Tags:aplicativos, app, programador, Rodrigo Rocha, Sopa de Letrinhas
“Já ganhamos R$ 60 mil com aplicativos”, diz dono da RoDen Apps
- 16/07/2013Desenvolvedor independente conta que ganha R$ 1.800 por mês com apps, mas sugere que programadores prefiram trabalhar em grandes empresas
Renato Alban e Thais Borges
Desde 2009, o programador Rodrigo Rocha, 28 anos, já ganhou R$ 60 mil com o desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis. Ao lado da esposa, a designer gráfica Denise Vaz, 28, ele criou a RoDen Apps e fez 13 apps. O último foi o Cifra+, lançado em 2011. “Criar e vender os próprios apps, como eu fiz, não é o caminho mais seguro para ganhar dinheiro na área”, garante Rocha. Hoje, os dois trabalham na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Rocha como analista de TI no Centro de Processamento de Dados e Denise, arquiteta na Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura.
Impressão Digital 126 – Como começou a produzir aplicativos?
Rodrigo Rocha – Gosto de programar desde os 11 anos. Quando vi na revista Veja a história de Renato Pessanha, desenvolvedor brasileiro que ganhou US$ 10 mil em quatro meses com um jogo de forca, vi a oportunidade de ganhar dinheiro fazendo o que gosto.
ID 126 – Como se deu sua inserção no mercado de apps?
RR – Na época do Sopa de Letrinhas (primeiro app de Rodrigo), eu e Denise vivíamos de bolsa de estudos. Eu recebia bolsa de doutorado, na época R$ 1.800, e Denise, de mestrado, na época R$ 1.200. Juntando as duas bolsas, conseguíamos nos manter, mas a bolsa de Denise acabaria no início de 2010 e vi nos apps uma oportunidade de compensar a queda na receita. E deu certo. Se não fossem os apps, teríamos que dividir os estudos com algum emprego ou com freelancers, que certamente demandariam muito mais tempo. Embora viver unicamente de apps nunca tenha sido nosso plano A, em diversos momentos eles geraram mais receita do que a bolsa de doutorado, nossa fonte de renda primária na época, e viabilizaram nossa dedicação à carreira acadêmica.
ID 126 – Como foi o processo de criação do Sopa de Letrinhas?
RR – Foi difícil porque muitas coisas eram novas para mim, como a linguagem de programação usada para escrever os apps e o próprio iPhone, que na época eu não tinha. Para me cadastrar como desenvolvedor de apps para iPhone, precisei enviar um fax para a Apple nos Estados Unidos. Comprei um Macbook, um iPod touch e paguei a assinatura de desenvolvedor (U$ 100,00), totalizando cerca de R$ 3.500 de investimento. Como o mercado de apps ainda era recente, precisei discutir com minha esposa, a designer gráfica do Sopa de Letrinhas, diversos aspectos do jogo, desde o tamanho das letras (que não podiam ser muito pequenas devido à interação com os dedos) até se o jogo deveria rodar no modo retrato (iPhone em pé) ou paisagem (iPhone deitado). A experiência após o lançamento também teve percalços. Escrevi um texto sobre isso. Só conseguimos recuperar o investimento cerca de seis meses após o lançamento do Sopa de Letrinhas.
ID 126 – Até agora, quantos aplicativos já criou?
RR- São três aplicativos principais: o Sopa de Letrinhas, o Dicionário Portátil e o Cifra+. Se contar diferentes versões dos aplicativos (diferentes línguas, versão paga e versão gratuita), são 13 aplicativos.
ID 126 – Tem como se manter fazendo aplicativos? Já é uma opção de carreira viável ou ainda é muito instável?
RR – A renda mensal é de R$ 1.800, em média. É uma ótima renda extra para uma pessoa, mas não seria suficiente para manter uma empresa, por exemplo. Além disso, considero que tive sorte: conheço desenvolvedores que ganharam muito menos fazendo seus apps. Mas criar e vender os próprios apps, como eu fiz, não é o caminho mais seguro para ganhar dinheiro na área. Muitos desenvolvedores têm ganhado um bom dinheiro fazendo apps para empresas.
ID 126 – Desde que começou a desenvolver aplicativos, quanto já ganhou?
RR – Desde que começamos, em dezembro de 2009, ganhamos R$ 60 mil, até o final do ano passado.
ID 126 – Já há muita gente fazendo apps em todo o mundo. Como se inserir nesse mercado competitivo e ficar no topo das listas dos mais baixados?
RR – Hoje o mercado é muito mais competitivo do que quando comecei. Tirando apps de grandes empresas que dominam as listas dos mais baixados, a maioria dos que chegam às primeiras posições da lista não se mantêm por muito tempo. Fazer promoções, reduzindo momentaneamente o preço de um app, é sempre uma estratégia efetiva a curto prazo.
ID 126 – Quais estratégias já usou para promover seus apps?
RR – Até o momento já fiz duas promoções com o Dicionário Portátil, reduzindo o preço de US$ 2,99 para US$ 0,99, o que significa 66% de desconto. Na primeira vez, a promoção durou uma semana. Durante essa semana, o app vendeu quase seis vezes mais unidades – a receita foi quase duas vezes maior do que o normal. Com isso, o app saiu da 61ª posição do ranking geral da App Store brasileira para a segunda posição. A visibilidade maior devido ao ranking garantiu uma receita 60% maior na semana após a promoção. Na segunda vez, a promoção foi organizada por um blog especializado em iPhone e durou apenas um dia – 7 de setembro de 2011 –, durante o qual o blog divulgou as promoções. Novamente, o desconto foi de 66%. No dia da promoção, o volume de vendas foi quase 33 vezes maior do que o normal – a receita cresceu cerca de 11 vezes. Nos sete dias após o término da promoção, a receita foi duas vezes maior que o normal.
ID 126 – E para fazer a divulgação dos apps?
RR- Na época do Sopa de Letrinhas, pedi para dois sites brasileiros especializados escreverem resenhas sobre o app, e os dois atenderam o pedido. Depois lancei uma versão em inglês, ABC Alphabet Soup, e contactei 15 blogs estrangeiros. Nenhum respondeu. Essa dificuldade de conseguir divulgação é uma das barreiras para fazer sucesso no mercado externo.
Leia mais
“Está faltando alface”, diz a geladeira
Criadores autônomos de apps disputam espaço com empresas
Da geladeira para a balança: viciados contam como apps interferem em suas vidas
