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Jesus é pop?

- 04/07/2012

Apesar de carregar a etiqueta gospel, os artistas evangélicos gravam ritmos que vão do pop ao forró, passando pelo sertanejo universitário

 Camila Queiroz e Niassa Jamena

Falar em balada gospel ainda causa espanto em algumas pessoas. A ideia que culturalmente se criou sobre os evangélicos no Brasil faz com que se ache estranha essa junção. Entretanto, mesmo esse meio sendo marcado pela imagem da seriedade e tido como crítico de diversos estilos musicais, o movimento que alia ritmos como forró, pagode, rock, pop e arrocha com letras gospel está emergindo e se fortalecendo cada vez mais no segmento.

O mercado fonográfico tem dado uma crescente importância a essa renovação musical que está ocorrendo no meio evangélico. Muitos cantores ficam famosos em escala nacional e se tornam ícones de uma geração de jovens e adolescentes que veem nesse fenômeno uma oportunidade de aliar a energia da juventude aos ideais da sua religião. Os shows promovidos para esse público têm as mesmas características dos tradicionais: grandes eventos, anunciados em larga escala, com bandas de vários lugares e que, principalmente, atraem multidões.

Na Igreja Batista Lírio dos Vales, localizada no bairro de Rio Sena, o grupo Desbravadoras do Exército de Deus comemorou o “Sem João e com Jesus” com comidas típicas e roupas juninas. Ao som da banda Geração de Adoradores, os fiéis, além de cantarem, dançaram animados os passos tradicionais de forró.

Segundo o baixista da banda gospel Chama de Fogo, Jean Mário, que traz em sua música ritmos como o baião e o xote, “a finalidade dos ritmos gospel é satisfazer a necessidade dos jovens dentro do nosso próprio meio e mostrar para os jovens de outras religiões, ou aos que não têm religião, que podemos ser felizes e não caretas como muitos pensam”.

Fiéis da Igreja Batista Shalom | Créditos: Niassa Jamena

Jean Mário também relata que ainda há uma certa resistência com relação à adaptação das músicas evangélicas aos outros ritmos. “Muitos ainda resistem ao nosso ritmo,  principalmente as igrejas mais tradicionais, que acham que não é correto, mas, no geral a aceitação é maior do que a rejeição”.

Opiniões – A missionária Rita Andrade, da Igreja Lírio dos Vales, coloca que a utilização de ritmos tradicionais com letras gospel é algo positivo desde que tenha um limite. “Eu não tenho nada contra. A própria palavra de Deus nos confirma que tudo nos é lícito. Se for de uma forma que glorifique a Deus e recupere vidas, eu aprovo. Já em relação ao que as pessoas fazem fora da Igreja nós não praticamos, mas não temos nada contra. As pessoas são livres”.

Apesar desse consenso, alguns fiéis não veem com bons olhos esse movimentos de renovação. Alaide Carvalho, 28, frequentadora da Igreja da Congregação Cristã do Brasil de Simões Filho, afirma que não há como buscar algo que é espiritual utilizando músicas que incitam comportamentos abusivos. “Você vai para a igreja para procurar algo maior, que engrandece o espírito e que, portanto, não deve ser misturado com vícios e assuntos terrenos”, pondera.

Para Ubiraci Andrade, 25, ex-evangélico, os ritmos são criados com determinadas ideologias e não é a letra que vai alterar a finalidade do estilo. “Eu acho que há um pouco de hipocrisia dentro desse movimento. Os evangélicos subvertem os ritmos e simplesmente esquecem com que propósito eles foram criados”, avalia.

Ouça algumas baladas gospel

Expressaodolouvor-eu-vo by Camila Queiroz 1

Bandachamadefogo-chama-de-fogo by Camila Queiroz 1

Marciomorenoarrocha-ta-amarrado by Camila Queiroz 1

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