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Insuficiência de apoio do governo ameaça sobrevivência dos Ternos de Reis

- 04/02/2013

Verba oferecida pelo Fundo de Cultura, vinculado à Secult, não é suficiente para a manutenção dos ternos soteropolitanos

Mayara Azevêdo e Tunísia Cores

Manter a tradição anualmente custa caro para cada terno. Segundo Naíde de Carvalho, coordenadora do Terno da Anunciação, a prefeitura é responsável pela limpeza da praça, pintura da calçada, iluminação e palanque no dia da Festa de Reis, porém as demais despesas do evento são custeadas pelos organizadores. “Faço tudo isso por prazer, já que as verbas e o apoio da Prefeitura praticamente não existem. Se eu não tirar do meu bolso, a festa não acontece”, afirma.

Efigênia Nascimento, organizadora do Terno Rosa Menina, também alega que o suporte financeiro dos governos municipal e estadual é baixo. “Às vezes, as autoridades agem como se estivessem nos fazendo um favor. Custa caro comprar tecidos, sapatos, material para a alegoria, pagar músicos e outras coisas mais, e o auxílio não cobre quase gasto nenhum”. Efigênia revela que os cajado utilizados no desfile representam um investimento de aproximadamente R$ 2 a 3 mil, se feitos com material de qualidade.

O baixo financiamento é o principal entrave para a realização dos ternos. O apoio financeiro cedido pelo governo estadual é possibilitado através da inscrição da União dos Tradicionais Ternos e Ranchos de Reis e Bailes Pastoris da Bahia  em projetos que passam por uma seleção do Fundo de Cultura, da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult). Para Sueli Ribeiro, coordenadora dos Ternos de Reis do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), essa não é o melhor meio: “O ideal não é precisar se inscrever em um edital, porque ele passa por análises que podem contemplar o projeto ou não. A festa dos Ternos de Reis na Lapinha é calendarizada e precisa de apoio todos os anos.”

Representantes dos ternos baianos se reúnem na CCPI - Fonte: Pelourinho Cultural

De acordo com o Portal da Secult, uma quantia de R$ 39.800 foi destinada aos 11 ternos do Estado vinculados à União, para 2013. Cada agremiação ganharia o equivalente a R$ 3.600, sem considerar os descontos de encargos pagos pela União, em decorrência do cadastro como pessoa jurídica. “Esse dinheiro é dividido por todos os 11 ternos (de Salvador e do interior do Estado vinculados à União), o que acaba sendo muito pouco para o que realmente precisamos”, explica Jerônimo Santos, presidente da União.

No Terno da Anunciação, são contratados seis músicos, cujo serviço individual custa R$ 100. Para a costura das fantasias, o valor chega a R$1.500. No Terno Rosa Menina, as despesas são justificadas pela troca anual de alegorias e fantasias dos seus mais de 50 participantes. Efigênia estipula o valor ideal para apoiar um festejo como esse: “O valor ideal para a realização de um terno de alta qualidade sai em torno de R$ 60 mil no Rosa Menina”.

“O amor que temos, apenas, não é suficiente. O terno não tem mais força para continuar sozinho”, desabafa Regina Nascimento. Atualmente, o clã Nascimento, cujo patriarca é fundador do terno mais antigo, pensa nos trâmites legais para patentear o Rosa Menina, e torná-lo oficialmente um grupo cultural, com Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, o CNPJ, para conseguir maior financiamento. Não há dúvidas de que os ternos buscam espaço entre as manifestações culturais valorizadas na Bahia.

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