma barbearia ao lado de sua residência, onde atende os mais diversos clientes. O atual microempresário já atuou em diversos segmentos. “Tive uma experiência rápida como cabeleireiro, mas depois trabalhei em diversas empresas e me aposentei como motorista de ônibus”, relata.
Para ajudar a completar a renda e voltar a trabalhar em uma área que gosta, Dorivaldo decidiu abrir a barbearia. “Retornei ao trabalho para complementar minha aposentadoria e também para não ficar parado. Os clientes antigos voltaram e fui conquistando novos. A barbearia virou ponto de encontro dos meus amigos”, conta.
Mesmo sendo um direito previsto no Estatuto do Idoso, os idosos passam por dificuldades ao procurar empregos. Em anúncios, os recrutantes delimitam a idade. Nos ambientes de trabalho, colegas e chefes normalmente ignoram suas potencialidades. “A sociedade estabelece uma relação bastante estereotipada, nos colocando em uma posição de incapacidade. Isso gera a ideia de que o idoso não tem valor por não ser mais, teoricamente, tão produtivo quanto antes. É a falsa cultura da produtividade, de que nos dedicamos mais e obtemos maiores resultados apenas quando somos jovens”, contrapõe o psicólogo.
Em busca dos holofotes
Durante 36 anos, Leni Maria Gonçalves, 81, atuou como coordenadora de curso na Universidade estadual da Bahia (Uneb). Por lá esteve desde a criação da instituição, auxiliando o primeiro vestibular realizado. Depois de aposentada, passou um tempo dedicada exclusivamente à família e decidiu, após o falecimento do esposo e das irmãs, entrar em um grupo para idosos no Sesc Rua Chile. “Nesse grupo, eu participei de diversas atividades, desde de peças teatrais a desfiles de fantasias criadas por nós”, relata.
Apesar de não trabalhar formalmente, a ativa aposentada faz participação em propagandas de TV. Após o primeiro comercial para um laboratório, foi chamada para atuar no espaço publicitário adquirido por uma rede de supermercados. O seu mais recente trabalho foi na propaganda da inauguração do metrô de Salvador. “Tudo começou quando fui convidada para fazer testes de fotos e vídeos. Fui aprovada em um e, em seguida, convidada para fazer comercias. Já participei até de videoclipe de banda”, conclui risonha.