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Jornalista multimídia

- 11/06/2011

Evento “Ciclos de Jornalismo” discute os desafios desse novo perfil profissional no atual contexto das redações integradas

Por Joseanne Guedes e Rafael Brandão

Será essencial ao jornalista saber escrever para um jornal/revista e ao mesmo tempo fotografar, filmar, editar e colocar na rede? Como dar conta de todas essas funções sem prejudicar a qualidade final do produto? Afinal, quem é esse jornalista multimídia, multitarefa, polivalente?

Essa polivalência midiática foi o tema da segunda edição do “Ciclos de Jornalismo“, que reuniu professores, estudantes e profissionais do Jornalismo, em evento realizado no auditório da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA), no dia 27 de abril. Para debater o assunto, o ciclos contou com a presença dos jornalistas Giácomo Mancini (G1/Bahia), Daniel Senna (Agecom/Secom), Felipe Barbalho (então editor responsável pelo A Tarde Online), além da professora da Facom/UFBA, Suzana Barbosa, especialista em jornalismo digital.

Gerente de Jornalismo da Rede Bahia, Giácomo Mancini tratou da evolução do jornalismo a partir da dimensão tecnológica, apresentando equipamentos como o telex e o telefoto e se definiu como um dinossauro.  “O que era jurássico, ou se adaptou ou virou pedra. Eu tive que me adaptar ou ficaria de fora”, afirmou Giácomo, que atua como jornalista desde 1975. Para ele, a multimidialidade não implica em perda de qualidade da informação. “A palavra é capacitação, porque quem tem talento tem emprego em qualquer lugar”.

Já Daniel Senna, descrevendo as atividades que realiza como repórter na Agecom, agora denominada Secretaria de Comunicação Social do Governo do Estado da Bahia (Secom), explica que produz material para diversas mídias, como tv, rádio e internet. Para ele, isso possibilita a percepção das peculiaridades de cada meio, especialmente ao construir notícias diferentes sobre os mesmos fatos. Senna acredita que uma apuração bem feita potencializa a matéria para qualquer formato ou linguagem.

Segundo o então editor do A Tarde On Line, Felipe Barbalho, a média de corte agora é saber um pouco de tudo. Para ele, o jornalista que tem noção nas diversas mídias precisa ser valorizado. “Não concordo com a ideia de que se está cada vez mais multimídia e menos jornalista. Precisamos estar preparados para produzir um bom conteúdo e nos diferenciar em meio a esse carnaval de informação”.  Ele disse não concordar com a tese segundo a qual os ambientes virtuais têm deixado o conteúdo jornalístico mais superficial. A convergência de mídias que o novo ambiente proporciona traz consigo, segundo o jornalista, a capacidade singular e de expandir a profundidade dos temas abordados de uma maneira que as antigas mídias não podiam fazer.

Trazendo um tom mais reflexo para o evento, Suzana Barbosa discutiu conceitualmente o papel do jornalista multimídia e destacou a relevância, para o jornalismo, dos processos de convergência das mídias que o ambiente virtual tem proporcionado. Além disso, ela explicou como essa convergência é em geral algo ainda incipiente,  mostrando imagens de redações de grandes jornais no Brasil ou no mundo e comparando o grau de convergência encontrado em cada uma delas.

De acordo com Barbosa, a polivalência midiática possibilita maior controle sobre o conteúdo final. No entanto, a professora apresenta uma série de pontos negativos, como o pluriemprego, desvios de função, além do volume de trabalho que não corresponde ao salário oferecido. “Apesar dos desafios, o jornalismo feito e distribuído para várias plataformas ao mesmo tempo é uma realidade. A questão agora é pensar as formas que ele assumirá”.

O evento “Ciclos de Jornalismo” é uma atividade regular de extensão e é coordenado pela professora da Facom, Lia Seixas, e pela jornalista Iloma Sales, editora Mobi/A Tarde.

Veja a videorreportagem de Joseanne Guedes:

Ciclos: Jornalista Multimídia: Que profissional é esse?

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