Intercambistas estrangeiros se queixam de pouco apoio da UFBA
- 21/11/2011
Alunos de outros países contam as suas experiências ao chegar à Universidade Federal da Bahia
Fachada da Universidade / Foto disponível em: Mundo das Tribos
Mab Caroline e Sofia Andrade
O intercâmbio é uma prática cada vez mais frequente entre estudantes de todo o mundo. São muitos os que procuram novas experiências na formação acadêmica, profissional e pessoal. No Brasil, o número de estudantes estrangeiros que chegam para estudar em nossas universidades é crescente. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o número de vistos de alunos de fora do país saltou de 6.344, no ano de 2006, para 9.012, em 2010. A Universidade Federal da Bahia (UFBA) recebe, em média, 150 intercambistas por ano. Contigente ainda pequeno, se comparado à quantidade de alunos que a universidade manda para o exterior – cerca de 300 por ano -, mas considerado importante para o reconhecimento da instituição no exterior. Cláudia Barreto, gerente de intercâmbio estudantil da Assessoria de Assuntos Internacionais (AAI) da UFBA, esta
internacionlização é vista de forma positiva, já que é “uma situação que favorece não só o aluno intercambista, mas também melhora e favorece o perfil da instituição”. Mas, quando chegam a Salvador, o que acontece com estes alunos?
Estudante da Universidade de Passau, Alemanha, Florian Streib, que passou o primeiro semestre de 2009 na UFBA, sentiu dificuldades ao se ver sozinho em um país desconhecido. “Eu não conhecia a cidade, não tinham me oferecido apartamento, nem tinha informações de como chegar à reitoria para fazer a matrícula”, conta. A solução para Florian foi comprar um mapa da cidade. “Nos primeiros dias fiquei andando na rua com um mapa da cidade que comprei no Shopping Barra”, revelou o estudante.
O mesmo aconteceu com uma aluna que não quis se identificar. A intercambista, agora integrada ao corpo discente da Faculdade de Comunicação da UFBA, ainda no país de origem já sabia que não contaria com a ajuda da universidade para encontrar um local para morar. As tentativas de contato com as residências da UFBA foram frustradas. Segundo ela, ao clicar no link de acesso aos contatos, a informação aparecia como indisponível. “Acessei o site da instituição para entar em contato com as três residências estudantis que aparentavam estar disponíveis, pois acreditava que a universidade alojasse alunos estrangeiros. Mas o link de acesso não levava a lugar nenhum”.
Segundo Cláudia, o estudante estrangeiro que se matricula na instituição, recebe todo o apoio do órgão. “O que a gente tenta fazer aqui é uma reunião, uma recepção de acolhimento para que eles se conheçam e para que a gente possa passar uma orientação básica de como eles devem proceder aqui no Brasil”, diz. A recepção de acolhimento em 2011 só aconteceu dois meses depois do início do período letivo, um dia depois que a equipe do Impressão Digital 126 esteve na AAI.
De acordo com Claudia, o motivo do atraso foram as greves que assolaram a Universidade. Quanto à falta de estrutura que abrigue os alunos, a AAI justifica com superlotação das residências, afirmando que as poucas vagas existentes destinam-se aos alunos carentes da própria instituição. O único apoio que este setor pode oferecer ao intercambista é a indicação de contatos para alojamento, que ficam disponíveis no mural da assessoria.
Relação colegiado e intercambista – De acordo com fontes de três colegiados da Universidade Federal da Bahia –Instituto de Biologia, Letras Vernáculas e Faculdade de Comunicação –, os alunos intercambistas são de responsabilidade da Assessoria de Assuntos Internacionais (AAI). Representantes que falaram em nome do colegiado de Letras e Comunicação afirmaram que, na maioria das vezes, o colegiado não identifica quem são os alunos estrangeiros, apenas tomando conhecimento deles quando os mesmos recorrem aos serviços deste setor. “Há pouco contato com os alunos estrangeiros, até porque só temos conhecimento destes quando nos procuram. A AAI não nos comunica da existência dos mesmos”, afirma a professora Nancy Fontes, coordenadora do colegiado de Letras Vernáculas. Sueli Fontes, funcionária do colegiado da Faculdade de Comunicação, afirma que o setor só pode auxiliar os estudantes estrangeiros no que diz respeito às informações sobre a disciplina a ser cursada.
No entanto, a professora Hermínia Freitas, ex-coordenadora do colegiado de Biologia, apresentou uma versão diferente na relação colegiado/intercambista. De acordo com Hermínia, durante os seus seis anos de gestão, a experiência com os alunos estrangeiros foi bastante positiva. A professora relembra, entusiasmada, dos estudantes que frequentaram o Instituto de Biologia, especialmente do caso de uma aluna francesa que, segundo ela, desenvolveu um excelente trabalho de conclusão de curso. “O colegiado teve participação fundamental no que diz respeito ao direcionamento da aluna às matérias que contribuiriam para a sua formação e enriquecimento do currículo”, revelou orgulhosa. Para Hermínia, isto é o reflexo de “um curso com maturidade, condições e infraestrutura capazes de dar suporte aos alunos”.
Segundo a AAI, a comunicação entre o colegiado e a assessoria ainda contém algumas “falhas”. Cláudia garantiu que a assessoria está tratando desta situação com a Secretaria Geral de Cursos para que haja uma melhoria no atendimento ao estudante estrangeiro e essa relação entre o colegiado e o aluno intercambista seja mais direta.
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